Levantamento parasitológico e sorológico de leishmaniose em cães da unidade de controle de zoonoses (UCZ) de Guaraí-TO
Por: fabibiomedica • 30/4/2019 • Artigo • 3.252 Palavras (14 Páginas) • 298 Visualizações
Levantamento parasitológico e sorológico de leishmaniose em cães da unidade de controle de zoonoses (UCZ) de Guaraí-TO
Fabiana Teodoro Gomes1, Thainara Anjos Barros1, Aluísio Vasconcelos de
Carvalho2
RESUMO
Os cães são atingidos por diversos patógenos transmitidos o que pode acarretar em testes falso-positivo quando existe reação cruzada. Para identificar essas reações foi realizado um levantamento parasitológico e sorológico de Leishmaniose em cães da Unidade de Controle de Zoonoses (UCZ) de Guaraí-TO, em 10 amostras de sangue periférico, linfa através de punção aspirativa nos linfonodos do membro posterior esquerdo e punção aspirativa por medula óssea no esterno. Adicionalmente foi realizado teste imunocromatográfico (DPP® LVC Bio-Manguinhos/FIOCRUZ), e confirmados com pesquisa de parasitos através de exame parasitológico direto. Embora todos se apresentaram positivos no teste rápido, o resultado se comprovaram significativamente nas amostras examinadas no parasitológico apresentando prevalência de 100% para Leishmania, 60% para Babesia e 30% para Ehrlichia. O teste rápido (DPP®) mostrou-se eficiente no presente estudo, sendo que em todos os animais positivos foram confirmados no exame parasitológico.
Palavras-chave: Cães. Leishmania spp. Babesia spp. Ehrliquia spp. parasitológico direto.
INTRODUÇÃO
As leishmanioses são patologias lesivas alastrando 98 países do mundo acarretado por distintos protozoários da família Trypanosomatidae, gênero Leishmania (1,2). É uma parasitose com ciclo biológico heteroxênico envolvendo diversos hospedeiros no processo: os flebotomíneos e mamíferos (3,4).
A infecção da Leishmania Chagasi, apontada como principal agente etiológico da Leishmaniose Visceral-LV se dá pelo repasto sanguíneo que ocorre através da picada da fêmea de insetos dípteros da família Psychodidae, tendo como o principal vetor Lutzomya longipalpis (5) e o cão (Canis familiaris) como reservatório nos espaços urbanos (6).
A doença tem um histórico longo sendo diagnosticada a princípio na Grécia em 1835 e em 1869 na Índia recebeu o nome de Kala-Zar que ficou assim conhecida mundialmente. Apenas em 1913 foi apontado no Paraguai o primeiro caso aborígene do Brasil. Acredita-se que possivelmente a LV tenha chegado ao Brasil através de cães infectados trazidos da Europa. Desde então foi descritos muitos casos da doença, como os diagnosticados em 1934 por Henrique Penna que durante um estudo epidemiológico de febre amarela detectou 41 casos de Leishmaniose Visceral- LV encontrados em oito Estados brasileiros (7). Após 20 anos, registrou em Sobral-CE o primeiro surto da doença (8).
A LVC (Leishmaniose Visceral Canina) primordialmente era considerada uma zoonose distinguida como uma patologia de temperamento silvestre ou rural, porém surge se estendendo para áreas urbanas. Nos tempos atuais é considerada uma enfermidade endêmica (9). Pastorino et al., (2) afirma que o Brasil é responsável por aproximadamente 97% dos casos notificados no continente americano. Em razão da urbanização e da estrutura básica e sanitária deficiente nota-se uma disseminação da doença no Estado do Tocantins, sendo registrado em 2015 casos autóctones no município de Araguaína e em seguida no município de Palmas (9,10).
A LVC tem implicações assoladoras, mesmo com o crescimento de ocorrência da doença e com alto índice de morbilidade e mortalidade, ainda não existe uma forma eficaz para o controle da doença (11). O cão infectado pela LVC pode não apresentar sintomas, segundo Assis et al., (12) desenvolve uma adequada resposta imune celular, tornando resistentes à doença; enquanto outros apresentam manifestações clínicas de formas inespecíficas e diversas, incluindo a perda de peso e pêlos, lesões na pele, perda de apetite, anemia, lesões renais e hepáticas, podendo ocorrer ainda unhas quebradiças, atrofia muscular, febre intermitente, podem apresentar também poliartrite, polidipsia, glomerulonefrite e lesões oculares (12,13).
Devido a variedade de sintomas comuns a outras doenças, a LVC é de difícil diagnóstico clínico, os animais podem não apresentar sintomas ou aparecer somente após meses da contaminação, por esse motivo exames como hemograma e outros são inespecíficos para a doença, e podem apresentar alterações que não são fidedignos a patogenia. Com base nisso acredita-se que os exames parasitológicos, sorológicos e moleculares são os mais indicados para o diagnóstico (14).
É crucial que exista um diagnóstico específico e sensível para a LVC, Silva (15) afirma que o diagnóstico clínico é precário e de grande complexibilidade. Diante do exposto, é perceptível que assim como em outros locais no Brasil, necessita de um estudo sobre a incidência de casos de leishmaniose visceral canina na região de Guaraí-TO, o efetivo diagnóstico da doença e ainda se as medidas de prevenção, controle e tratamento estão sendo aplicadas corretamente.
Segundo Silva (15) normalmente a LVC antecede a doença humana. Diante de tanto necessita-se de atenção especial para que os casos da doença sejam diagnosticados precocemente, além de realizar o controle dos animais acometidos e o controle do vetor.
O objetivo deste artigo é realizar um levantamento de casos confirmados de LVC registrados na Unidade de Controle de Zoonoses (UCZ) do município de Guaraí-TO avaliando os métodos diagnósticos da doença e sua efetividade pelo parasitológico direto e teste imunocromatográfico.
METODOLOGIA
Foram selecionados, aleatoriamente, 10 cães na Unidade de Controle de Zoonoses do município de Guaraí situado na Mesorregião Ocidental do Tocantins e Microrregião de Miracema do Tocantins (figura 1) com coordenadas geográficas 08º50’03”S e 48º30’37”O e altitude de 259m, sede da 6ª Região Administrativa do Estado (16).
Figura 1. Mapa de Guaraí.
[pic 1]
Fonte: os autores.
Os animais amostrados eram Sem Raça Definida (SRD), possuía idades diferenciadas entre os indivíduos. A metodologia baseou-se em duas etapas:
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