As Aulas de Enfermagem
Por: 10061995 • 8/3/2018 • Trabalho acadêmico • 12.865 Palavras (52 Páginas) • 719 Visualizações
[pic 1] CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM PORTUGUÊS INSTRUMENTAL TÂNIA MARIA ROSSI VIANA TÂNIA MARIA ROSSI VIANA CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM Disciplina: Português Instrumental CETAM- CENTRO DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO AMAZONAS APUI - AM 2017 Sumário 1. Texto e textualidade..................................................................................5 1.1. Características da Unidade ....................................................................5 1.2. Características da coerência ...................................................................5 1.3. Características da coesão .......................................................................6 1.4. Praticando ..............................................................................................6 2. Qualidades e defeitos do texto....................................................................6 2.1. Qualidades de um Texto: ........................................................................6 2.2. Defeitos do texto.....................................................................................7 2.3. Praticando...................................................................................................8 3. Comunicação Verbal e Não verbal...........................................................9 3.1. Praticando.................................................................................................10 4. Prática de leitura e interpretação de textos técnicos.................................10 4.1.. Praticando.................................................................................................11 5. Análise linguística: .......................................................................12 5.1. Sinais de pontuação....................................................................................12 5.2. Praticando...................................................................................................14 6. Homônimos e Parônimos......................................................................14 6.1. Parônimos e homônimos mais comuns...............................................15 6.2. Praticando............................................................................................16 7. Concordância Nominal.........................................................................17 7.1. Praticando ............................................................................................18 8. Concordância Verbal ...........................................................................19 8.1. Praticando.............................................................................................21 9. Verificação Ortográfica........................................................................21 9.1. Praticando ............................................................................................23 10. Estrutura do parágrafo .........................................................................24 10.1. Conceito de parágrafo.........................................................................24 10.2. Extensão do parágrafo.........................................................................24 10.3. Estrutura do parágrafo.........................................................................24 10.4. Formas de construção do tópico frasal.........................................................................24 10.1 Praticando.............................................................................................25 11. Pronomes de Tratamento.......................................................................26 11.1 Praticando.............................................................................................26 12. Pratica de produção de textos técnicos: .......................................................26 12.1. Aviso..................................................................................................26 12.1.1. Praticando.......................................................................................27 12.2. Memorando........................................................................................27 12.2.1. Praticando.......................................................................................27 12.3. Ata.....................................................................................................27 12.4. Relatório...........................................................................................28 12.4.1. Praticando.......................................................................................28 12.5. Circular..............................................................................................28 12.6. Artigo de opinião ..............................................................................29 12.6.1. Praticando.......................................................................................30 12.7. Registro de ocorrência ......................................................................30 12.7.1. Praticando.......................................................................................30 13. Comunicação verbal.............................................................................30 13.1. Praticando..........................................................................................31 1. TEXTO E TEXTUALIDADE 1. O que é um texto? Trata-se de uma unidade linguística comunicativa básica. O que as pessoas têm a dizer umas às outras não são palavras nem frases isoladas, são textos. 