RESENHA DO DOCUMENTÁRIO TEMPO DE RESISTÊNCIA
Por: Rayanne Cavalcante • 19/6/2018 • Resenha • 838 Palavras (4 Páginas) • 252 Visualizações
TEMPO de Resistência. Direção: André Ristum; Produção: Sombumbo Filmes, 2003.
O objetivo dessa resenha é refletir criticamente sobre a Ditadura Militar em um olhar proporcionado e parcialmente direcionado a partir da exploração do documentário Tempo de Resistência, de André Ristum. Ciente da impossibilidade de arcar com todas as questões e lacunas que nos deparamos diante de um conteúdo tão amplo e intrigante como o Golpe de 1964, tentaremos nos prender somente ao que é elucidado – contexto histórico da ditadura militar brasileira do ponto de vista dos integrantes dos grupos de resistência da época, que durante todo o tempo trazem seus depoimentos tornando quase que palpável, o embate dos militantes e militares na conjuntura do regime ditatorial.
O documentário inicia com a renúncia de Jânio Quadros em 1961, que era o atual presidente da república. O vice - presidente João Goulart, popularmente conhecido como Jango, assumiu o cargo após duas semanas de mobilização nacional contra uma tentativa de golpe de estado que já estava sendo especulado em meio à renúncia de Quadros. O governo de Goulart e suas propostas – principalmente as reformas de base – tornaram o seu mandato marcado por constantes movimentos e uma busca sem fim da classe dominante de destituí-lo. Em seus discursos, Jango carregava a sede de luta para transformar o Brasil em uma nação mais justa, o que não fazia e ainda não faz, parte do plano dos donos do capital, formado nessa época, em sua maioria, pelos militares.
Ora, a burguesia precisava parar Goulart! O avanço do povo representava uma ameaça para a direita conservadora, que para tirá-lo do poder se apossou da desculpa que os avanços sociais propostos por Jango eram na verdade uma implantação do comunismo no país. E assim, o golpe foi mascarado de revolução e ganhou aceitação da população. Com uma esquerda despreparada e sem resistência, os militares derrubaram o governo de João Goulart e assumiram o poder no dia 1º de Abril de 1964 e recuperaram a hegemonia burguesa extinguindo a democracia.
O período em que compreendeu a ditadura no Brasil, desde a posse de Castelo Branco no lugar de João Goulart, até o mandato de João Figueiredo que de todos foi o que esteve mais aberto ao dialogo, foram momentos de repressão, o povo não tinha voz e teve que aderir a política do ‘sim senhor’, onde pairava o autoritarismo ditatorial.
Os movimentos sindical e estudantil estão enfraquecidos, contidos pela repressão, emudecidos pela censura e ofuscados pela euforia econômica. Praticamente não há passeatas, comícios, agitação de rua nem greve. As forças de segurança, militares e policiais, com ampla liberdade de ação e, muitas vezes, com exageros típicos da arbitrariedade ditatorial, como prisões descabidas, torturas, seqüestros e mortes, combatem e vencem a esquerda armada (COUTO, 1999, p. 111).
Como visto, os movimentos de resistência eram reprimidos com bastante violência pelo governo, e, além disso, foram implementados diversas medidas como o Ato Institucional 5 (AI-5) e a Lei de Segurança Nacional para reforçar essa repressão. Alguns dos lideres da resistência que se levantaram durante esse período foram Carlos Marighella e Carlos Lamarca, eles exerceram um importante papel na luta armada contra o regime.
Difícil em meio ao documentário, antes mesmo de terminar, não vir à tona e tão fresco em nossa mente a atual conjuntura política do Brasil e sua semelhança com a Ditadura Militar. Impossível também não associar a importância que o Movimento Estudantil teve naquele período crítico de nossa história e a importância que ele deveria ter nos dias de hoje. Levo-nos a questionar se com um Movimento Estudantil de 2017 – “morto” e hoje não só estudante, como também parte da classe do proletariado – a ditadura militar teria sido superada.
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