AS CONSIDERAÇÕES PARA UMA HISTÓRIA DO LAZER NO BRASIL
Por: ChristopherKS • 10/12/2017 • Trabalho acadêmico • 573 Palavras (3 Páginas) • 571 Visualizações
CAPÍTULO 3: CONSIDERAÇÕES PARA UMA HISTÓRIA DO LAZER NO BRASIL
Dr: Ademir Gebara
Gebara inicia o texto apresentando-nos grandes escritores de obras relacionadas ao lazer e ao jogo. Dentre eles estão Huizinga, autor do clássico Homo Ludens e Pronovost, que nos apresenta as origens do lazer moderno. Para entender o lazer de hoje é preciso voltar no tempo e compreender o trabalho dos antepassados e quando eles separaram o trabalho do tempo de lazer.
A revolução Industrial alterou a forma como víamos o tempo. Segundo Marx, ela disciplinou o ritmo de trabalho, passando a ser controlado pela máquina. Esse equipamento agora não necessitava mais da propulsão humana para funcionar. Antes da Revolução Industrial, o ritmo de trabalho era controlado pelo próprio homem, que usava instrumentos, muitas vezes fabricados por ele mesmo, para facilitar o serviço, mas mesmo assim tendo que dispor a força muscular como combustível dessas ferramentas. Com essas mudanças, as empresas passaram a produzir mais, ou seja, o ser humano passou a ter um período produtivo e outro não-produtivo.
Durante a Revolução Industrial, o relógio torna-se um instrumento essencial para qualquer pessoa, pois permitiu a universalização do tempo. O tempo de trabalho, o funcionamento das máquinas, o período de descanso, tudo isso foi controlado minuciosamente, deixando de lado seu antecessor, o ritmo da natureza. Mas o real autor dessa mudança não foi a revolução industrial, e sim algo desencadeado ainda mais por ela, o capitalismo.
Marx separa o tempo de trabalho e de não-trabalho. A diferença entre esses dois é: no período de trabalho usamos nosso tempo para adquirir riqueza, e no tempo de não-trabalho usamos a riqueza para fazermos coisas que gostamos. Ele usa como exemplo um indivíduo que foi assistir à um jogo de basquete. Esse espectador está usando seu dinheiro que ganhou trabalhando para o seu lazer, o qual é ir ver os atletas que estão no período de trabalho. Com isso, foi criado a frase “tempo é dinheiro”.
Além do microtempo, o relógio, temos o macrotempo, que é regulado pelo calendário. O microtempo controla nosso dia a dia e pode ser tanto coletivo como individual. Já o macrotempo é algo totalmente social, detentor de poder. Seu poder está localizado em organizar a vida pública cotidiana. Ele nos estabelece as datas de eventos, férias, eleições, etc.
Toda essa mecanização no trabalho do ser humano também reflete no esporte. Atualmente os atletas têm treinos através de muitos equipamentos diferentes, os quais melhoram sua condição física, técnica e tática. Esses instrumentos proporcionam ao competidor ter uma qualidade melhor, onde seja explorado ao máximo suas capacidades. Aqui vemos algo muito semelhante entre um trabalhador de uma indústria, por exemplo, e um atleta, os dois trabalham em um ritmo não natural, mas sim mecânico, o qual visa a melhor produtividade de ambos.
Em contrapartida ao tempo de produzir, temos o tempo disponível. A partir disso, começou a se criar um mercado para “preencher” o tempo ocioso das pessoas. A empresa televisiva é um exemplo de sucesso nesse meio. Ela nos apresenta uma gama de escolhas no nosso tempo livre, podendo ser um filme, uma partida de futebol, novela, programas de auditórios, entre muitos outros. Mas o tempo em que a televisão era somente uma vendedora desse conteúdo já passou, pois hoje em dia é ela que dita o calendário dos jogos.
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