2. O que é textualidade? Trata-se de um conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma sequencia de frases. Três características básicas contribuem para a existência de textualidade: unidade, coerência e coesão. 1.1. Características da Unidade: · Abordar, do começo ao fim do texto, o mesmo assunto. · Dizer uma coisa de cada vez, omitindo-se o que não é essencial. · Considerar sempre a proposta inicial explícita passada para o leitor. · Estabelecer uma só ideia predominante. · Indicar de maneira clara as relações entre as ideias principais e secundárias. · Considerar todas as ideias como relevantes para a ideia central e relacioná-las entre si. · Evitar a acumulação de por menores que ofusquem a ideia principal. · Evitar a fragmentação da mesma ideia em vários parágrafos. · Evitar o acúmulo de muitas ideias num só parágrafo. Exemplo de um texto com falta de unidade: “Você sabe o que é sertão? Sertão é um lugar afastado da cidade onde podemos divisar as caatingas e os cerrados. O silêncio é uma lei da floresta, somente as corujas piam e os pirilampos viam. À noite, a lua cobre os matos, como se o sertão fosse uma criança inquieta da qual tivesse de cuidar”. Exemplo de um texto com unidade: Gostar de política não é uma opção, mas uma necessidade. Primeiro, porque o cidadão precisa de um conhecimento político para escolher seu candidato. Depois, porque a política está presente na escola, no trabalho, enfim, na vida. Logo, torna-se fundamental o gasto por ela, pois é ela que rege nossa existência. 1.2. Características da coerência Manter a mesma referência tematizada, isto é, ser um todo encadeado, com desenvolvimento homogêneo e contínuo, sem quebras (ideias soltas e sem nexo). · Resulta da configuração que assumimos conceitos e relações subjacentes à superfície textual. · É responsável pelo sentido do texto. · Depende do partilhar de conhecimento entre os interlocutores. · Manter a continuidade– necessária retomada de elementos no decorrer do texto – retomada de conceitos, ideias. · Estabelecer a progressão– o texto deve retomar seus elementos conceituais e formais, mas não pode se limitar a essa repetição– é preciso apresentar novas informações a propósito dos elementos retomados. · Evitar a contradição– cuidar para não estabelecer oposições frontais entre ideias que não podem fazer parte da mesma sequencia. · Manter a articulação– atentando para amaneira como os fatos e conceitos apresentados no texto se encadeiam, como se organizam,que papéis exercem uns com relação aos outros. 1.3. Características da coesão
Exemplo de textos coerentes, mas sema coesão gramatical explícita: “O Pedro vai buscar as bebidas. A Sandra tem que ficar com os meninos. A Tereza arruma a casa. Hoje eu vou precisar da ajuda de todo o mundo”. “A máquina parou. Está faltando energia elétrica.” “Choveu. O chão está molhado.” Exemplo de texto sem coesão gramatical explícita e sem coerência: “Paulo saiu. João chegou.” Paulo saiu assim que João chegou. Paulo saiu, mas João chegou. Paulo saiu, porque João chegou. Se Paulo saiu, João deve ter chegado. Exemplo de texto em que se destacam a unidade, a coerência e a coesão: “Você quer aprender a elaborar um parágrafo padrão”? Se sua resposta for sim, primeira escolha sobre qualquer assunto; depois, delimite esse tema, isto é, vá desdobrando-o em partes menores até chegar àquele que você domina, conhece profundamente. Então, estabeleça um objetivo. Nele deve estar inserido o motivo que o levou a redigir o parágrafo. Agora, sim, elabore uma frase bem interessante sobre o assunto delimitado, daquelas frases misteriosas que estimulam a curiosidade e a sensibilidade das pessoas. Em seguida, explique claramente os seus pontos de vista e os seus conhecimentos, sempre orientado pelo objetivo. Finalmente, conclua o seu parágrafo traçando uma opinião sucinta que ao leitor mostre o seu tema e o seu objetivo. Dessa forma é praticamente impossível não chegar à elaboração de um parágrafo que possa ser tomado como padrão. 1.4. PRATICANDO Corrija os erros de coesão que ocorrem nas frases que seguem. 1. “Todos querem uma vaga na USP, mesmo sabendo que a USP faz exames de seleção rigorosos.” _____________________________________________________________________________________ 2. “Os artistas sempre foram marginais. Eles têm, às vezes, momentos de glória, mas eles sobrevivem por teimosia. Apesar de tudo – da fama e da decadência -, os artistas são uma espécie de espelho da sociedade.” _____________________________________________________________________________________ 3. “Eles fugiam da polícia. A polícia foi mais rápida e prendeu eles.” _____________________________________________________________________________________ 4. “Ele era escritor sério e ela era professora honesta e o poder cegou eles.” _____________________________________________________________________________________ 5. “Há um grande número de pessoas que não entendem e não se interessam por política.” _____________________________________________________________________________________ 6. “Lembrou-se que havia um bilhete. Bilhete este que desapareceu entre os velhos papéis da escrivaninha.” _____________________________________________________________________________________ 2. AS QUALIDADES E OS DEFEITOS DE UM TEXTO 2.1. Qualidades de um Texto:
2.2. Defeitos do texto 1. Barbarismos (consiste em escrever ou pronunciar uma palavra em desacordo com a variedade padrão)
2. Solecismo (Erro de Sintaxe)
3. Arcaísmo ( Emprego de palavras ou construções antigas, que já caíram em desuso ) Atanho– por passado Antelóquio– por prefácio 4. Preciosismo (Exagero na linguagem, em prejuízo da naturalidade e clareza da frase).
