A Doença de Parkinson

Em 1817, o médico inglês James Parkinson realizou a primeira descrição da paralisia agitante, que viria ser conhecida como a doença de Parkinson (DP), em um estudo intitulado “An essay on the shaking palsy”, que incluiu seis indivíduos com alterações motoras semelhantes, uma condição caracterizada por movimentos involuntários trêmulos, fraqueza muscular com alterações posturais e de marcha (Beitz, 2014). Anos mais tarde, em 1865, William Rutherford renomeou a condição como DP, nome popularizado por Jean-Martin Charcot nos anos 1880 (Goedert et al, 2017). Charcot apresentou novas contribuições para o entendimento da DP, descreveu os quatro sinais cardinais da doença: tremor, bradicinesia, rigidez muscular e ataxia, e sugeriu novos critérios para o diagnóstico e tratamento (TEIVE, 1998).

Estudos epidemiológicos indicam que a expectativa de vida humana mundial tem aumentado, ou seja, a população está envelhecendo. Em 2016, a Organização Mundial de Saúde publicou que a expectativa de vida mundial média é de 71,4 anos, e um estudo de Kontis e colaboradores (2017), previu um aumento dessa expectativa de vida em 1-7 anos até 2030.

O envelhecimento é o fator de risco mais consistente para o desenvolvimento de um quadro neurogenerativo, como o da DP, a segunda doença mais comum nos idosos, que afeta aproximadamente 1% da população mundial na faixa etária superior a 65 anos (Saito, 2011). No mundo, a estimativa de incidência anual da DP varia de 5 a mais de 35 novos casos a cada 100 mil pessoas (Poewe et al., 2017), e o número de indivíduos com a doença deve dobrar entre 2005 e 2030 (Dorsey et al., 2007). O sexo é um fator de risco importante para o desenvolvimento da doença, a DP possui maior incidência no sexo masculino quando comparado ao feminino, com uma taxa de aproximadamente 2:1 (Savica et al., 2013; Jurado-Coronel, 2018). Estudos indicam a maior prevalência da doença em caucasianos dos continentes Europeu e Américas do norte e sul (Savica et al., 2013; Willis et al., 2010; Kalia et al., 2015).

A DP é caracterizada pela morte das células nervosas dopaminérgicas e formação de corpos de Lewy, que é o acumulo da α-sinucleina neuronal. A α-sinucleína é uma proteína abundante no sistema nervoso, e possui maior expressão no núcleo e nos terminais pré-sinápticos neurais, porém, quando ocorrem erros em seu processo de enovelamento, essa proteína tende a se aglutinar, e o depósito de α-sinucleína é comumente relacionada a um prognóstico ruim, incluindo comprometimento funcional das mitocôndrias, problemas na homeostase proteica, e danos as membranas plasmáticas dos neurônios (Cremades et al., 2012).

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