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AUTISMO, UM LADO INEXPLORADO DO SER HUMANO

Por:   •  25/4/2016  •  Trabalho acadêmico  •  3.723 Palavras (15 Páginas)  •  534 Visualizações

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AUTISMO, UM LADO INEXPLORADO DO SER HUMANO

MORALES, Lúcia[1]

Resumo: Este trabalho traz o relato de um estudo de caso realizado durante o ano de 2012 e primeiro semestre de 2013, com um aluno diagnosticado com autismo infantil, identificado como um transtorno global de desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de três anos. Lins, o aluno do presente estudo, apresentou no inicio, comprometimentos, os evidentes das características principais do autismo, que são: prejuízo no desenvolvimento das interações sociais; prejuízo na comunicação; comportamento focalizado e repetitivo.Tendo em vista tais aspectos, o enfoque principal deste trabalho é proporcionar informações claras e objetivas acerca do autismo e o resultado de um estudo com uma relação de afetividade entre professor e aluno como base para o desenvolvimento de suas capacidades integrais. Mostra que a escola não deve adaptar-se a deficiência, mas sim vencê-la. Com a elaboração de atividades significativas, observou-se que Lins desenvolveu habilidades artísticas, tecnológicas entre outras e oportunizou ao aluno participar e destacar-se do contexto escolar de forma competitiva. Devolveu ao aluno auto-estima que o despertou para que de forma criativa superasse muitas de suas dificuldades e se apresentasse como exemplo de superação em seu meio social. O presente estudo tem por objetivo mostrar que crianças portadoras de autismo podem e devem adaptar-se ao meio social e comunicativo, promovendo a busca pela independência e autonomia.

Palavras-chave: Autismo; Afetividade e Arte; Conhecimento e Aprendizagem.

1 INTRODUÇÃO

Entende-se por autismo, uma inadequação no desenvolvimento que se apresenta de maneira grave durante toda a vida. Costuma aparecer nos três primeiros anos de vida e desde já, traz certa incapacidade para o indivíduo que a possui. É um distúrbio que acomete mais homens que mulheres e até hoje não se tem causa especifica para seu


aparecimento. Os sintomas são na maioria dos casos muito graves e se apresentam tais como: gestos repetitivos, autodestruição, e as vezes até comportamentos agressivos, a fala e linguagem podem se apresentar de forma atrasada ou até ausentes, habilidades físicas reduzidas e um relacionamento anormal frente a objetos, eventos ou pessoas (GAUDERER, 1985).

Por estes motivos, criar e educar um autista representa um grande desafio para pais, familiares, educadores e pessoas a sua volta, principalmente porque há uma grande necessidade de uma abordagem adequada e eficiente para que estes possam se desenvolver, mesmo que de forma lenta (MANTOAN, 1997).

A escolha deste tema se caracteriza pela necessidade de transmissão de conhecimentos e informações a respeito do autismo e suas particularidades, a fim de auxiliar o educador em suas relações com os autistas.

De acordo com o estudo de caso em uma Escola Municipal de Cianorte com o aluno Lins, pôde – se perceber que os autistas respondem bem a intervenções pedagógicas motivadoras, pois para ensinar eficazmente, o professor deve proporcionar uma organização do método de trabalho, de maneira que, os alunos compreendam o que fazer , como fazer e porque fazer.

2 DEFINIÇÕES DE AUTISMO

O autismo é definido pela organização Mundial de Saúde como um distúrbio do desenvolvimento, sem cura e severamente incapacitante. Sua incidência é de cinco casos em cada 10000 nascimentos caso se adote um critério de classificação rigoroso, e três vezes maior se considerarmos casos correlatos, isto é, que necessitem do mesmo tipo de atendimento (MANTOAN, 1997, p. 13).

 .

Os estudos a respeito do autismo começaram com Leo Kanner, um psiquiatra americano que, em 1942, descreveu por meio de um artigo, a condição de 11 crianças consideradas especiais, abordando o autismo sob o nome de “distúrbios autísticos de contacto afetivo”. Assim, ele parte do pressuposto de que este quadro se caracteriza por autismo extremo, obsessividade, estereotipias e ecolalia. Kanner também observou que os sintomas surgiram muito precocemente (desde o nascimento), sugerindo até que as crianças autistas poderiam ter um bom potencial cognitivo e até mesmo habilidades especiais, como uma memória mecânica (BOSA; CALLIAS, 2000).

A tese inicial de Kanner de que crianças autistas sofreriam de uma incapacidade inata de se relacionarem emocionalmente com outras pessoas, foi retomada e estudada também por Hobson (1993a, 1993b, apud BOSA; CALLIAS, 2000, p. 6).

[...] a teoria afetiva sugere que o autismo se origina de uma disfunção primaria do sistema afetivo, qual seja, uma inabilidade inata básica para interagir emocionalmente com os outros, o que levaria a uma falha no reconhecimento de estados mentais e a um prejuízo na habilidade para abstrair e simbolizar.

        

Dessa forma, o ‘retraimento’ apresentado pelos autistas tem sido explicado em termos de um estado crônico de excitação (HUTT & HUTT, 1968 apud BOSA; CALLIAS, 2000) ou até oscilações nesse estado que conduzem a evitação do olhar, reações negativas e retraimento da interação social, como mecanismos para controlar o excesso de estimulação.

Com o passar do tempo, outros pesquisadores também foram desenvolvendo seus estudos partindo da concepção de Kanner com algumas alterações, como por exemplo, relacionando o autismo a um déficit cognitivo, considerando-o não uma psicose e sim um distúrbio do desenvolvimento. Essa idéia do déficit cognitivo vem sendo reforçada por muitos estudiosos até os dias atuais.

Alguns pesquisadores chegaram a fazer um experimento no qual, crianças com autismo, eram comparadas a outras, relacionadas como grupos de controle, enquanto desenvolviam certa atividade e, como resultados, as crianças autistas apresentaram dificuldades e deficiências no aprendizado correto para chegar ao fim desejado, demonstrando assim maior insistência na estratégia incorreta e demonstrando um déficit maior na capacidade de planejamento para atingir uma meta (BOSA, 2000).

Com relação às causas do autismo, há uma teoria interessante, denominada “lobo frontal”, a qual sugere que:

[...] muitas das características dessa síndrome, como por exemplo, inflexibilidade (expressa através de atividades ritualizadas e repetitivas), perseveração, foco no detalhe em detrimento de um todo, dificuldade em gerar novos Tópicos durante o brinquedo de faz-de-conta e dificuldades no relacionamento interpessoal, podem ser explicadas por comprometimento no funcionamento do lobo cerebral frontal (DUNCAN, 1986 apud BOSA; CALLIAS, 2001, p. 2)

A explicação dessa teoria se dá, pois foram comprovadas as semelhanças entre os autistas e aqueles com lesão frontal, por meio de resultados do desempenho e desenvolvimento dos autistas analisados, com objetivo principal de obter noções sobre suas funções executivas.

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