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Orientação Nutricional para a prática de atividades física e esportes - Prática Baseada em Evidências

Por:   •  3/2/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.514 Palavras (7 Páginas)  •  653 Visualizações

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Livro Nutrologia Pediátrica – Prática Baseada em Evidências

Carlos Alberto Nogueira de Almeida

Elza Daniel de Mello

Capítulo 32 – Orientação Nutricional para a prática de atividades física e esportes

        Durante a infância, a prática desportiva deve ser prioritariamente lúdica e suas características não levantam problemas relativos à necessidades nutricionais. Já o adolescente que pratica esportes apresenta necessidades nutricionais únicas, relativas tanto às exigências do treino e da competição quanto à inerência de seu crescimento e maturação física. Nesse caso, a idade, o estádio pubertário, as características do exercício e a intensidade e frequência do treino são determinantes no aconselhamento nutricional, que é bastante difícil já que esses fatores são muito variáveis.

Necessidade Nutricionais

        Para a criança ou adolescente praticantes de esportes, uma dieta equilibrada e variada, contendo quantidades adequadas de macronutrientes, micronutrientes e fluidos é fundamental para o fornecimento adequado da energia necessária à otimização da performance desportiva, devendo garantir, simultaneamente, adequados crescimento e maturação. É mandatória a monitoração do peso, da composição corporal, da velocidade de crescimento e da progressão da puberdade e, em algumas situações, também alguns parâmetros analíticos (hemograma e metabolismo do ferro) e de saúde óssea (densidade e massa óssea).

Necessidades Energéticas

        O cálculo e a manipulação das necessidades energéticas da criança e, mais particularmente, dos adolescentes são complexos. A energia necessária ao crescimento deve ser levada em consideração. Portanto, serão necessárias calorias extras durante o pico de aceleração de crescimento e, sobretudo, para repor e energia gasta após qualquer evento desportivo.

        O método mais prático de cálculo da disponibilidade energética consiste na quantificação da ingestão e posterior comparação com a energia gasta em função do exercício, recorrendo a indicadores objetivos da adequação ao suprimento energético, como peso, altura, velocidade de crescimento e composição corporal.

Necessidades em Macronutrientes

Proteínas

- O suprimento proteico total, desde que esteja garantindo um adequado suprimento energético, não constitui matéria de preocupação no jovem atleta.

- Devem ser seguidas as recomendações existentes para o adulto atleta (1,35 a 1,6 g/Kg/dia). Não existe evidência científica específica sobre as recomendações acerca do suprimento proteico para crianças e adolescentes desportistas.

- Devem ser promovidos hábitos alimentares que garantam a oferta regular de proteínas de elevada qualidade em moderada quantidade ao longo do dia.

- Deve-se ter atenção quanto ao uso de um suplemento após um treino físico intenso.

- O excesso de consumo proteico não apresenta vantagens, resultando em um aumento da oxidação de aminoácidos e do risco de obesidade.

- Modalidades desportivas que condicionam controle do peso corporal (ginástica, equitação, atletismo), bem como adolescentes vegetarianos ou veganos são considerados grupos de risco, podendo existir compromisso do crescimento, da maturação e da performance.

- Boas fontes de proteína: carnes magras, aves, peixes, ovos, laticínios, leguminosas secas e frutos secos.

Hidratos de Carbono

        Os hidratos de carbono (HC) são a principal fonte energética para o trabalho muscular e cerebral. Estão armazenados na forma de reserva de glicogênio (hepático e muscular) e de glicose circulante, sendo o glicogênio muscular a energia mais disponível para o exercício. A ingestão diária total de HC deve corresponder a 45 a 65% do VET e o seu consumo deve ocorrer, de preferencia, logo após um exercício intenso ou longo. Os HC da dieta retardam a fadiga e aumentam a performance em exercícios de resistência.

        Não existem recomendações quanto ao consumo de HC no jovem atleta. Para o cálculo das necessidades devem ser levados em conta as características do exercício, como duração, intensidade e tipo, além da massa corporal do indivíduo. Assim, o aporte de HC deve ser regular, individualizado e calculado de forma a suprir as necessidades diárias em função das características da atividade realizada, devendo dar-se atenção particular ao seu consumo durante e imediatamente após o exercício.

        Boas fontes: cereais, vegetais, frutos, leite e iogurte.

Gorduras

        Há poucos estudos sobre o consumo de gorduras em crianças e adolescentes praticantes de esportes. Apesar de ser importante para o crescimento e a maturação, a relação ca gordura com a performance ainda não é clara.          

        As recomendações são às para a população em geral com mais de 3 anos (25 a 35% do VET, com gordura saturada e ácidos graxos trans não ultrapassando 10%), devendo-se encorajar o consumo de gordura insaturada.

        Caso se pretenda uma redução ponderal num atleta com excesso de peso deve-se reduzir o aporte de gordura, e não de HC ou proteínas.

        Boas fontes: carne magra, aves, peixes, nozes, laticínios, azeite e óleo de canola.

Água e outros líquidos

        Não há recomendações específicas para o consumo de água em idade pediátrica durante o exercício. Como o risco de desidratação e golpe de calor é semelhante ao de adultos, as recomendações de ingestão de líquidos também devem ser similares.

        Deve-se encorajar a ingestão moderada de líquidos antes e durante o exercício, e ad libitum após o mesmo.  As crianças e adolescentes praticantes de esporte regular não devem beber bebidas desportivas (com adição de HC e eletrólitos), já que a perda de sódio é menos que do adulto, e pelo risco de obesidade. Já para atletas de competição o seu uso pode trazer benefícios.

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