Simples E Sustentáveis

Simples e Sustentáveis

Fezes de qualquer tipo de animal é algo que ninguém gosta de ter por perto, mas também se for apenas descartado vira um enorme problema, pois é altamente poluente, principalmente se o descarte for em cursos d’água. Uma forma de solução para isso são os biodigestores anaeróbicos, que podem transformar lixo orgânico em energia limpa.

As bactérias fazem parte de um grupo de microrganismos mais versáteis do planeta. Algumas são causadoras de doenças, outras são fundamentais para o desenvolvimento do intestino humano, outras participam da produção de bebidas e alimentos ferventados e outras podem fazer um “milagre” transformando fezes em energia barata, e ao mesmo tempo, colaborando para reduzir a poluição e o aquecimento global.

Essas bactérias realizadoras do “milagre” são chamadas de anaeróbias (que vivem na ausência de oxigênio) e elas são capazes de digerir os tais produtos desagradáveis, produzindo gás metano e fertilizantes naturais de boa qualidade.

Os biodigestores anaeróbicos que produzem o biogás são adaptáveis a diferentes circunstâncias, e isso fez com que eles passassem a ser valorizados em dois países de grandes territórios e enorme população rural: Índia e China. Outra vantagem é que ele pode ser usado para cozinhar em casas próximas aos locais de produção, o que evita o consumo de gás natural e de lenha, com a consequente redução do corte de árvores.

A Índia e a China são pioneiros e líderes mundiais no uso de biodigestores. O primeiro relato de um equipamento do gênero usado na Índia é da década de 1850. Na China, os primeiros biodigestores foram instalados em 1920.

Apesar da grande produção agropecuária, os Estados Unidos ainda dão pouca atenção aos biodigestores, especialmente os de pequeno porte. Um estudo de pesquisadores da Universidade de Maryland sugeriu que um programa de biodigestores permitiria ao país reduzir em 5% suas emissões anuais de metano e gastar 25% menos gás natural (consumo equivalente a 1 bilhão de barris de petróleo.

Existem diferenças de detalhe nas técnicas usadas que fazem com que um biodigestor seja classificado como “modelo chinês” e “modelo indiano”, e a mais importante é encontrada entre os biodigestores de fluxo contínuo e os de fluxo não contínuo, ou de batelada. O de operação contínua é abastecido diariamente com material orgânico e o de batelada é alimentado esporadicamente com maior quantidade de resíduos.

O equipamento consiste de uma caixa de entrada para receber os resíduos diluídos em água; em seguida, o material vai para uma câmara onde inicialmente sofre fermentação que converte açúcares em ácido acético. Depois que todo o oxigênio foi usado, em ambiente completamente anaeróbio, as bactérias sobreviventes, que dispensam oxigênio, passam a produzir gás metano. A biomassa restante vira biofertilizante.

Esquema do funcionamento de um biodigestor