CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO E SAÚDE
Por: Giuliana Rizzo • 25/10/2020 • Trabalho acadêmico • 1.283 Palavras (6 Páginas) • 223 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO[pic 1]
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO E SAÚDE
PROPOSTA PRELIMINAR DE ESTUDO Candidato: Giuliana Rizzo Taveira Tema: Perfil das crianças beneficiadas com fórmulas para alergia à proteína do leite de vaca (APLV) disponibilizadas pelo o Governo do Estado do Espírito Santo. Linha de pesquisa: Diagnóstico e Intervenção em Nutrição e Saúde. |
INTRODUÇÃO |
Alergia alimentar é uma reação adversa do organismo à alimentos saudáveis que proporcionam alterações no equilíbrio do sistema imunológico (VENTER, et al., 2017). A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é a alergia alimentar que mais afeta as crianças até 3 anos de idade e é caracterizada pela reação às proteínas do leite, principalmente à caseína e às proteínas do soro (alfa-lactoalbumina e beta-lactoglobulina) (KOLETZKO, et al., 2012; VIEIRA, et al., 2004). Dados sobre a prevalência de APLV são difíceis de ser encontrados. Estudos europeus de coorte, dos últimos 15 anos, sugerem que a prevalência da APLV é entre 1,9 % e 4,9%. (VANDENPLAS; DE GREEF; DEVREKER, 2014). No Brasil, um estudo mostrou a existência de suspeita de APLV, em 7,7% das crianças. Os resultados sugeriram a incidência e a prevalência de APLV de, respectivamente, 2,2% e 5,7% (CARDOSO, et al., 2012). Até o momento há poucos estudos nacionais ou regionais que tenham avaliado com exatidão a prevalência de APLV (ROSÁRIO, et al., 2013). Nos últimos anos tem-se visto um aumento na incidência de APLV, no entanto as causas ainda não estão esclarecidas, alguns autores apontam a influência de fatores ambientais, como aumento do número de partos cesáreos, uso excessivo de antibióticos, estilo de vida e mudanças alimentares (SAMPSON, 2004) (CEARÁ, 2019). Recentemente, um estudo no Japão concluiu que a introdução precoce de fórmulas infantis à base de leite de vaca está associada a maior prevalência de diagnóstico de APLV. (URASHIMA, et al., 2019). O diagnóstico da APLV baseia-se nas manifestações clínicas, na resposta à dieta de exclusão e posterior teste de provocação oral (TPO), para confirmação do diagnóstico. Após a confirmação, o tratamento consiste na retirada do leite de vaca (LV) e seus derivados da dieta materna e se necessário, na sua introdução de fórmulas à base de proteína isolada de soja, de proteínas extensamente hidrolisadas ou de aminoácidos, a depender de critérios clínicos (SOLÉ, et al., 2018). O Estado do Espírito Santo possui protocolo para dispensação de fórmulas infantis especiais para APLV desde 2010 (ESPÍRITO SANTO, 2010). No entanto, até o momento não há relato, na literatura, de estudo realizado no Estado do Espírito Santo sobre pacientes portadores de APLV. A implantação desse e de outras iniciativas isoladas de protocolos governamentais, municipais ou estaduais, faz-se necessária para avaliar a indicação das fórmulas e dispensação às crianças que necessitam de uma fórmula hipoalergênica, com o objetivo racionalizar o uso das fórmulas e dos recursos públicos, em virtude do alto custo de fórmulas específicas, bem como de reduzir os riscos nutricionais advindos de uma indicação inadequada. (AGUIAR, et al., 2013). Dada a escassez de publicações sobre o perfil das crianças com diagnóstico de APLV no país, considerando o aumento de crianças com suspeita e com diagnóstico de APLV e o alto custo das fórmulas hipoalergênicas, entende-se a necessidade de realizar um estudo que identifique e trace o perfil dessas crianças (AGUIAR, et al., 2013). |
OBJETIVOS DO ESTUDO |
O objetivo deste estudo é identificar o perfil das crianças com APLV beneficiadas pelo protocolo de dispensação de fórmulas infantis especiais do estado do Espírito Santo (ES). Objetivos específicos: a) Identificar dados sociais das crianças beneficiadas com a fórmulas para e alergia à proteína do leite de vaca (APLV); b) Identificar fatores relacionados ao nascimento, à exposição à proteína do leite de vaca e fatores clínicos e nutricionais das crianças; c) Avaliar evolução clínica e nutricional das crianças durante o período de utilização das fórmulas; |
METODOLOGIA |
