O Resumo Hannah
Por: TrevisNorberto • 13/12/2018 • Artigo • 914 Palavras (4 Páginas) • 225 Visualizações
O objetivo desse trabalho é fazer uma análise sobre a relação do filme o “Ovo da Serpente”, de 1977, dirigido por Ingmar Bergman, com os conceitos de Hannah Arendt de totalitarismo e sobre seu pensamento em relação a natureza humana.
O filme retrata o cenário que a Alemanha passava após a Primeira Guerra mundial, na época da República de Weimar (uma espécie de social democracia). O país estava completamente devastado, vivendo uma crise política, uma instabilidade econômica, miséria, desemprego e fome. O filme vai mostrar como o antissemitismo e o pensamento totalitário vai surgindo na sociedade já na década de 20, diante esse cenário político em que o país estava mergulhado.
O filme conta a história de um judeu chamado Abel Rosenberg, que está desempregado. Ele chega na sua casa e vê seu irmão morto. Ele inicia uma busca por respostas, é ouvido pelo inspetor Bauer e procura a Manuela, que era a esposa de seu irmão. Abel e Manuela conseguem um abrigo, através da ajuda de um enigmática cientista chamado Dr. Hans Vergerus, que oferece um emprego para Abel para trabalhar na sua clínica.
Ao passar do tempo, Abel começa a desconfiar e decidi investigar o cientista e descobre que ele está fazendo experiências com seres humanos, visando a “superioridade” da espécie humana e que seu irmão havia sido vítima desses experimentos.
Esse filme mostra, então, como foi se formando o nazismo (o totalitarismo alemão). A filosofa Hannah Arendt escreve sobre as origens do totalitarismo em três obras: “Entre o passado e o futuro”, “Sobre a revolução”, “As origens do totalitarismo”. Nessas três obras, existe um ponto que é frisado o tempo todo e que se percebe nas cenas do filme de Bergman, que é a questão da autoridade e da ordem.
Para Hannah Arendt, o totalitarismo é fruto da quebra da autoridade e da desordem. O filme retrata a realidade da Alemanha naquele período, demonstrando com clareza a falta de autoridade e de caos total. Pessoas sendo agredidas nas ruas, violência urbana e até mesmo pessoas na calçada cortando um cavalo para comer sua carne são cenas que aparecem no filme, além de hiperinflação, desemprego e desvalorização da moeda. Ao se ter um confronto a ordem e se ter um problema de autoridade (devido à crise política que a sociedade alemã estava vivendo), o resultado, segundo Arendt, será a desordem, o exagero e a desobediência, que serão facilmente moldadas por um Estado Totalitário.
Um segundo aspecto para o surgimento do totalitarismo é que ele chega ao poder, porque consegue ganhar as paixões humanas. Diante do cenário que a Alemanha estava vivendo de crise política e falta de esperança, um movimento que apela a emoção e consegue “apaixonar” o povo em relação a própria nação e aos próprios sentidos, vai conseguir chegar ao poder. Pois, a tendência é que os desejos desenfreados do ser humano (sobretudo, as que visam o poder total) seja o “maquinário” que move as massas, até se chegar ao poder.
Esse é o confronto com a autoridade que Hannah Arendt fala. A autoridade não se baseia em paixões. Quando se há essa quebra da autoridade, segundo a filosofa, as totalitarismos podem surgir.
Além disso, Arendt alerta para o problema da desordem e a desobediência legal (inclusive, o nazismo tinha legislações secretas para quem comandava o poder) como um fator que pode levar ao totalitarismo. Diante do caos social e político, apresentado no filme, cabe lembrar da Constituição de Weimar que previa o Estado de Exceção, que era um meio que o governante poderia utilizar, em caso de desordem, para retomar a ordem.
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