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A Síndrome da Ardência Bucal e os Antidepressivos como Alternativa Terapêutica

Por:   •  12/10/2016  •  Artigo  •  1.211 Palavras (5 Páginas)  •  572 Visualizações

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A Síndrome da Ardência Bucal e os antidepressivos como alternativa terapêutica

Resumo: A Lei nº 5.081/1966, art. 6º, II, dispõe que “compete ao cirurgião-dentista prescrever e aplicar especialidades farmacêuticas de uso interno e externo, indicadas em Odontologia”. Tal determinação não define de forma explícita quais os medicamentos são ou não permitidos no âmbito odontológico, portanto, a prescrição de antidepressivos é cabível sempre que atender às necessidades das terapias orofaciais, desde que observadas as possíveis reações decorrentes de interações medicamentosas entre o antidepressivo cabível e fármacos já utilizados pelo paciente – observações que devem ser feitas a partir de detalhada anamnese. Das situações em odontologia para o uso de combatentes de depressão, tratar-se-á, nesse estudo, da Síndrome de Ardência Bucal, patologia orofacial não odontogênica, multifatorial, muitas vezes idiopática e que tem respondido positivamente à terapia a partir de fármacos antidepressivos.

Palavras-chave: Síndrome da Ardência Bucal; antidepressivos; fatores psicogênicos; tratamento odontológico e multidisciplinar.

Introdução

O uso de fármacos de utilização contínua – em especial, os antidepressivos –, cresceu consideravelmente nos últimos anos. Segundo a IMS Health do Brasil, empresa responsável pela auditoria no mercado de medicamentos, enquanto em 2011 foram vendidas 38,94 milhões de caixas de remédios antidepressivos e estabilizadores; entre 2014 e 2015 foram vendidas 53,3 milhões dessas caixas. Entretanto, diferentemente do que possa parecer a priori, a prescrição de psicofármacos não se restringe apenas à terapia diretamente psiquiátrica, vez que, com o avanço dos estudos farmacológicos, antidepressivos têm sido cada vez mais eficazes em terapias de recuperação de condições orofaciais. Buscando exemplificar o supra exposto sobre antidepressivos na seara odontológica, o presente trabalho tratará de uma complexa situação patológica causadora de dores orofaciais não odontogênicas em que o uso desses medicamentos é aplicável, a Síndrome da Ardência Bucal.

Síndrome da Ardência Bucal

A Síndrome da ardência bucal (SAB) é uma patologia multíplice, que se manifesta, segundo a Associação Internacional de Estudos da Dor, a partir de uma sensação constante de ardor na mucosa bucal, embora a situação clínica da cavidade bucal permaneça sem alterações anômalas (MONTANDON, Andreia, 2011, p. 60). Tal disfunção é considerada síndrome, vez que se expressa por sintomas simultâneos subjetivos. São algumas das manifestações secundárias da SAB: xerostomia, paladar alterado, sede, sensação de queimação na língua e também nos lábios (OLIVEIRA, Gabriella et al., 2013, p. 21). Haja vista a variação de sintomas ocasionados por tal patologia, essa é conhecida por denominações distintas, de acordo com sua localização, extensão e local de manifestação; dentre as nomenclaturas, a SAB é tratada por: disestesia bucal; glossodinia, glossopirose; estomatodinia; estomatopirose; ardência bucal e língua ardente (LAMEY, Lewis, 1989 apud SOUZA, Andréia, 2013, p. 15).

Pessoas acometidas pela SAB sentem fisicamente os sintomas, todavia, alterações clínicas não são detectadas. Por esse motivo, a relação entre a etiologia dessa síndrome e questões psíquicas, como ansiedade e depressão, têm sido foco de debates. Ademais, sendo uma patologia comumente idiopática e que se manifesta por reações diversas, pesquisadores se debruçam sobre fatores locais, sistêmicos e psicológicos para encontrar possíveis causas para a SAB (LOPEZ et al. apud SOUZA, Andréia, 2013, p. 15).

Segundo Andreia de Cássia D. A. Souza, 2013, especialista em atenção básica em saúde da família pela Universidade Federal de Minas Gerais:

Muitos profissionais da área de saúde acreditam que as emoções desempenham um importante papel na maioria das doenças e que, na SAB, quando fatores locais ou sistêmicos não podem ser responsabilizados por essa queixa, fatores psicogênicos, como ansiedade e depressão, podem ser os responsáveis pela sintomatologia (LAURIA et al., 2004). Quadros psicológicos compatíveis com pacientes com dor crônica, como a depressão e a ansiedade, não são incomuns em casos de ardência bucal (BOGETTO et al., 1988).

Pessoas portadoras da SAB, de acordo com Veloso e Cutrim, 2000, apud Souza, 2013, apresentam características como ansiedade, desconfiança, preocupação, isolamento social, funções corporais e emocionais fragilizadas, tensão muscular, voz monótona, palpitações, indigestão, e estão passando ou já passaram por situações de estresse. A maior ocorrência da síndrome se dá em pessoas entre 55 e 60 anos, principalmente mulheres na pós-menopausa.

Como a SAB se manifesta de várias formas e em diferentes intensidades, antes que seja definida a forma terapêutica a ser utilizada contra essa síndrome, deve-se delimitar detalhadamente os incômodos sentidos por seu portador. Em algumas circunstâncias, o tratamento deve ser multidisciplinar, em uma terapia conjunta contra transtornos locais, sistêmicos e neuropáticos (GLEBER NETTO, Frederico et al., 2010, p. 422). Como apresentado, a SAB é uma patologia multifatorial, e está muitíssimo ligada a questões psicogênicas. Por esse motivo, pesquisadores da seara odontológica têm apresentado, cada vez mais, antidepressivos como método terapêutico eficaz para a cura da SAB. Segundo Frederico Gleber Netto et al., 2010,

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