Variabilidade da Frequência Cardíaca em Homens Obesos e não Obesos Durante Repouso e Exercício Físico
Por: Tony Nômade • 13/8/2023 • Artigo • 6.129 Palavras (25 Páginas) • 79 Visualizações
VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM HOMENS OBESOS E NÃO OBESOS DURANTE REPOUSO E EXERCÍCIO FÍSICO
ANTONIO CESAR CARDOSO, ADEMAR PINEZI JÚNIOR, FERNANDO CAMPOS, CASSIANE LUI, LUCINAR J. FORNER FLORES (ORIENTADOR)
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal Cândido Rondon, Paraná, Brasil
tonyosurfer@hotmail.com e lucinar.flores@unioeste.br
Introdução
Na sociedade moderna, ocorreram significativos avanços tecnológicos, os quais tornam parte do cotidiano das pessoas, tecnologias como a internet, computadores com grande capacidade e cada vez mais portáteis, além de telefones celulares que facilitam diversas funções diárias, tornando possível a resolução de grande parte das situações do cotidiano sem grandes necessidades de atividades físicas (MENDES e CUNHA, 2013).
A prevalência da obesidade tem crescido rapidamente e representa um dos principais desafios de saúde pública neste início de século. Segundo a OMS, a obesidade é definida como um acúmulo de gordura anormal que pode prejudicar a saúde (NISSEN, 2012).
O comportamento dos padrões de atividade física da população é pouco conhecido em relação aos determinantes do equilíbrio energético. No Brasil, entre outros fatores, a expansão do setor de serviços, com a predominância de ocupações que demandam baixo gasto energético, sugere que o desenvolvimento e a modernização do país associam-se a alterações significantes e negativas na atividade física, sendo estas relevantes para explicar a ascensão da obesidade (OLIVEIRA et al, 1996).
A obesidade é fator de risco para várias doenças, em particular as cardiovasculares e metabólicas, como hipertensão, dislipidemia, infarto agudo do miocárdio e diabetes tipo II, além de diversos tipos de câncer em cólon, mama, rins, vesícula biliar e endométrio (PAPPAS, 2010).
Os fatores de riscos cardiovasculares como, excesso de massa de gordura corporal, hiperglicemia, hipersinsulinemia, pressão arterial e dislipidemias estão fortemente associados com a redução da Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) (Kimura, 2006).
Nas últimas décadas, os resultados obtidos pela análise indireta da modulação autonômica cardíaca, por meio da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), têm se associado diretamente ao prognóstico cardiovascular (KOTECHA, 2012).
A VFC inicialmente foi usada para análise não invasiva de parâmetros autonômicos em indivíduos pós-infarto. Porém ganhou importância em estudos envolvendo indivíduos com doenças crônicas não transmissíveis (TAMBURUS et al, 2010).
A VFC se caracteriza como um meio prático e não invasivo de avaliação do controle neural do coração e suas alterações estão associadas a diversas patologias cardiovasculares, o que comprova sua eficácia como ferramenta de diagnóstico e prognóstico, sendo a VFC de repouso um marcador do controle cardíaco vagal parassimpático. O sistema nervoso parassimpático diminui a FC, levando o coração a um estado de repouso, deste modo facilitando a recuperação de energia. Normalmente em equilíbrio dinâmico com o sistema nervoso simpático, responsável pela mobilização do uso de energia do coração em resposta a desafios e estímulos externos. Juntos, estes dois sistemas formam os dois ramos do sistema nervoso autônomo (SNA) (MICHAEL et al, 2013).
Nas últimas décadas, ocorreu o reconhecimento de uma relação importante entre o sistema nervoso autônomo (SNA) e a mortalidade devido a problemas cardiovasculares e morte súbita (TASK FORCE HRV, 1996). Evidências levam a crer em uma associação entre arritmias letais e aumento da atividade simpática ou redução da atividade vagal. Isto tem estimulado a busca por métodos quantitativos de biomarcadores da atividade autonômica (TASK FORCE HRV, 1996). É importante ressaltar o efeito da obesidade na VFC; baixos índices de VFC aumentam significativamente o risco de mortalidade cardiovascular, e devido ao fato da VFC ser um indicador específico do sistema de controle autônomo do coração, ela se encontra entre os meios mais efetivos para avaliar os efeitos da obesidade em relação às doenças cardiovasculares, devido à sua praticidade e facilidade na reprodução laboratorial dos dados obtidos (KIM et al, 2005).
Objetivo
Comparar a variabilidade da frequência cardíaca em indivíduos normais/não obesos em relação a indivíduos com sobrepeso/obesos nas situações de repouso e exercício físico.
Materiais e métodos
Participaram aleatoriamente 32 sujeitos, homens, com idade variando entre 18 e 45 anos. O Grupo 1 composto por 16 indivíduos não obesos (através do trabalho de Fernandes, (2013)), e o Grupo 2 por 16 indivíduos obesos/sobrepeso (IMC acima de 25 kg/m²). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIOESTE sob número de número do parecer 1.182.863 e número de CAAE: 45737714.5.0000.0107.
Foram avaliadas variáveis antropométricas como: massa corporal, no qual foi utilizada uma balança digital (marca Toledo®, modelo 2096 PP, São Paulo, Brasil), com precisão de 0,1 kg e para a estatura foi utilizado um estadiômetro (marca Sanny®, modelo Standard, São Bernardo do Campo, Brasil) fixado à parede, com escalas de 0,1 cm conforme (GORDON, et al., 1988). Após a coleta destes dois dados, foi realizado o calculo do Índice de Massa Corporal (IMC)= massa corporal/ estatura2. Além disto, foi realizado o cálculo da densidade corporal, utilizando-se o método de espessura de dobras cutâneas, com um compasso da marca Cescorf® (pressão constante de 10.g.mm2), de acordo com os procedimentos e a equação proposta por JACKSON e POLLOCK (1978) e posteriormente o cálculo do percentual de gordura corporal (%GORD) foi determinado através da utilização da equação de Siri (1961), expressa por: Percentual de gordura corporal = [(4,95 / Densidade corporal)] – 4,5] x 100.
Para as variáveis frequência cardíaca, e variabilidade da frequência cardíaca, foram utilizados dois frequencímetros da marca Polar® modelo RS800 CX configurados para captar o sinal a cada batimento (intervalo r-r) com uma frequência de amostragem de 500 HZ e uma resolução temporal de 1ms (RUHA et al. 1997) que já foram validados previamente contra eletrocardiografia padrão por Holter (LOIMAALA et al., 1999). Os dados coletados foram transferidos através de sinal infra-vermelho ao computador. Posteriormente foram analisados e tabelados através do programa Polar Pro Trainer® e Excel® for Windows® para todas as situações estipuladas por este estudo.
...