Assistência Da Enfermagem a Pacientes Portadores de Hanseníase Virchowiana
Por: alisson13gs • 6/5/2016 • Monografia • 3.216 Palavras (13 Páginas) • 1.121 Visualizações
Assistência Da Enfermagem a pacientes portadores de Hanseníase Virchowiana
1. INTRODUÇÃO
A hanseníase é uma doença infecciosa de evolução prolongada causada pelo bacilo denominado Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen, descoberto em 1873 pelo cientista norueguês Gerhard Armauer Hansesn, morfologicamente muito semelhante ao bacilo causador da tuberculose. Uma outra definição também aceita no meio científico revela que a hanseníase é um tipo de patologia em que a imunidade é nula e o bacilo (Micobacterium leprae) se multiplica muito, levando a um quadro grave, com anestesia dos pés e mãos que favorecem os traumatismos e feridas que podem causar deformidades, atrofia muscular, edema de membros inferiores e surgimento de nódulos, os órgãos internos também são acometidos pela doença.
Como não se transmite com facilidade, não são registradas grandes epidemias. A hanseníase chegou ao Brasil na época do descobrimento, espalhou-se e permanece até hoje, sendo considerada um dos mais sérios problemas da saúde pública no país. Ocupamos o 1º lugar da América Latina, com um número estimado de doentes entre 250 e 500 mil casos, que nos coloca também em 4º lugar do mundo em número de doentes. Há no mundo todo mais de dez milhões de pessoas com hanseníase. Relativamente pouco contagiante, a forma de contágio mais comum é a direta (pessoa a pessoa), entre outras vias, por descargas nasais infectadas. Existe maior predisposição na infância, em condições sanitárias deficientes e de subnutrição.
No Brasil a hanseníase atinge um número superior a quinhentas mil pessoas, grande parte em idade produtiva, influenciando negativamente o seu trabalho, a formação da sua família e sua integração social.
Para Moreira (2002) o Brasil é o segundo país do mundo em número absoluto de casos, perdendo apenas para a Índia. Nas Américas o país lidera a primeira posição em termos de prevalência e detecção de casos novos. Até o final do ano 2000 o registro de casos no Brasil era de 77.676 casos com um coeficiente de prevalência de 4,68/10.000 habitantes, considerado nível médio de endemicidade de acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde. A maior taxa de prevalência ocorreu no estado de Mato Grosso (27,70/10.000 habitantes) enquanto que a menor coeficiente foi no Rio Grande do Sul (0,41/10.000 habitantes). O coeficiente de detecção de casos novos no ano de análise foi de 2,41/10.000 habitantes, com uma taxa variando de 14,75/10.000 habitantes no Mato Grosso e de 0,19/10.000 habitantes no Rio Grande do Sul. Em todo país foram detectados 41.082 casos novos (MS, 2001).
Essa pesquisa foi desenvolvida a fim de transmitir à equipe de saúde conceitos científicos que possibilitem que os mesmos consigam convencer os pacientes a adesão ao tratamento e execução do autocuidado de forma eficaz. Disponibilizando um material capaz de auxiliar na identificação dos principais sintomas da hanseníase e mostrar a importância do Enfermeiro na equipe multidisciplinar para complementação da assistência.
- DESENVOLVIMENTO
2.1 Objetivos
O objetivo deste trabalho é orientar a equipe de enfermagem quanto aos cuidados com o portador de Hanseníase e desenvolver neste a capacidade de manter o autocuidado mesmo quando o paciente apresenta comprometimento motor. Para atingir tal objetivo foram avaliadas publicações que envolvem o tema proposto, do ano 2000 em diante caracterizando a pesquisa como revisão bibliográfica de artigos científicos, indexados, bases de dados da Scielo, Birene, Lilacs e Medline.
- Material e métodos
Tendo em vista os objetivos inicialmente propostos neste estudo, optou-se pela conjugação das abordagens revisional, julgando-se que seria bastante adequada uma vez que este estudo será feito por meio de revisão de literatura. Dessa forma a pesquisa realizada aqui possui caráter teórico bibliográfico uma vez que se apóia em artigos e textos distribuídos e recomendados no decorrer do curso pelos diversos professores e que estão mencionados na referência bibliográfica. Assim os artigos e livros citados correspondem de 2000 em diante.
2.3 Descrição da patologia
A hanseníase é uma doença infecto contagiosa, de evolução lenta, que atinge ambos os sexos e se manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermatoneurológicos: lesões na pele e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos e pés. O comprometimento dos nervos periféricos é a característica principal da doença, dando-lhe um grande potencial para provocar incapacidades físicas que podem inclusive evoluir para deformidades.
Nota-se por pesquisa e consenso entre autores que as vias de eliminação são as vias áreas superiores, pelo grande número de lesões existentes na mucosa nasal, na boca e na laringe, assim como as lesões cutâneas ulceradas que podem constituir grande fonte de eliminação.
O período de incubação é de três a cinco anos. A classificação das formas clínicas da hanseníase divide-se basicamente em quatro: indeterminada, tuberculóide, dimorfa e virchowiana. Os dois tipos mais importantes são a tuberculóide e a virchowiana ou lepromatosa. A formatuberculóide é carcterizada por nódulos sob a pele e regiões de anestesia circunscrita, pelas lesões dos nervos periféricos. A forma mais grave é a vichowiana ou lepromatosa que causa ulcerações e deformidades, com mutilações de mãos, nariz e orelha.
Entre as pessoas que adoecem, algumas apresentam resistência ao bacilo, constituindo os casos Paucibacilares abrigam um pequeno número de bacilos no organismo, insuficiente para infectar sendo capazes de em alguns casos se curara espontaneamente) e os casos multibacilares (pessoas que não apresentam resistência ao bacilo e são capazes de eliminá-lo para o meio exterior, podendo infectar outras pessoas).
A principal forma de contagio é a inter-humana e o maior risco está relacionado com a convivência domiciliar com doentes bacilífero sem tratamento. O bacilo pode permanecer vivo fora do organismo humano por até 90 dias, o bacilo pode ser transmitido através de picadas de artrópodes, por meio de fômites ou por transfusão sangüínea, mas não existem evidencias substanciais para isso ocorrer.
Os aspectos clínicos observados são: manchas pigmentares ou discrômicas (resultante da ausência, diminuição ou aumento de melanina ou depósitos de outros pigmentos ou substancia na pele), placa (lesão que se estende em superfície por vários centímetros), infiltração (aumento da espessura e consistência da pele) tubérculo (pápula ou nódulo que evolui deixando cicatriz) e nódulo (lesão sólida, circunscrita, elevada ou não, de um a três centímetros).
Nesta mesma linha de raciocínio podem também ser descrito que além das lesões na pele há também lesões no sistema nervoso, as quais são decorrentes de processos inflamatórios dos nervos periféricos (nefrites) e podem ser causadas tanto pela ação do bacilo nos nervos, como pela reação do organismo ao bacilo ou por ambas. Dentre as principais manifestações apontadas estão: a dor e espessamento dos nervos periféricos, perda de sensibilidade e da força nos músculos inervados por esses nervos.
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