RESUMO DO TRABALHO DE FORMAÇÃO INTEGRAL EM SAÚDE – FISIOTERAPIA
Por: Camilla Souza • 2/5/2017 • Seminário • 2.479 Palavras (10 Páginas) • 5.010 Visualizações
RESUMO DO TRABALHO DE FORMAÇÃO INTEGRAL EM SAÚDE – FISIOTERAPIA
Modelo da História Natural da Doença
Com o surgimento no mundo da saúde coletiva, entre os anos 50 e 70 e diante da criação da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial de Saúde (OMS), após a Segunda Guerra Mundial adotou-se o conceito de saúde, como a “saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não mera ausência de moléstia ou enfermidade” (WHO, 1948).
O modelo elaborado por Leavell e Clark (1976), é multicausal e entende a saúde como um processo. Segundo a lógica da causalidade, o restabelecimento da normalidade assume uma visão positiva da saúde, que valoriza a prevenção de doenças. De forma a adotar intervenções que promovam a saúde e doenças, em uma abordagem individual e coletiva, considerando as doenças como transmissíveis e não transmissíveis.
No modelo biomédico unicausal a saúde é entendida como a ausência da doença, já no modelo multicausal, estuda se a história natural da doença e as relações entre o agente, hospedeiro e meio ambiente.
A epidemiologia adotou novo método sistemático para prevenir e controlar doenças nas populações. Segundo este, no meio externo, ocorre a interação entre agente e determinantes e a doença se desenvolve no meio interno do organismo.
O adoecimento sofre influência dos fatores externos que podem ser classificados segundo a natureza física, biológica, sociopolítica e cultural. As modificações químicas, fisiológicas e histológicas próprias da moléstia ocorrem no meio interno do organismo, ou seja, onde atuam fatores hereditários congênitos, o aumento, ou a diminuição das defesas e as alterações orgânicas.
O processo natural da doença compreende os seguintes períodos: prépatogênico e patogênico.
Período pré – patogênico
Nesse período não há manifestação da doença, os agentes físicos e químicos, agentes nutricionais, agentes genéticos, determinantes econômicos, culturais e psicossociais interagem com o indivíduo, tornando-o vulnerável. É nesse nível que são adotadas as medidas de atenção primária, no qual se atua com o coletivo por meio de ações de promoção a saúde, prevenção e proteção a doença.
Período patogênico
O processo patológico está ativo, nesse período iniciam as primeiras modificações no estado de normalidade, desencadeadas pela ação de agentes patogênicos. Observam-se alterações bioquímicas nas células, provocando alterações morfológicas, ou seja, na forma e no funcionamento dos órgãos e sistemas, podendo evoluir para sequelas e incapacidades, morte ou cura.
Segundo PUTTINI (2010), as críticas ao Modelo da História Natural das Doenças, multicausal, é que, embora reconheça as múltiplas causas no processo saúde/doença, as determinações sociais ainda são consideradas de forma secundária e a abordagem dada à saúde se restringe a causa das patologias. E acrescenta ainda que a História Natural das Doenças não pode ser considerada como natural.
Modelo de Determinação Social da Doença
Fundamentado nas críticas ao modelo epidemiológico baseado no discurso preventivo, no conceito epidemiológico de risco de agravos, surge o desafio de integrar a epidemiologia e seus métodos na promoção de saúde.
Esse modelo de determinação social da saúde parte de um entendimento diferenciado e não restrito apenas ao aspecto biológico. Nessa concepção entende-se a saúde enquanto qualidade de vida, que é resultante de um conjunto de fatores, como trabalho, habitação, alimentação, renda e acesso a serviços, que se associam.
Nesse sentido, ao estudar, é importante compreender e abordar as condições da vida cotidiana que levam a desigualdades sociais na saúde.
Os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) têm sido descritos como “as causas das causas”, que incluem as condições mais gerais sociais, econômicas, culturais e ambientais de uma sociedade, e relacionam-se com as condições de vida como trabalho, habitação, saneamento, ambiente de trabalho, serviços de educação e saúde, incluindo também a redes sociais e comunitárias.
Esses determinantes influenciam os estilos de vida, por exemplo: a prática de exercícios, hábitos alimentares, o hábito de fumar, de uso de álcool entre outras.
Estão também condicionados pelos determinantes sociais de saúde.
Para se atingir a condição de saúde, ou seja, de bem estar, é preciso que o indivíduo possua recursos psicológicos, sociais e físicos para manter-se em equilíbrio.
Promoção de Saúde
O termo “promoção da saúde” surgiu em 1920, quando Winslow definiu como o esforço da comunidade organizada para alcançar políticas que melhorassem as condições de saúde e os programas educativos para a população. Posteriormente, em 1946, Sigerist definiu como tarefas essenciais da medicina a promoção da saúde, prevenção de enfermidades e acidentes e a atenção curativa.
No modelo da História Natural da Doença proposto por Leavell & Clark em 1965, a promoção da saúde aparece incluída no conjunto de ações a ser desenvolvidas no primeiro nível da atenção, a prevenção primária, não direcionada à prevenção de determinadas doenças, mas voltada a aumentar a saúde e o bem estar geral.
Nesse conceito, a prevenção primária estaria mais relacionada a uma mudança em alguns hábitos ou práticas do que a ações coletivas sobre o ambiente ou o espaço.
Surgiram críticas a essa concepção da promoção de saúde, devido ao fato de responsabilizar os indivíduos sobre os efeitos maléficos que seus hábitos de vida não saudáveis trazem a sua condição de saúde. Decorrendo dessa responsabilização, a noção de culpabilidade e ignorando as causas reais, sociais, econômicas e culturais que estão fora da governabilidade individual, demandando ações e políticas governamentais.
Em 1974 surgiu o movimento de promoção de saúde, no Canadá, por meio do informe Lalonde, que apontava a necessidade de buscar alternativas para combater os custos crescentes da assistência médica e reduzir o impacto das doenças crônico degenerativas. Este é considerado um marco na promoção de saúde, pois a partir daí amplia-se o olhar, deixando de focalizar apenas na assistência médica, e propõe cinco estratégias para enfrentar os problemas no campo da saúde, que são: a Promoção de Saúde, Regulação, Eficiência da Assistência Médica, Pesquisa e Fixação de Objetivos.
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