5. Cacofonia (Qualquer sequencia silábica que provoque som desagradável)
6. Cacófato (Encontro de sílabas que formam uma palavra obscena)
7. Eco (Repartição desagradável de terminações iguais)
8. Colisão (Repetição de consoantes iguais ou semelhantes)
9. Hiato (Sequencia ininterrupta de vogais)
10. Ambiguidade ou Anfibologia ( Duplo sentido decorrente de construção defeituosa da frase )
11. Redundância ou Pleonasmo (Repetição desnecessária de informação)
Obscuridade (Falta de clareza) Encontrar a mesma ideia vertida em expressões antigas mais claras, expressiva e elegantemente tem me acontecido inúmeras vezes na minha prática longa, aturada e contínua do escrever depois de considerar necessária e insuprível uma locução nova por muito tempo. 2.3. PRATICANDO 1) “Incomodado por uma irritação na pálpebra esquerda, o ex-presidente do Corinthians, Vicente Matheus, queixou-se a um amigo. ‘É um terçol’, diagnosticou o cidadão. Ao encontrar outro conhecido,Matheus já foi antecipando que estava comum‘terçol no olho’.‘Mas isso é pleonasmo’, retrucou o segundo. Quando um terceiro amigo perguntou ao folclórico ex-cartola o que ele tinha, Matheus não titubeou: ‘Ah, sei lá. Cada um diz uma coisa. Ou é um terçol ou é um pleonasmo” a) Por que a expressão “terçol no olho” é considerada um pleonasmo. 2) Assinale a letra que corresponde à melhor redação, considerando correção, clareza e concisão. a) Os candidatos foram solicitados indicar suas opções. b) Aos candidatos foram-lhes solicitados indicarem suas opções. c) Solicitaramos candidatos de que fizessem a indicação de suas opções. d) Solicitou-se aos candidatos que indicassem suas opções. e) Fizeram-se aos candidatos a solicitação da indicação por suas opções. 3) Leia o texto e responda à questão: Num tribunal, a testemunha afirmou: - Eu vi o desmoronamento do barracão. O juiz ficou em dúvida quanto às hipóteses: 1ª ) A testemunha viu o barracão desmoronar. 2ª ) A testemunha estava no barracão e de lá viu um desmoronamento. Este fenômeno é chamado de: a) ambiguidade d) silepse b) pleonasmo e) redundância c) cacofonia 4) Sem alterar o sentido do período, reescreva-o, eliminado as palavras destacadas e fazendo as Adaptações necessárias. O que é indispensável é que se conheça o princípio que se adotou para que se avaliasse a experiência que se realizou ontem, a fim de que se compreenda a atitude que tomou o grupo que foi encarregado do trabalho. 5) Torne o texto abaixo mais enxuto,mais conciso: elimine palavras desnecessárias. “A árvore, oca por dentro, era muito elevada, tinha vinte metros de altura total, do chão ao topo: estava, por esta razão, prestes a cair, daí a instantes, para baixo.” 3. COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO VERBAL A comunicação pode ser verbal quando é feita através de palavras: linguagem oral e escrita, ou não verbal quando as mensagens são transmitidas através de gestos, do tom de voz, do olhar etc. Além disso, é possível usar desenhos (sinais), imagens, sons etc. A comunicação está profundamente ligada à cultura humana, ao mesmo tempo em que possibilita sua construção. Esta cultura é expressa através de: · Sua linguagem oral = compreende a língua oficial (Língua Portuguesa, por exemplo) e as expressões idiomáticas, as gírias etc.; · Sua linguagem escrita = mesmo usando a língua oficial, há uma diferença entre a maneira que um povo fala e escreve. Foram criadas regras específicas para linguagem escrita visando facilitar sua compreensão, uma vez que ela eterniza o autor da mensagem. As normas e a permanência da escrita possibilitaram a criação do estilo próprio, da literatura de cada povo. Ex.: Literatura russa. 1. Comunicação Verbal: Linguagem Oral e Escrita 1.1. Importância de falar bem “Aquele que sabe, mas não sabe transmitir o que sabe, na verdade não sabe, apenas pensa que sabe”. (Provérbio Grego) A pesar de controvertido esse provérbio nos remete à importância de falar bem em público, entretanto as técnicas existem, mas precisam ser incorporadas, internalizadas para que sejam usadas com naturalidade, segundo nossa maneira de ser, nosso estilo. Situações profissionais nas quais precisamos nos comunicar bem através da fala: · Conversa com pacientes, clientes, superiores e subordinados; · Entrevista para emprego; · Reuniões, palestras, debates; · Seminários, cursos; · Ao telefone; · Reuniões sociais. 