ARTERITE DE TAKAYASU: A EVOLUÇÃO DE UMA PACIENTE FRENTE DE 29 ANOS DE IDADE FRENTE A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
Por: Bullerjhann • 12/10/2015 • Trabalho acadêmico • 7.788 Palavras (32 Páginas) • 739 Visualizações
1 INTRODUÇÃO
A arterite de takayasu é uma vasculite (inflamação de uma artéria ou veia que leva ao espessamento de sua parede diminuindo o espaço para o sangue circular livremente) crônica, que afeta a artéria aorta juntamente com seus ramos primários (FUNKE, 2011). Segundo Spichiler (2008) “seu diagnóstico persiste como um grande desafio diante das evidências clínicas e laboratoriais inespecíficas”. Esta arterite causa lesões em órgãos principais do corpo como rins, coração, pulmão e provoca dores musculares aos mínimos esforços, podendo apresentar sintomas de AVC (acidente vascular cerebral) em caso de obstrução arterial, bem como ausência de pulso em um ou ambos os membros inferiores e superiores, podendo ser uma doença fatal (CARNEIRO e MACEDO, 2011). Até o presente momento não há estudos que comprovem os fatores deste processo inflamatório crônico.
Sendo a arterite de Takayasu uma doença que necessita de cuidados e observações constantes e precisa de controle, torna-se necessária a intervenção e acompanhamento da equipe multidisciplinar para educar o paciente. Como parte desta, a enfermagem torna-se essencial, atuando como integrante da equipe de saúde propondo ações que atendam a demanda da população defendendo as políticas públicas de saúde e ambientais, visando garantir a universalidade, integralidade, resolutividade, preservando a autonomia do indivíduo, sempre com competência, buscando a promoção da saúde do ser humano (MURTA, 2007).
Diante do exposto a presente pesquisa faz referência às alterações da artéria aorta, revisando as características, etiologia, apresentação clínica e tratamento da arterite de Takayasu, abordando a terapia farmacológica e apresentando um plano de cuidados de enfermagem a uma paciente de 29 anos de idade elaborado com base na SAE (sistematização da assistência de enfermagem) realizado no âmbito da saúde coletiva.
2 CASO CLÍNICO
No dia 02/05/2015, foi realizado pelas acadêmicas de enfermagem do 4 período do curso de Graduação de Enfermagem da Faculdade Pitágoras de Linhares, Visita Domiciliar Fim, na qual fizeram anamnese e exame físico em uma paciente diagnosticada com arterite de Takayasu. À amanmese: A.N.F, 29 anos de idade, sexo feminino, raça branca, natural de Vitória – ES, solteira, católica, ensino superior completo. Atualmente reside no bairro Oriente, município de Cariacica – ES, com a irmã de sua avó materna e o esposo da mesma, desde os dois anos de idade, em casa de alvenaria, com nove cômodos, em rua asfaltada, com água encanada, energia elétrica e coleta pública de lixo. A família é de média Classe Média, sendo a renda familiar proveniente do trabalho de sua tia-avó materna que é servidora pública e de seu trabalho autônomo, administrando uma pequena empresa domiciliar com seu padrasto, com horários flexíveis de acordo com suas limitações. Não fuma e nem faz uso de bebida alcoólica, mas sua mãe fazia uso de ambos em sua gestação. Tem três tias hipertensas e uma diabética, seu avô paterno ficou cego muito jovem por uma obstrução em nervo óptico. Possui plano de saúde. Relata que os primeiros sintomas de “náusea, dor em região do rim esquerdo e queimação nos pés” apareceram no dia 17/10/2003, onde foi medicada por seus familiares com chás, sem melhora até o anoitecer, quando foi levada ao hospital, coletando exames de sangue e urina que apresentaram alta taxa de leucócitos. Foi medicada sem sucesso, relatando dores generalizadas por vários dias. Cursando o terceiro ano do ensino médio, passou a seguir os estudos em regime domiciliar. Realizou inúmeros exames dentre os mais importantes uma biópsia com fragmentos de tecidos muscular e ósseo, suspeitando de uma “infecção bacteriana alojada”, procedimento esse que sua tia relata como estressante “ela estava mal, precisou ficar com oxigênio no nariz de tão fraquinha que estava”. Sem respostas, a família iniciou uma busca incansável por especialistas. Após aproximadamente dez meses, foi encaminhada a um reumatologista, apresentando quadro febril 38 C, perda de peso de 13 kg, relatando intensa fraqueza muscular, obtendo a hipótese diagnóstica de artrite juvenil. Realizou novos exames sanguíneos, dentre os quais os mais significativos são: Hemoglobina – 8.30 g%, Hematócrito – 26.90%, V.C.M – 67.08 fl, H.C.M – 20.69 pg, C.H.M – 30.85%, Leucócitos – 16.100 mm3, Segmentados 81% - 13.041 mm3, Plaquetas 539.000 mm3, Hemossedimentação em 1 hr – 16.00 mm, Proteína C reativa (+), Anti IgG (+). Foi medicada e apresentou melhora. Apresentando ausência de pulso braquial direto, foi diagnosticada com arterite de Takayasu comprovada com realização dos exames angiografia, angiotomografia computadorizada de abdômen e ecoddopler de artéria aorta com resultados associados significativos: artéria subclávia esquerda com calibre extremamente reduzido na região da artéria axilar com estenose e oclusão de 50% e espessamento da camada íntima de 4.4 mm e a direita ocluída na região axilar, com espessamento da camada íntima de 2 mm; carótida comum direita com calibre reduzido em 40% e esquerda em 50%; carótida interna direita com calibre reduzido em 35-40% e esquerda com calibre reduzido em 20-30%, artéria renal esquerda com comprometimento de 90% em seu 1/3 proximal e artéria aorta abdominal com espessamento de 5 mm. Iniciou acompanhamento com psicólogo retornando as aulas em regime regular, nesta época na graduação. Realizou angioplastia em artéria renal esquerda com introdução de balão com cobertura completa da estenose. Atualmente segue uma rotina de vida tranquila. Gosta de ler, ir ao cinema, shopping e frequenta a academia em dias alternados. Tem uma dieta balanceada com variedades de frutas e verduras, porém devido a náuseas não se alimenta em horários regulares. Relata sentir muita fraqueza e tontura diariamente, impedindo a realização das atividades diárias, principalmente quando esquece de fazer uso das medicações. Sempre procura pesquisar e obter novas informações a respeito de sua doença, conversando espontaneamente sobre o assunto. Apresenta esquema vacinal incompatível com a idade, mas nunca foi orientada. Atualmente faz uso dos medicamentos contínuos: Predisin 10 mg – 1 vez ao dia em jejum, Azatioprina 150 mg – 1 vez a noite e Omeprazol 20 mg – 1 vez ao dia em jejum. Ao exame físico apresenta-se relaxada e colaborativa. Dados antropométricos: Peso: 63 kg, Altura: 1.65 m, I.M.C: 23. Sinais Vitais: TAX: 36.3 C, F.R: 14 rpm, P.A: Ausente em membro superior direito, 100x60 mmHg em membro infeiror direito, 100x70 mmHg em membro superior esquerdo, 110x60 mmHg em membro inferior esquerdo. Pulso:
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