AS CARACTERÍSTICAS DO LEITE INDUSTRIALIZADO
Por: Hellen MAC • 8/3/2018 • Seminário • 7.075 Palavras (29 Páginas) • 318 Visualizações
INTRODUÇÃO
Saúde e bem-estar são preocupações crescentes da sociedade. Muitos não medem esforços para garantir que o corpo esteja funcionando bem o tempo todo. As academias de ginástica e os parques públicos recebem números cada vez maiores de pessoas preocupadas em manter a forma e o bem-estar físico. No entanto e, infelizmente, a maioria da população mantém um estilo de vida pouco saudável e negligencia o fato de que o corpo humano é constantemente desafiado por uma imensidão de riscos – de vírus e bactérias a doenças crônicas não transmissíveis como obesidade, diabetes, arteriosclerose e problemas cardíacos, entre outros.
Muitos componentes da alimentação da população estão associados à origem dessas doenças. Um dos alimentos ligados ao desenvolvimento dessas é o leite de vaca, que faz parte da alimentação diária de muitos adultos, jovens e idosos, além das crianças. Todos os que consomem acreditam que é o alimento mais completo que existe, sendo grande fonte de vitaminas e minerais, principalmente de cálcio.
Estudos mostram que a maioria das pessoas, cerca de 75% ao redor do mundo, tem intolerância à lactose ou algum tipo de rejeição relacionada ao leite, além de este agravar inflamações, alergias, artrites e problemas intestinais, sendo responsável também pelo alto índice de obesidade, uma vez que contém lactose, que é um açúcar considerado um dos maiores vilões do emagrecimento. Ademais, o leite que chega ao consumidor final não é natural, pois passa por diversos processos e por esterilização em altas temperaturas, o que o torna um alimento muito ácido. O nível elevado de ácido no organismo, denominado acidose, pode ser um grande causador de osteoporose, o contrário do que muitos acreditam que o leite pode prevenir.
Ao fazer uma análise dos possíveis riscos que o leite de vaca pode causar, verifica-se a necessidade de todos os consumidores terem fácil acessibilidade a essa informação, uma vez que nem todos conhecem os riscos relacionados ao seu consumo.
O LEITE
Leite é uma secreção nutritiva de cor esbranquiçada e opaca produzida pelas glândulas mamárias das fêmeas dos mamíferos (inclusive nos monotremados). Também se denomina "leite" o suco de algumas plantas ou frutos, como leite de coco, leite de soja, leite de arroz ou leite de amêndoa.
Nem todos os leites dos mamíferos possuem as mesmas propriedades. Pode-se dizer que o leite tem sua composição e características físico-químicas variáveis de acordo com as espécies animais e período da lactação.
A principal função do leite é nutrir a prole até que esta seja capaz de digerir outros alimentos. O leite materno cumpre as funções de proteger o trato gastrointestinal das crias contra antígenos, toxinas e inflamações e contribui para a saúde metabólica, regulando os processos de obtenção de energia (em especial, o metabolismo da glicose e da insulina). É o único fluido que as crias dos mamíferos ingerem até o desmame, exceto algumas crianças que são alimentadas por outros fluidos por terem alergia ao leite.
O leite de animais domesticados faz parte da alimentação humana adulta em alguns países, principalmente o leite de vaca, mas também de ovelha, cabra, égua, camela, entre outros.
1. POPULARIZAÇÃO DO LEITE
De acordo com historiadores, o consumo de leite de origem animal teve início no Oriente Médio, com a domesticação do gado, o que teria impulsionado a Revolução Neolítica. No Brasil, a origem do leite para consumo está relacionada à exploração do gado durante o período colonial. O gado foi utilizado primeiramente como força de trabalho nos engenhos de cana de açúcar e, posteriormente, a pecuária de corte se desenvolveu em regiões como Goiás e o Sul do país.
Até meados do século XIX o consumo de leite teve caráter secundário, com poucas vacas sendo mantidas para essa atividade. A pequena disponibilidade do produto impediu que o consumo de leite se tornasse um hábito naquela época. No entanto, nos anos 1930 difundiu-se no Brasil uma nova ciência, a nutrição, que introduziu também a convicção de que o leite de vaca constituía o mais importante dos alimentos básicos.
Sua ascensão como alimento perfeito é algo que a historiadora Deborah Valenze, da Universidade Columbia e autora do livro Milk: A Local and Global History, acredita se dever a “vários fatores isolados que coincidiram no fim do século XIX e início do século XX”.
Como a mortalidade infantil nas cidades crescia, ganharam importância as técnicas e padrões de qualidade para tornar o leite mais seguro, como a pasteurização. Na mesma época, havia um interesse cada vez maior na cura pela alimentação, uma corrente que defendia dar às pessoas doentes apenas comidas simples e puras.
Segundo a historiadora, na lógica da época, a vida moderna era algo complicado e corrompido, mas o leite, consumido por todos os seres humanos no início da vida, era simples, mundano e natural (ajudado pelo fato de o leite ser branco - a cor da pureza). Para completar, era um alimento com gorduras, carboidratos e proteínas, os três componentes de que o organismo necessita.
Nas primeiras décadas do século passado, conforme cientistas aprofundaram seus conhecimentos sobre nutrição, o leite passou a ser considerado como alimento perfeito. Seu papel como uma fonte das recém-descobertas vitaminas e a ideia de que ele, de alguma maneira, poderia corrigir as deficiências de qualquer dieta o fizeram decolar.
Elmer McCollum, bioquímico e nutricionista, escreveu um influente livro em 1918, chamado The Newer Knowledge of Nutrition ("O mais novo conhecimento sobre nutrição", em tradução literal), no qual descreveu o leite como "nosso alimento mais importante". Isso agradou à indústria de laticínios, porque os fazendeiros estavam produzindo muito mais do que conseguiam vender. Fazer as pessoas beberem leite era uma prioridade para os fazendeiros.
Até o início do século XX o leite era consumido no Brasil sem nenhum tipo de tratamento, o que poderia causar uma série de doenças à população. O transporte do leite, que antes da abolição era feito por escravos, em latões, passou a ser feito por vaqueiros que o produziam nas periferias das cidades, em geral em condições insatisfatórias de higiene e qualidade. Essa situação confrontava as teses da recém-surgida ciência da nutrição, para a qual o leite era um alimento fundamental para a saúde e o bem-estar das pessoas. Segundo McCollum, devido ao seu extraordinário conteúdo de sais minerais, vitaminas e proteínas de alto valor, não existia alimento melhor do que o leite para corrigir as deficiências nutritivas da alimentação habitual. Na época de Primeira Guerra Mundial, com deficiências e privações decorrentes do conflito, o leite de vaca representava a máxima garantia de saúde, de acordo com o cientista.
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