1.2. Convencer ou persuadir? Os dois. Para convencer é necessário dirigir-se à razão, por isso os argumentos devem ser baseados na consistência e coerência do raciocínio. Fatos, estatísticas, analogias e testemunhas podem colaborar para o convencimento. Já para persuadir devemos nos dirigir ao emocional. A argumentação busca ter acesso ao universo simbólico. Para tanto são usadas: · Figuras de linguagem (metáforas etc.); · Repetições e paráfrases; · Poesia, provérbios, lendas etc.; · Gestos, olhar, enfim, elementos da comunicação não verbal. 1.3. Comunicação escrita eficaz Em princípio, considera-se que escrever bem é: a. obedecer às regras gramaticais, evitando erros de sintaxe, de pontuação,de ortografia, etc; b. procurar clareza, evitando palavras e frases obscuras ou de duplo sentido; c. agradar o leitor, empregando expressões elegantes e fugindo de um estilo muito seco. Para que a comunicação escrita seja eficaz são necessárias: · clareza e objetividade para que nossa mensagem implique uma resposta; · precisão para que o outro compreenda o que estamos pensando; · persuasão para obter colaboração e a resposta esperada. É preciso tomar cuidado com: · interferência física: dificuldade visual, má grafia das palavras, cansaço, etc. · Interferência cultural: palavras ou frases complicadas ou ambíguas, diferenças de nível social; · Interferência psicológica: mensagens que contenham agressividade, aspereza, antipatia etc. Portanto, ao escrever: Evite: Para tanto: Incompreensão Coloque-se no lugar do leitor: nível cultural, posição, expectativas etc.
Confusão Seja claro, simples e objetivo. Desinformação Seja preciso e forneça as informações necessárias. Mágoa, antipatia Seja atencioso, polidoe delicado. 3.1. PRATICANDO 1. Transcreva o texto abaixo fazendo as correções necessárias: "Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como se fala." Pois é. U purtuguêis é muito fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im purtuguêis não. É só prestá tenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muito diferenti. Qui bom qui a minha língua é u purtuguêis. Quem soube falá sabi iscrevê. (Jô Soares.) |
4. PRATICA DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS TÉCNICOS: Com o surgimento das tecnologias do mundo moderno fizeram com que as pessoas deixassem a leitura de livros de lado, o que resultou em jovens cada vez mais desinteressados pelos livros, possuindo vocabulários cada vez mais pobres. A leitura é algo crucial para a aprendizagem do ser humano, pois é através dela que podemos enriquecer nosso vocabulário, obter conhecimento, dinamizar o raciocínio e a interpretação. Muitas coisas que aprendemos na escola são esquecidas com o tempo, pois não as praticamos. Dúvidas que temos ao escrever poderiam ser sanadas pelo hábito de ler; e talvez nem as tivéssemos, pois a leitura torna nosso conhecimento mais amplo e diversificado. Saber ler e compreender o que os outros dizem; é a leitura, no entanto, que proporciona a capacidade de interpretação. A prática da leitura se faz presente em nossas vidas desde o momento em que começamos a "compreender" o mundo à nossa volta. No constante desejo de decifrar e interpretar o sentido das coisas que nos cercam, de perceber o mundo sob diversas perspectivas, enfim, em todos estes casos estamos de certa forma, lendo - embora, muitas vezes, não nos demos conta. A atividade de leitura não corresponde a uma simples decodificação de símbolos, mas significa, de fato, interpretar e compreender o que se lê. |
