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A Enfermagem do Trabalho

Por:   •  20/11/2018  •  Monografia  •  12.950 Palavras (52 Páginas)  •  295 Visualizações

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  1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Segundo os estudos de Lilja (1998), durante as últimas décadas, a prevalência das doenças alérgicas tem aumentado, especialmente nos países mais industrializados do mundo. As razões para o aumento da morbidade das doenças alérgicas são ainda desconhecidas, mas fatores hereditários e ambientais são reconhecidamente importantes, e o nível de exposição aos alérgenos é um dos fatores de risco para o desenvolvimento da sensibilização, entre outros.

A alergia ao látex é um problema multicausal que vem crescendo. O seu aparecimento enquadra-se perfeitamente nas alterações do meio ambiente hospitalar ocorridas nos últimos 20 anos. É, pois, um exemplo de como o ambiente e a ecologia, seja ela hospitalar ou comunitária, profissional ou doméstica, são também áreas da imunoalergologia, para uma melhor compreensão da doença alérgica.

De acordo com Carrer (2001), no ambiente interno de trabalho, o aumento da morbidade das doenças alérgicas pode estar relacionado ao aumento da exposição alergênica. As luvas de látex para procedimentos e estéreis, devem ser trocadas após cada paciente.

Usar a mesma luva para atender vários pacientes não é recomendado. O uso contínuo de luvas acaba por criar o desenvolvimento da sensibilidade entre os profissionais, sem mencionar o ambiente propício que é gerado para proliferação de microorganismos sob o látex (GONÇALVES, 2002).

Bernstein (1997) define que o desenvolvimento e a introdução de novos processos ou produtos nos locais de trabalho têm exercido influência na relação entre risco e desenvolvimento de saúde ou doença. Além disso, esta relação executada sob determinadas condições, tem levado ao aumento da exposição ocupacional, resultando em acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais. No ambiente hospitalar, as doenças ocupacionais como a asma, rinite e dermatoses são consideradas decorrentes da exposição a estas fontes de alérgenos.

As doenças alérgicas cutâneas ou respiratórias têm sido consideradas como um dos principais problemas ocupacionais entre os trabalhadores da área da saúde, onde a principal fonte de exposição alergênica tem sido o uso de luvas de látex com pó e a sensibilidade causada pela presença de proteínas hidrossolúveis.

Cerri & Silva (1995), mencionam que normalmente as luvas são apresentadas no mercado já com talco para facilitar sua colocação.

Para os alérgicos isso é um problema, mas existem as luvas sem talco com baixo índice de proteínas em sua composição. Até o final da década de 80, o uso de luvas de látex era considerado sem importância, mas atualmente, vem-se revelando como sensibilizador alérgico importante, principalmente no ambiente hospitalar. (DIDÁRIO Jr., 1999)

O interesse por esta pesquisa surgiu do fato de que inúmeros profissionais estão expostos à desinformação sobre o assunto, sendo este, um dos fatores desencadeadores das questões apresentadas neste trabalho.

Atualmente, o uso de luvas é indispensável na prática de cuidados à saúde e tem importância fundamental na diminuição do risco de exposição ocupacional por contato aos patógenos transmitidos pelo sangue e fluídos corporais, por conferir proteção de barreira. As luvas de látex, tanto cirúrgicas como de procedimentos, têm demonstrado eficiência na prevenção da transmissão de doenças infecciosas nos trabalhadores da área da saúde. Desta forma são indispensáveis para o trabalho diário, devendo oferecer conforto, barreira e propriedades táteis.

Trago como questão norteadora:

Porque a prevalência de alergia ao látex entre os profissionais de saúde continua a crescer?

Sendo assim, o objeto do presente estudo é a sensibilidade cutânea ao uso de luvas.

Tem como objetivo analisar as razões pelas quais se elevam os índices entre profissionais sensibilizados ao uso de luvas.

Justifica-se a relevância deste estudo pela necessidade de alertar os profissionais atuantes na área de saúde, quanto à prevalência da alergia ao uso de luvas constituídas de látex, que vem surgindo imperceptivelmente ao longo dos anos.

Por isso, e por todos os outros fatores descritos nesta pesquisa, é que se faz necessário a existência deste trabalho, fazer entender que é de primordial importância o estudo e a notificação não só do foco deste estudo, mas de todas e quaisquer patologias encontradas em seu setor, independente da prevalência que esta apresenta.

O enfermeiro possui um papel fundamental neste trabalho atuando como promotor da conscientização de sua equipe, para que todo acidente seja informado à supervisão, providenciando o mais depressa possível, de forma coerciva, medidas de proteção.

  1. REVISÃO DE LITERATURA
  1. Uma Breve Visão Histórica da Área Saúde do Trabalhador

Desde a Antigüidade greco-romana, o trabalho já era visto como um fator gerador e modificador das condições de viver, adoecer e morrer dos homens. Trabalhos de Hipócrates, Plínio, Galeno e outros chamavam a atenção para a importância do ambiente, do tipo de trabalho e da posição social como fatores determinantes na produção de doenças. Com a realidade social de tais épocas, em que nações escravizavam outras nações subjugadas em guerra, esses relatos dificilmente teriam o cunho de denúncia social.

De Re Metallica, obra de Georg Bauer, faz referência a doenças pulmonares em mineiros, com descrição interessante de sintomas que hoje atribuímos à silicose, e que Agrícola denominou asma dos mineiros (AGRÍCOLA, 1965). Paracelso (1557), descreve também doenças de mineiros da região da Boêmia e a intoxicação pelo mercúrio.

E em 1700, surge a extraordinária obra de Bernardino Ramazzini, médico que atuava na região de Modena na Itália, e, com uma visão clínica impressionante para aquela época onde não existiam recursos propedêuticos maiores, descreve doenças que ocorriam em mais de cinqüenta profissões. Em seu livro De Morbis Artificum Diatriba pode-se encontrar, além da agudeza das observações, uma sutil crítica de costumes. Em função da importância de seu trabalho, recebeu da posteridade o título de pai da Medicina do Trabalho.

Ramazzini, antecipando alguns conceitos básicos da Medicina Social, enfatizou a importância do estudo das relações entre o estado de saúde de uma determinada população e suas condições de vida, que estavam, segundo ele, na dependência da situação social (ROSEN,1994). E, na verdade, se observarmos como pano de fundo o panorama político-social da Europa de então, encontraremos a visão de Ramazzini aceita por muitos, acrescentando-se a idéia de que a vida social e tudo que a ela se referisse (tal como condições de trabalho e de saúde) deveriam estar a serviço do Estado, configurando-se aí um dos elementos doutrinários de um sistema, a que se chamou mais tarde de mercantilismo ou cameralismo.

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