A FISIOTERAPIA NA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA RESIDENTE EM ATENÇÃO BÁSICA
Por: Jhennifer Cristina • 4/11/2021 • Artigo • 4.332 Palavras (18 Páginas) • 191 Visualizações
Artigo Original
A FISIOTERAPIA NA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA RESIDENTE EM ATENÇÃO BÁSICA
PHYSIOTHERAPY IN THE CORONAVIRUS PANDEMIC: AN EXPERIENCE REPORT OF A RESIDENT IN BASIC ATTENTION
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
CORONAVIRUS PANDEMIC IN PRIMARY CARE: EXPERIENCE REPORT
Jhennifer Cristina Miranda Ferreira1
Rua Dom Pedro, 377, Jardim Iate Clube
Balneário Camboriú/SC - 88337-210
Gabriella De Almeida Raschke Medeiros1
- Rio Branco, 404 – Torre 2, Sala 201, Centro
Florianópolis/SC - 88015-201
1 Universidade do Vale do Itajaí, Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica - Saúde da Família, Itajaí, Santa Catarina, Brasil.
RESUMO
Objetivo: relatar a experiência de uma fisioterapeuta residente, durante a pandemia da COVID-19, em um município da Região de Saúde da Foz do Rio Itajaí, em Santa Catarina. Método: a estruturação deste artigo elencou 2 eixos: (1)processo de trabalho dos residentes pré-pandemia; (2)reorganização do processo de trabalho diante do novo coronavírus. Como eixo transversal foram relatadas as fragilidades da equipe e da gestão municipal de saúde bem como, as lições aprendidas neste processo. Resultados: a pandemia da COVID-19 impôs mudanças no processo de trabalho dos residentes que passaram a dedicar-se a elaboração de materiais educativos e ao telemonitoramento de usuários e grupos acompanhados pela Atenção Básica. Neste momento de pandemia, as fragilidades se evidenciaram como deslocamento de preceptores e membros da gestão para a Atenção Ambulatorial Especializada, fragmentando a atuação dos residentes, somados aos problemas de comunicação comprometeram a relação interpessoal e o alinhamento da equipe. Conclusão: o cenário imprevisível da pandemia, sensibilizado pela ausência de coordenação dos serviços, evidencia a necessidade de aliados que fortaleçam a Atenção Básica, a valorização da comunicação clara e objetiva e o aprimoramento do uso de recursos tecnológicos para melhor abordar os usuários à distância, garantindo vínculo e corresponsabilização.
DESCRITORES: Infecções por Coronavírus. Pandemias. Atenção Primária à Saúde. Estratégia Saúde da Família. Telemonitoramento.
ABSTRACT
Objective: to report the experience of a resident physiotherapist, during the COVID-19 pandemic, in a municipality to the Health Region of Foz do Rio Itajaí, in Santa Catarina. Method: for structuring this article, two axes were listed: (1)the pre-pandemic resident’s work process; (2)the work process reorganization in the face of the new coronavirus. As a transversal axis, the weaknesses of the team and the municipal health management were reported, as well as the lessons learned from this process. Results: the pandemic of the COVID-19 imposed changes in the work process of the residents who started to dedicate themselves to the elaboration of educational materials and the telemonitoring of users and groups monitored by Primary Care. In this pandemic moment, the weaknesses became evident, the displacement of preceptors and members of management to Specialized Outpatient Care, fragmented the performance of residents, added to the communication problems, compromised the interpersonal relationship and the team alignment. Conclusion: the unpredictable scenario of a pandemic, sensitized by the lack of coordination of services, highlights the need for allies to strengthen the Primary Care team, the valuetion of clear and objective communication and the improvement of the use of technological resources to better approach users remotely, ensuring bonding and co-responsibility.
DESCRIPTORS: Coronavirus Infections. Pandemics. Primary Health Care. Family Health Strategy. Telemonitoring.
INTRODUÇÃO
Desde dezembro de 2019 o mundo vem enfrentando um dos maiores desafios sanitários registrados na história: a pandemia do novo coronavírus. Os primeiros casos da doença, identificada como COVID-19, ocorreram num mercado de peixes e animais exóticos na cidade de Wuhan (Hubei, China), provocando um quadro de infecção respiratória grave entre as pessoas acometidas.1-5 A rápida velocidade de transmissão, propagada por meio de gotículas, mãos ou superfícies contaminadas, marcou um espiral crescente do número de casos e de mortes, esgotando, abruptamente, a capacidade instalada dos serviços hospitalares.4
A doença, até então considerada um surto, alastrou-se pela China, levando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar “Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional”, em 30 de janeiro de 2020.1-4 A infecção pelo novo coronavírus ganhou proporções continentais com epicentros na Europa, Estados Unidos da América (EUA) e Brasil, constituindo-se numa pandemia.6 Até Agosto de 2020 haviam 25.118.689 de casos confirmados em mais de 180 países e territórios.7
O Ministério da Saúde do Brasil declarou “Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional” no dia 3 de fevereiro de 2020, com o objetivo de conferir maior agilidade na tomada de decisões na preparação do país para o enfrentamento da pandemia.8 O primeiro caso confirmado ocorreu em 26 de fevereiro e a primeira morte atribuível à doença teria ocorrido no dia 17 de março, em São Paulo.7
Particularmente em Santa Catarina, os dois primeiros casos foram confirmados em 12 de março, na capital Florianópolis - um dia após a OMS ter conferido à COVID-19 o status de pandemia. Com a constatação da transmissão comunitária, o governo do estado decretou, no dia 17 de março de 2020, regime de quarentena, ou seja, a restrição drástica da circulação de pessoas, estabelecendo regras para a suspensão do transporte coletivo municipal, intermunicipal e interestadual; atividades não essenciais, eventos com público e entrada de novos hóspedes no setor hoteleiro.9
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