4.1.Praticando Texto I Felicidade clandestina Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. [...] Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia. Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. [...] Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. [...] Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. [...] Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. [...] Pediu explicações a nós duas. [...] Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. [...] Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer. [...] Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. [...] Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante. LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. In: GALVÃO Walnice Nogueira (Org.). Os melhores contos. São Paulo: Global, 1996. p. 46. Adaptado. 1.O primeiro parágrafo do Texto I é construído a partir de uma (A) argumentação feita pela narradora-personagem com a apresentação de uma tese e de argumentos. (B) narração feita pela narradora-personagem a partir do relato de vários acontecimentos e ações. (C) descrição da filha do dono da livraria sem a interferência da visão da narradora-personagem. (D) descrição objetiva da filha do dono da livraria com interferência da visão da narradora-personagem. (E) descrição da filha do dono da livraria com interferência do ponto de vista da narradora-personagem. 2. Compreende-se que o Texto I (A) defende a importância da amizade entre as personagens, que tiveram uma divergência na infância. (B) retrata a visão deturpada da narradora-personagem, que julgava mal a filha do dono da livraria. (C) apresenta o ponto de vista unilateral da narradora--personagem, que relata episódios da infância. (D) apresenta o ponto de vista da filha do dono da livraria, desafeto da narradora-personagem. (E) expressa o diálogo como marca da reconciliação das personagens, oponentes na infância. 3.De acordo com o Texto I, o constante adiamento da narradora-personagem para ler o livro se deve ao (A) medo de que o livro fosse ruim. (B) prazer de imitar a filha do dono da livraria. (C) desejo de deliciar-se aos poucos com a leitura. (D) temor de que alguém pedisse o livro emprestado. (E) receio de que a filha do dono da livraria tomasse o livro. Brasil Sem Miséria A presidente Dilma Roussef lançou ontem o Plano Brasil Sem Miséria, conjunto de ações para acabar com a pobreza extrema até 2014 e cumprir sua principal promessa de campanha. O objetivo do governo é alcançar os 16,2 milhões de brasileiros (8,5% da população) que sobrevivem com até R$ 70,00 por mês, segundo dados preliminares do último Censo do IBGE. GÓIS, C. et al. Brasil sem miséria. O Globo, Rio de Janeiro, 03 jun. 2011. O País, p. 14. 4.O plano governamental mencionado promove a (A) ampliação do Programa Bolsa Família, como seu carro-chefe. (B) expansão do Programa Minha Casa Minha Vida, a longo prazo. (C) extinção do Programa de Apoio à Agricultura Familiar, em todo o país. (D) incorporação de empresas beneficiadas pelo Simples, como meta. (E) redução de impostos nos pagamentos das empresas, a curto prazo. 5. O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas o caminho a seguir não pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados. Mesmo porque não seria possível. Caso as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões das sociedades do Norte, a quantidade de combustíveis fósseis consumida atualmente aumentaria 10 vezes e a de recursos minerais, 200 vezes. Disponível em: desenvolvimento_sustentavel/>. Acesso em: 23 ago. 2011. Diante da necessidade de crescimento dos países menos desenvolvidos e da impossibilidade de esses países seguirem o modelo das grandes potências econômicas, o conceito de desenvolvimento sustentável assume grande importância. Desenvolvimento sustentável é aquele que (A) busca equalizar a distribuição dos recursos naturais entre os países do globo. (B) permite o desenvolvimento econômico, sem que haja um aumento no consumo de energia. (C) permite que os países menos desenvolvidos se tornem independentes das grandes potências econômicas. (D) atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades. (E) encaminha os países menos desenvolvidos à formação de blocos econômicos através dos quais poderão sustentar-se no mercado internacional. |
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