Quanto Vale ou é Por Quilo? “Pilantropias”
Por: Ana Cláudia Andrade • 19/8/2016 • Trabalho acadêmico • 386 Palavras (2 Páginas) • 169 Visualizações
“Pilantropias”
Direitos sociais, como “a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados” que consta na Constituição de 1988, no Título II, Capítulo II Artigo 6º, não são, muitas vezes, oferecidos pelo Estado. Assim sendo, instituições, muitas vezes particulares, vem “assumir” esses papeis para amenizar a situação, criando assim o Terceiro Setor.
O Terceiro Setor, conforme Teodósio (2002) aborda em seu texto “Pensar pelo avesso o Terceiro Setor: mitos, dilemas e perspectivas da ação social organizada nas políticas sociais”, citando Fernande (1994), é “aquilo que é público, porém privado ou então aquilo que é privado, porém é público”.
Trazendo uma definição mais simplista para o Terceiro Setor, Szazi (2004) aborda a ideia de que: “O primeiro setor é o governo, que é responsável pelas questões sociais. O segundo setor é o privado, responsável pelas questões individuais. Com a falência do Estado, o setor privado começou a ajudar nas questões sociais por meio de inúmeras instituições que compõem o chamado terceiro setor. Ou seja, o terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais que têm como objetivo gerar serviços de caráter público”.
Tomando como base essa definição, percebe-se um Estado ineficiente para resolver problemas sociais, logo, a ação social começa passa a ser associada a conceitos de mercado, como marketing e eficiência. Paralelamente a isso há uma tendência a desqualificar antigos campos de atuação social, como o campo das filantrópicas, que passam a ser consideradas “pilantrópicas”, ineficientes e não transparentes.
O filme “Quanto vale ou é por quilo?”, dirigido por Sérgio Bianchi, é uma crítica bem estruturada a isso. Ele faz uma denúncia direta a empresas/pessoas que usam ações sociais para se autopromover.
E não pense que isso é uma prática contemporânea. Apesar do termo “Terceiro Setor” ter se tornado “febre” recentemente, tanto no Brasil quanto em outros países, existem registos, como Teodósio (2002) expõe, de ações sociais da comunidade e das empresas já há muitas décadas, algumas inclusive aos séculos XVIII e XIX. E no filme eles tentam mostrar que desde a época da escravidão há essa solidariedade de fachada.
O filme apresenta duas épocas aparentemente distintas, mas no fundo, semelhantes na manutenção de uma perversa dinâmica socioeconômica, embalada pela corrupção impune, pela violência e pela divisão social.
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