Diário de campo - “Trilha etnográfica nas feiras livres do Município de Parnaíba - PI”

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI)

CAMPUS MINISTRO REIS VELLOSO (CRMV)

CURSO DE MEDICINA

BPPB I – BASE DOS PROCESSOS PSICOSSOCIAIS I

DIÁRIO DE CAMPO:

“Trilha etnográfica nas feiras livres do Município de Parnaíba - PI”

BRUNO HENRIQUE BATISTA VALCÁCER

Parnaíba – PI

2017

De forma inicial, pode-se observar que historicamente a cidade de Parnaíba já obteve diversas lutas entre os comerciantes para a busca pela infraestrutura da cidade, por exemplo. Em relação à vivência atual de diversos comerciantes, no dia 19 de setembro foram realizadas algumas visitas às feiras livres “Mercado Caramuru”, “Mercado da Guarita” e “Mercado da 40”, pelo período da manhã. Esses encontros foram de extrema importância para o reconhecimento dos alunos sobre estilo de vida de diversos trabalhadores e clientes (concomitantemente pacientes), além também tanto da questão da saúde quanto ao processamento dos produtos que encontram-se a venda.

A partir dessa introdução, a primeira feira a ser ressaltada é a “Caramuru”, localizada no bairro Pindorama. Minutos após a chegada, ao ver animais como gatos perto da venda dos peixes, tirei uma foto, mas logo fui um pouco que repreendido por um dos funcionários. Pude perceber a partir dessa cena que os trabalhadores da feira apresentam certo receio quanto à visita (mesmo que apenas de estudantes/professores e não de fiscais). Paulo, que trabalha vendendo legumes e verduras no local há 2 anos, reclamou sobre a falta de organização das verbas e afirmou que os trabalhadores daquela feira se ajudam quando há necessidade, contando também com um vigia que, ao reunir o dinheiro com os mesmos, tenta manter a segurança do local durante o período da madrugada. Quanto a conversa com o Sr. Valdir, que trabalha na feira há 4 anos, afirma que há 20 anos atrás os indivíduos vendiam os produtos no próprio chão, que a vigilância só aparece de 2 a 3 vezes durante o ano. Além disso, ressaltou a importância de investimentos no local, sobretudo na estrutura, em cerâmicas, madeiras novas, por exemplo, e que a situação atual causa diversas consequências negativas, como o surgimento de lacraias, aranhas, e diversos outros animais, com, inclusive a falta de dedetização no ambiente, sendo o espaço localizado no centro de Parnaíba, ou seja, de extrema importância. Para a parte interpessoal dos trabalhadores, já afirmou que as relações são bastante bem intensas, seja de brigas, seja de conversas tranquilas, sendo que há muitas brigas quase todo dia, normalmente quando há engano nos produtos (um funcionário pega a caixa do outro, que é parecida, por exemplo). Quanto a última entrevistada, Dona Francisca, ela já trabalha na feira há 10 anos, todos os dias da semana, mantendo todo seu sustento do próprio local, afirmando que, em média, a renda mensal dos donos dos pontos comerciais que vendem galinha, assim como ela, é por volta de mil reais. Dona Francisca acredita que ultimamente a feira está bem mais calma, mas quando perguntada sobre alguma situação que chamou a sua atenção, afirmou sobre uma briga em que um homem cortou a barriga de um senhor, há 3 anos.

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No tocante à visita no “Mercado da Guarita”, no bairro São Francisco da Guarita, encontrei o Sr. Antônio, que apresenta 25 anos de feira, informando que o pessoal é unido e que o ambiente está passando por uma reforma. Logo depois, tive a oportunidade de conversar com Valdinar, administrador do mercado, que comentou sobre a reforma como uma prevenção de problemas, e que previsão de entrega de novos telhados, concretos e 4 novas colunas, está para daqui a 25 dias. Por último, acabei tirando uma selfie com um simpático senhor que trabalhava junto com o Sr. Antônio, que fez questão de falar com alegria seu nome todo: Francisco de Assis Matos de Ramos. Incrível perceber que mesmo em trabalhos que parecem monótonos e cansativos, a alegria parece uma alternativa (e a mais eficiente delas) para a busca pela superação nos desafios da vida.

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