Determinação da Dose Letal
Por: Andressa Miranda • 5/10/2016 • Relatório de pesquisa • 1.345 Palavras (6 Páginas) • 1.117 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E FARMACOLOGIA
DISCIPLINA: FARMACOLOGIA PARA MEDICINA
PROFESSOR: DR. PAULO MARQUES DA SILVA CAVALCANTI
DETERMINAÇÃO DA DOSE LETAL (DL50) DO TIONEMBUTAL SÓDICO EM CAMUNDONGOS Mus musculus
ANDRESSA PIRES MIRANDA (2014914412)
Teresina, Maio de 2016.
INTRODUÇÃO
Todos os fármacos possuem a capacidade de desencadear algum efeito tóxico, apesar dos benefícios terapêuticos. Por essa razão, durante a investigação clínica de um fármaco, é fundamental equilibrar a decisão terapêutica com possíveis riscos potenciais. Uma das formas de fazer essa avaliação se inicia nos estudos pré-clínicos, em que os testes são realizados em animais, e consiste no cálculo do índice terapêutico (IT). Experimentalmente, encontra-se a dose efetiva mediana (DE50), que é a dose necessária de fármaco para produzir efeito específico em 50% da população de animais, e a dose letal mediana (DL50), a qual representa a dose necessária para produzir efeito tóxico fatal em 50% dos animais. A relação DL50/DE50 fornece o índice terapêutico, que define a seletividade do fármaco para produzir os efeitos desejados. Na fase clínica dos estudos, DL50 refere-se à dose suficiente para produzir efeitos tóxicos nas pessoas (não necessariamente fatais) e assim avalia-se o índice terapêutico clínico (BRUNTON et al, 2012).
Com base nisso, essa prática visou um estudo da toxicidade do tionembutal sódico em camundongo Mus musculus, correlacionando a dose com os efeitos terapêuticos, que possibilitou a determinação tanto do DL50, quanto do DE50.
MATERIAIS E MÉTODOS
Realizou-se o experimento com 45 animais da espécie Mus musculus e com o fármaco anestésico tionembutal sódico nas concentrações de 5, 10 e 20 mg/mL.
Primeiramente, marcou-se e mediu-se a massa dos animais utilizando-se uma balança mecânica. Dividiu-se, então, os animais em 3 grupos de 15, sendo um grupo para cada bancada. Em seguida, subdividiu-se cada grupo de 15 animais em 3 grupos de 5, sendo o primeiro grupo de 5 o que receberia a dose de 50 mg/kg, o segundo grupo de 5 o que receberia a dose de 100 mg/kg e o terceiro grupo de 5 o que receberia a dose de 200 mg/kg. Para o grupo de dose 50 mg/kg, utilizou-se tionembutal sódico na concentração de 5 mg/mL. Para o grupo de dose 100 mg/kg, utilizou-se o tionembutal sódico na concentração de 10 mg/mL. Para o grupo de dose 200 mg/kg, utilizou-se o tionembutal sódico na concentração de 20 mg/mL. Para cada grupo de 5 animais, calculou-se o volume do medicamento a ser aplicado, baseado em seus respectivos grupos de dose e concentrações. Aplicou-se, então, por via intraperitoneal o fármaco e anotaram-se os horários de aplicação em cada animal.
Após 20 minutos da aplicação, observou-se cada um dos animais, determinando a porcentagem de animais anestesiados e a porcentagem de animais mortos para cada dose, através de testagem de reflexos, determinação do comportamento e constatação da respiração pela expansão tóraco-abdominal. Reuniram-se, então, os dados de todas as bancadas para fazer a tabulação dos resultados, determinar as doses letal e efetiva mediana do tionembutal sódico nos camundongos Mus musculus, índice terapêutico e, assim, construir um gráfico, utilizando o programa Microsoft Excel 2010, correlacionando a eficácia da droga (anestesia) e seu risco letal (morte).
A partir do gráfico, determinou-se os valores da dose eficaz mediana e da dose letal mediana do tionembutal sódico na espécie Mus musculus. O índice terapêutico (IT) do fármaco também foi calculado, utilizando-se a fórmula IT=DL50/DE50.
Após coletados os resultados, os animais foram sacrificados aplicando-se uma injeção letal de tionembutal sódico.
RESULTADOS
TABELA 1.0: EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO INTRAPERITONEAL DE DOSES DE 50 mg/kg, 100 mg/kg E 200 mg/kg DE TIONEMBUTAL SÓDICO EM 45 Mus musculus. TERESINA, 2016.
DOSAGEM | Nº DE ANIMAIS | ANESTESIADOS | MORTOS | % ANESTESIADOS | % MORTOS |
1ª DOSE (50 mg/kg) | 15 | 11 | 0 | 73,3% | 0% |
2ª DOSE (100 mg/kg) | 15 | 15 | 5 | 100% | 33,3% |
3ª DOSE (200 mg/kg) | 15 | 15 | 9 | 100% | 60% |
Fonte: Pesquisa direta. Laboratório de Farmacologia. 84ª turma de medicina da Universidade Federal do Piauí.
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FIGURA 1.0: GRÁFICO DOSE (mg/kg) X PORCENTAGEM DOS EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO INTRAPERITONEAL DE TIONEMBUTAL SÓDICO EM Mus musculus. TERESINA, 2016.
Fonte: Pesquisa direta. Laboratório de Farmacologia. 84ª turma de medicina da Universidade Federal do Piauí.
Legenda: DE 50 = dose eficaz mediana; DL 50 = dose letal mediana.
TABELA 2.0: VALORES DA DOSE EFICAZ MEDIANA (DE50), DOSE LETAL MEDIANA (DL50) E ÍNDICE TERAPÊUTICO (IT) DE TIONEMBUTAL SÓDICO EM Mus musculus. TERESINA, 2016.
DOSE EFICAZ MEDIANA | DOSE LETAL MEDIANA | ÍNDICE TERAPÊUTICO |
30 mg/kg | 160 mg/kg | 5,3 |
Fonte: Pesquisa direta. Laboratório de Farmacologia. 84ª turma de medicina da Universidade Federal do Piauí.
DISCUSSÃO
O tionembutal sódico, droga utilizada no experimento, pertence à classe dos barbituratos depressores do SNC. Por ser altamente lipofílico, atravessa facilmente a barreira hematoencefálica, o que permite que uma boa quantidade atinja os locais de ação e cumpra seu efeito. Sua ação se dá através da interação com o receptor GABAA nas membranas neuronais do sistema nervoso central, potencializando os efeitos inibitórios do GABA. Também deprime as ações dos transmissores excitatórios, além de exercer efeitos não-sinápticos sobre a membrana, possuindo múltiplos locais de ação, o que o torna capaz de induzir anestesia cirúrgica completa. Essa droga causa morte por depressão respiratória, pois reduz sensibilidade do centro respiratório bulbar ao dióxido de carbono, e cardiovascular, com efeito depressor do miocárdio e sua capacidade de aumentar a capacitância venosa. Se administrado em grandes doses, daí o grande interesse clínico em determinar até que ponto essa droga estará sendo benéfica para um paciente (KATZUNG, 2006).
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