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CONCEITOS DE ESPÉCIE E ESPECIAÇÃO

Por:   •  24/9/2018  •  Seminário  •  3.718 Palavras (15 Páginas)  •  303 Visualizações

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9. CONCEITOS DE ESPÉCIE E ESPECIAÇÃO

No conceito tipológico, espécie foi definida como um conjunto de organismos mais ou menos similares em sua aparência, sendo a semelhança medida em relação a uma forma padrão (ou “tipo”) da espécie. Uma espécie contém, então, alguns indivíduos do tipo padrão e outros indivíduos que se desviam desse tipo. Os indivíduos-tipo são conceitualmente privilegiados, enquanto os que se desviam desse padrão apresentam algum tipo de erro.

O conceito de espécie como um tipo, mais os que se desviam dele era inapropriado na teoria da genética de populações. As alterações das frequências gênicas analisadas pelos geneticistas de populações acontecem dentro de um conjunto gênico- isto é, um grupo de organismos que se acasalam entre si e trocam genes quando se reproduzem. A unidade fundamental é agora o conjunto de formas que se intercruzam, independentemente de quão similares elas são entre si. A ideia de um “tipo” para uma espécie fica sem sentido em um conjunto gênico contendo muitos genótipos. Um genótipo especifico não pode mais representar a forma padrão para a espécie pois ele tem a mesma relevância do que qualquer outro genótipo. Um conjunto gênico não contém um ou poucos genótipos que representam a forma padrão para a espécie, com os outros genótipos sendo aqueles que se desviam do “tipo”. Não existe uma forma “tipo” que possa ser usada como um ponto de referencia para a definição da espécie. Por isso, os geneticistas de populações acabaram por definir os membros de uma espécie pela capacidade de que eles têm de se intercruzarem, e não pela similaridade morfológica apresentada com uma forma tipo. A síntese moderna chegou à sistemática.

A especiação é o processo pelo qual surgem novas espécies. Com relação ao conceito de espécie biológica, a especiação surge com a evolução do mecanismo de isolamento reprodutivo que impedem a troca de genes entre indivíduos de uma população. O principal evento da especiação é divisão das populações em duas ou mais subpopulações que tornam-se geograficamente separadas, para que possam evoluírem independentemente, ou seja, barreiras geográfica mantém as subpopulações separadas a fim de acumularem suas próprias alterações alélicas ao longo dos tempos. E se estas populações novamente forem reunidas devido ao desparecimento de barreiras geográficas, as mudanças genéticas que acumularam impossibilitam o cruzamento entre elas tornando-as isoladamente reprodutivas. Existem três tipos básicos de especiação, de acordo com os aspectos geográficos, especiação alopátrica, simpátria e parapátrica. A especiação alopátrica ocorre quando os indivíduos de uma população estão separados por uma barreira geográfica. Esta barreira pode ser um deserto, uma montanha ou uma floresta que possibilitará uma separação espacial (alopátrica), neste caso, diz-se que houve um isolamento geográfico. Essas populações separadas sofrem diferentes pressões de seleção e com o passar do tempo fazem com que ocorra divergência genética impossibilitando o cruzamento entre elas. Muitos consideram este tipo de especiação o modelo mais importante. O efeito fundador é um caso especial de especiação alopátrica, onde uma pequena parte da população migra para outro local, fora do local de origem, fazendo com que os processos evolutivos atuem maneira diferente em cada grupo. Como as subpopulações são formadas por um pequeno número de indivíduos, esta tende a ser extinta com facilidade, entretanto, pode ser bem sucedida levando a uma rápida especiação, em virtude, principalmente, da deriva genética e da seleção natural. Uma evidência de especiação alopátrica pode ser observada nas ilhas, onde espécies se diferenciam em aparência e ecologia. Como exemplo, tem o caso dos tentilhões observados por Darwin na sua viagem as Ilhas Galápagos que se diferenciavam principalmente para a forma do bico adaptadas ao tipo de alimentação das espécies.  Por outro lado, a especiação simpátrica é aquele que ocorre sem que haja uma barreira geográfica. Neste caso, as espécies vivem em uma mesma área, mas não realizam cruzamento entre as populações.Este tipo de especiação é bastante rara. Como exemplo, cita-se a mosca das maças. Há mais de duzentos anos, os ancestrais das moscas da maça colocavam seus ovos em espinheiros, hoje sabe-se que elas colocam também em macieiras domesticas. As fêmeas geralmente escolhem os frutos que cresceram para coloca seus ovos e os machos procuram por estes frutos para acasalarem. Dessa forma, as moscas que depositam seus ovos em espinheiros tendem a acasalarem com moscas de espinheiros e as moscas que colocam seus ovos em maças acasalam com moscas das maças. Com isso, o fluxo gênico entre as moscas que possuem dois locais paradepositarem seus ovos é reduzido. A mudança de hospedeiro desta mosca (espinheiros e macieiras) foi o primeiro passo para que a especiação simpátrica ocorresse. Acredita-se que especiação simpátrica foi responsável pela grande quantidade de espécie de peixe ciclídeos encontradas no lago africano Victoria. Alguns cientistas afirmam que o lago foi colonizado por apenas uma espécie ancestral. Existe ainda a especiação parapátrica que ocorre quando indivíduos de uma população se diferenciam e ocupam uma área contiguas, mas ecologicamente distinta. Esta área é chamada de zona híbrida e acaba se tornando uma barreira para o fluxo gênico entre as espécies que estão sendo formadas. Como exemplo, tem-se o caso de uma espécie de grama, Anthoxanthum, estas plantas se desenvolvem próximo as minas, onde o solo é contaminado por metais pesados. Estas plantas passam pelo processo de seleção natural onde são selecionados genótipos tolerantes a estes metais. Entretanto, as plantas vizinhas, mas que não vivem em solos contaminados não passou por este processo de seleção natural. Os dois tipos de plantas estão muito próxima o suficiente para que haja o intercruzamento entre elas, no entanto, elas evoluíram para diferentes épocas de floração, impedindo assim a troca de alelos entre elas.

Pensamento tipológico x populacional

• Nomes baseados na aparência x nomes baseados nos processos de compartilhamento

de genes:

– Conceito Fenético de espécies

– Conceito Biológico de espécies

Espécies Biológicas - Um grupo de populações naturais intercruzantes que acasalam e reproduzem entre si, e que está isolado reprodutivamente de outros grupos.

Espécies Coesas - O menor grupo de indivíduos que compartilham mecanismos intrínsecos coesivos (ex: habilidade de intercruzamento, nicho etc)

Espécies Ecológicas - Uma linhagem que ocupa uma zona adaptativa diferente daquela de outras linhagens na sua área de distribuição e que evolui separadamente de todas as linhagens fora desta distribuição.

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