Problematize a concepção de política econômica do governo de Juscelino Kubitschek a partir dos diários de Carolina Maria de Jesus, reunidos em “Quarto de Despejo”?

O “Quarto de Despejo” escrita por Carolina Maria de Jesus se baseou nos cenários políticos e sociais que o Brasil vivia nos tão glorificados anos dourados. Portanto, nos vemos que o trabalho de Carolina abrange os anos de 1955 a 1960, uma época também marcada pelo governo de Juscelino Kubitschek e os seus planos de promover um grande desenvolvimento estrutural no pais através dos seus planos de metas.

Assim, o plano ambicioso de JK para um crescimento econômico acelerado do pais ficou conhecido como “Cinquenta anos em cinco”. Esse lema do seu governo consistia de 31 metas onde sua atuação seriam em cinco setores crucias: transporte, energia, industrias de base, alimentação e educação. Ocorre se então, uma taxa de crescimento da produção industrial em torno de 80%. Logo, o governo de JK entrou na historia do pais por ter o maior crescimento e êxito econômico em uma gestão presidencial. Entretanto, ao mesmo tempo que houve um êxito nesse processo de industrialização, esse avanço acelerado não deixou de causar uma serie de problemas ao longo e curto prazo, uma vez que houve um aumento na emissão monetária que ocasionou um aumento na inflação. Portanto, Carolina vai expor que por mais que existia um lado que se beneficiava do desenvolvimentismo do JK, também gerou um lado negativo que deixou a população endividada por anos, causando miséria e desigualdade social.

Contudo, na obra de Carolina, ela mostra que tais propostas desenvolvidas pelo governo não beneficiavam a classe baixa de maneira positiva, ao contrario parecia se refletir na geração de mais desigualdade social. O slogan de JK, como mencionado anteriormente, teve uma grande atração da população por ter uma promessa de prosperidade e consequentemente provocou um grande deslocamento do campo a cidade, que teve um impacto negativo uma vez que causou um inchamento dos centros e uma urbanização desorganizada e desenfreada. Assim, a violência juntamente com a miséria começou a atingir milhares de pessoas naquela época, entre eles a Carolina e sua família.

Portanto, Carolina através dos seus diários quis narrar a verdadeira face do desenvolvimentismo que era tão vangloriado. Assim, ela desnuda as mazelas e necessidades do povo em meio de uma sociedade em evolução e progresso, e quebra a visão de uma industrialização que não estava em prol a todas as camadas sociais.