Resenha Critica de Elefante Branco

Quanto Vale ou É por Quilo?

Tamiris Souza Santos

O objetivo deste trabalho é analisar o filme "Quanto Vale ou É por Quilo?" do diretor Sérgio Bianchi sobre a perspectiva da Psicologia Social onde podemos encontrar temas relacionados a matéria como por exemplo a Exclusão Social.

O filme de gênero drama, lançado em 2005 apresenta a seguinte sinopse, "Uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social, que forma uma solidariedade de fachada. No século XVII um capitão-do-mato captura um escrava fugitiva, que está grávida. Após entregá-la ao seu dono e receber sua recompensa, a escrava aborta o filho que espera. Nos dias atuais uma ONG implanta o projeto Informática na Periferia em uma comunidade carente. Arminda, que trabalha no projeto, descobre que os computadores comprados foram superfaturados e, por causa disto, precisa agora ser eliminada. Candinho, um jovem desempregado cuja esposa está grávida, torna-se matador de aluguel para conseguir dinheiro para sobreviver".

Quanto Vale ou É por Quilo ? é um filme que mostra claramente a intenção do diretor em apontar as similaridades existentes entre o Brasil colonial e o atual revelando ao telespectador como o nosso passado influência na construção do presente visualizando a questão social e a exclusão como uma herança histórica.

A Exclusão Social se caracterizou de uma maneira tão forte durante o período colonial que os seres humanos tratavam os seus semelhantes com indiferença passando a enxerga-los como meras mercadorias fonte de lucro. A principio o filme nos remete ao Brasil colonial onde vemos o roubo de um escravo da propriedade de uma senhora negra, personagem representada pela atriz Zezé Motta, que apesar de conter toda a documentação conferindo lhe a posse do escravo acaba sendo condenada

pela lei por pertubação da ordem, ofensa moral e racial contra o mandante do roubo que era um senhor branco. Nessa passagem do filme a senhora negra que tem seus "direitos" violados vem representando as pessoas que tentam sobreviver seguindo o sistema e que também acabam sendo punidas por ele.

Atualmente os brasileiros que se encontram em vulnerabilidade social sofrem com a miséria, a criminalidade, a corrupção e impunidades deixando se manipular pela falta de conhecimento ou de senso crítico estando em um constante mundo de conformismo e subalternidade, iludidos com essa falsa liberdade que o sistema capitalista nos traz. Uma cena que chamou minha atenção é a visão da favela que fica em preto e branco mostrando as pessoas que sem recursos para uma melhor qualidade de vida são excluídas dos centros das grandes cidades e incluídas perversamente em casinhas umas próximas as outras em morros, formando assim as favelas. É nesse ponto que o filme vem se desdobrando mostrando também como é realizada a exploração da miséria por algumas ONGs na qual empresários utilizam projetos assistenciais dentro de favelas para garantir seu próprio lucro. Vemos em uma das cena um projeto social mostrando um espaço de informática com computadores que foram superfaturados. A instituição que realizou tal projeto investe no marketing social no intuito de adquirir mais contribuidores sendo que as doações que deveriam trazer beneficios para a população carente são repassadas para a conta de uma senhora já de idade, sem seu conhecimento, utilizada como ponte para a corrupção.

No sistema de produção capitalista no qual vivemos, para que o individuo possa se "desvia" da situação de excluído econômico e socialmente deve ter boa qualificação profissional para a garantia do emprego desejado e do status social, porém , o sistema realiza a sua própria manutenção através da competitividade muitas vezes tida como injusta pelo fato do "filho"