Pretende-se realizar um estudo transversal, para análise dos dados oriundos dos prontuários utilizados pela Secretaria de Estado da Saúde (SESA/ES) para onde são encaminhados todas as documentações para solicitações de fórmulas específicas para Alergia à Proteína do Leite de Vaca. Serão coletados dados sobre o perfil social (idade, sexo, procedência, referência SUS ou NÃO SUS, fatores associados ao nascimento (peso ao nascer, idade gestacional, tipo de parto) sobre a exposição à proteína do leite de vaca (idade da exposição e forma de apresentação se através do aleitamento materno ou fórmulas infantis), e sobre sintomas clínicos e dados nutricionais (estado nutricional no início do tratamento, presença e tempo de aleitamento e tipo de fórmula indicada). Após os dados coletados, os resultados serão apresentados de forma descritiva e será possível traçar o perfil das crianças com diagnóstico de APLV beneficiadas pelo protocolo do estado do ES o que contribuirá para a adoção de estratégias no manejo e tratamento da APLV. Esse trabalho será submetido à Comissão para Análise de Pesquisa no Âmbito da Rede Estadual de Saúde, vinculado ao Núcleo Especial de Desenvolvimento de Recursos Humanos (NUEDRH) da SESA, conforme a Portaria 248-S de 05/07/2016. |
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS |
AGUIAR, Ana Laissa O., et al. Avaliação clínica e evolutiva de crianças em programa de atendimento ao uso de fórmulas para alergia à proteína do leite de vaca. Revista Paulista de Pediatria, v. 31, n. 2, p. 152-158, 2013. CARDOSO, A. L. Manejo nutricional na alergia à proteína do leite de vaca. Pediatr. mod, v. 48, n. 11, 2012. ESPÍRITO SANTO. SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE. Portaria 054-R de 28 de abril de 2010. Dispõe sobre critérios de uso de dieta enteral para adolescentes e adultos. Diário Oficial do Estado do Espírito Santo. Vitória, 29 abril. 2010. p. 25. CEARÁ. SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO. Protocolo Clínico para Pacientes do Programa de Alergia à Proteína do Leite de Vaca – 2 ed. – Fortaleza: Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, 2019. Disponível em: <http//www.saude.ce.gov.br/downloads/>. Acesso em: 13 nov. 2019. KOLETZKO, S. et al. Diagnostic Approach and management of Cow´s – Milk Protein Allergy in infants and Children: ESPGHAN GI Committee Practical Guidelines. Journal of pediatric gastroenterology and nutrition, New York, v. 55, n. 2, p. 221 - 229, ago. 2012. ROSÁRIO, N. A.; BARRETO, B. A. P. APLV Guia-35-6. ASBAI, v. 35, n. 6, p. 204–210, 2013. SAMPSON, H. A.; ACEVES, S.; BOCK, S. A.; JAMES, J.; JONES, S.; LANG, D. Food allergy: a practice para-meter update – 2014. J. Allergy Clin. Immunol. v. 134, n. 5, p. 1016-25, 2014. SAMPSON, H. A. Update on food allergy. Journal of Allergy and Clinical Immunology, v. 113, n. 5, p. 805-819, 2004. SOLÉ, D.; SILVA, L.R.; COCCO,R.R.; FERREIRA, C.T.; SARNI, R.O.; OLIVEIRA, L.C. et al. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 1 - Etiopatogenia, clínica e diagnóstico. Documento conjunto elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Arq Asma Alerg Imunol. 2018;2:7-38. SOLÉ, D.; SILVA, L.R.; COCCO,R.R.; FERREIRA, C.T.; SARNI, R.O.; OLIVEIRA, L.C. et al. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 2 - Diagnóstico, tratamento e prevenção. Documento conjunto elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Arq Asma Alerg Imunol. 2018;2:39-82. URASHIMA M.; MEZAWA H.; OKUYAMA M, et al. Primary Prevention of Cow’s Milk Sensitization and Food Allergy by Avoiding Supplementation With Cow’s Milk Formula at Birth: A Randomized Clinical Trial. JAMA Pediatr. Published online October 21, 2019. VANDENPLAS, Y.; DE GREEF, E.; DEVREKER, T. Treatment of cow's milk protein allergy. Pediatric gastroenterology, hepatology & nutrition, v. 17, n. 1, p. 1-5, 2014. VENTER, C.; BROWN, T.; MEYE, R.; WALSH, J.; SHAH, N.; NOWAK-WĘGRZYN, A. et al. Better recognition, diagnosis and management of non- IgE-mediated cow's milk allergy in infancy: iMAP-na international interpretation of the MAP (Milk Allergy in Primary Care) guideline. Clin Transl Allergy. 2017;7:26. VIEIRA, M.C. et al.. Guia de diagnóstico e Tratamento da Alergia à Proteína do Leite de Vaca. 2004. p. 9. |
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