Estudo de casos Doença de Notificação Compulsória
Por: Rayvale • 23/9/2015 • Pesquisas Acadêmicas • 1.902 Palavras (8 Páginas) • 1.247 Visualizações
Estudos de casos
Patógenos: Helmintos e Protozoários
01. Berenice é uma senhora de 72 anos, residente em região rural próxima à Bocaiúva (norte de Minas Gerais), que sente “muito cansaço, falta de ar” e tem “as pernas inchadas”. Há também uma história de disfagia e odinofagia de longa data, causa de grande emagrecimento. Pelo quadro de intensa dispnéia, é feita uma radiografia de tórax e nela é evidenciado um coração demasiadamente aumentado.
- Qual sua suspeita diagnóstica? O que o levou à ela?
Suspeita-se de doença de chagas porque MG é uma zona endêmica e seus sintomas são compatíveis com a doença.
- Que outras investigações você realizaria? Por quê?
Testes de detecção de anticorpos ao Trypanosoma no sangue mais comumente, bem como a detecção do próprio parasita no sangue, nas fases mais agudas, fazem o diagnóstico.
- Correlacione os sinais e sintomas de Berenice com o ciclo desta parasitose e explique porque esta ocorrendo cada um.
- Que tratamento você indicaria para Berenice?
Não há terapêutica eficaz.
Nirfutimox, benzonidazol (controvérsia)
Medicamentos anti-arritmia do coração, intervenção cirúrgica do megaesôfago ou cólon.
- O que fazer para evitar esta parasitose?
- Combate ao vetor
- Educação sanitária
- Melhoria das habitações rurais
- Triagem de doadores de sangue
- Controle da transmissão congênita- pré-natal
- Medidas adequadas de biossegurança em laboratórios
02. Campina Grande — PB, paciente MFQ, 10 anos faiodérmico, natural e procedente de Pernambuco, apareceu com história de lesão no lábio inferior há mais ou menos dois meses. Ao exame dermatológico, evidenciamos lesão ulcerada e crostrosa associada à edema na região do lobo inferior. Foi realizado teste de Montenegro, cujo resultado foi positivo. O exame anatomopatológico demonstrou um infiltrado inflamatório misto, com histiócitos contendo parasitas em associação com linfócitos e células plasmáticas.
A. Qual sua suspeita diagnóstica? Por quê?
Suspeita-se leishmaniose tegumentar caracteriza-se por feridas na pele que se localizam com maior freqüência nas partes descobertas do corpo. Tardiamente, podem surgir feridas nas mucosas do nariz, da boca e da garganta. O teste intradérmico cutâneo ou teste de Montenegro pode ser altamente específico e sensível para o diagnóstico da leishmaniose cutânea e mucosa
B. Qual a relação entre essa parasitose e o sistema imune do paciente?
Os parasitas vivem e se multiplicam no interior das células que fazem parte do sistema de defesa do indivíduo, chamadas macrófagos.
C. Em que consiste o Teste de Montenegro?
Teste realizado com injeção intradérmica de antígenos (proteínas) de leishmania. Caso o doente já tenha entrado em contato com o parasita (está infectado ou já esteve), ocorre uma reação inflamatória no local da injeção. Pode, portanto, ser positivo após tratamento bem sucedido e negativo na forma cutânea difusa, uma vez que depende da resposta imunológica do indivíduo. Nos casos de calazar, o teste é negativo, tornando-se positivo somente após a cura clínica.
D. Qual o tratamento mais adequado?
As drogas de primeira escolha para tratamento da Leishmaniose são os Antimoniais Pentavalentes. Devem ser administrados por via parenteral (ou seja, intramuscular ou intravenosa), por um período mínimo de 20 dias. A dose e o tempo da terapêutica variam com as formas da doença e gravidade dos sintomas. Outras drogas usadas no tratamento da leishmaniose incluem a anfotericina B, paromomicina e pentamidina.
As lesões ulceradas podem sofrer contaminação secundária, razão pela qual devem ser prescritos cuidados locais, como limpeza com água e sabão e, se possível, compressas com permanganato de potássio.
03. Recentemente você foi contratado, por 2 anos, pela Empresa Vale Ltda. para trabalhar em um empreendimento na Região de Carajás, Belém, Pará. Durante a entrevista realizada pelo responsável pelo Departamento de Recursos Humanos (RH) da construtora, você foi informado que se tratava de uma área endêmica para Malária e Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA). Durante o decorrer da mesma e como profissional de saúde você foi questionado, além do seu conhecimento clínico sobre essas parasitoses, sobre as formas de transmissão, métodos profiláticos e de controle de ambas as doenças. Sabendo que esse contrato seria bom para sua carreira, enquanto enfermeiro, além do excelente salário quais respostas você daria para as seguintes perguntas:
- Como essas doenças podem ser adquiridas e quem são os transmissores de ambas? Malaria: O protozoário é transmitido ao homem pelo sangue, geralmente através da picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada por Plasmodium ou, mais raramente, por outro tipo de meio que coloque o sangue de uma pessoa infectada em contato com o de outra sadia, como o compartilhamento de seringas (consumidores de drogas), transfusão de sangue ou até mesmo de mãe para feto, na gravidez.
Leishmaniose Tegumentar: é transmitida por insetos hematófagos (que se alimentam de sangue) conhecidos como flebótomos ou flebotomíneos. Não há transmissão de pessoa a pessoa.
- Os criadouros naturais desses insetos são os mesmos? Quais seriam esses locais de desenvolvimento das formas imaturas?
- Quais as dificuldades que você apontaria para o controle da Malária e da LTA na Região Amazônica?
- Quais métodos profiláticos você empregaria para evitar que os trabalhadores alocados ao redor do empreendimento se infectassem com essas parasitoses?
- Evitar construir casas e acampamentos em áreas muito próximas à mata
- Fazer dedetização, quando indicada pelas autoridades de saúde
- Evitar banhos de rio ou de igarapé, localizado perto da mata
- Utilizar repelentes na pele, quando estiver em matas de áreas onde há a doença
- Usar mosquiteiros para dormir
- Usar telas protetoras em janelas e portas
- Eliminar cães com diagnóstico positivo para leishmaniose visceral, para evitar o aparecimento de casos humanos.
04. Um senhor, aparentemente com idade acima de 60 anos, relata que foi para a cidade de Eldorado (MS), região endêmica de esquistossomose, leishmaniose, febre amarela, malária e Doença de Chagas numa pesquisa de campo para captura dos vetores. Pouco depois ele apresentou sintomas de faringite, procurou um orotorrinolaringologista, que confirmou o diagnóstico de laringite e indicou o tratamento com antibiótico, que foi feito durante 2 anos. Após este período, o senhor relata que “melhorava e piorava da faringite”. Posteriormente foi verificado que o mesmo tinha comprometimento do septo nasal e, após sucessivos tratamentos com Glucantime, isolado ou seguido de altas doses de corticóide, a lesão progrediu finalizando com perfuração do septo nasal e comprometimento bucofaringeano. Após quase 17 anos de tratamento sem sucesso (há relato também de interrupção de tratamento), o senhor relata que atualmente, utilizando Pentamidina, está sendo controlada a doença.
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