Psicologia Aplicada à Nutrição
Por: Joseane Hammes • 6/6/2017 • Trabalho acadêmico • 1.844 Palavras (8 Páginas) • 637 Visualizações
Centro Universitário Estácio de Sá de Santa Catarina
Psicologia Aplicada à Nutrição
Professora: Mirella Alves de Brito
Ortorexia Nervosa
Joseane Maria Hammes
Abril de 2017
- INTRODUÇÃO
A crescente preocupação com uma vida mais saudável, aliada ao conhecimento dos muitos fatores que afetam a saúde humana, tem gerado mais interesse por uma alimentação saudável. A ideia de que a dieta exerce um importante papel na promoção da saúde e prevenção de do’enças está cada vez mais presente na consciência coletiva (Martins et al., 2011).
Tradicionalmente, o conceito de “alimentação saudável” tem sido relacionado apenas com o foco biológico e na adequação nutricional resultante de uma alimentação variada. No entanto, a discussão sobre ortorexia nervosa é importante para se pensar sobre o conceito de alimentação saudável com um enfoque biopsicossocial).
O termo a ortorexia nervosa é derivado do grego “orto”, que significa “correto”, e “rexia”, que corresponde a apetite. Recentemente, vem sendo descrito na literatura não como um transtorno alimentar, mas como um comportamento obsessivo patológico. (Souza et al., 2014). Sendo caracterizado por uma preocupação demasiada com a alimentação saudável. Os indivíduos que a possuem tem como foco principal a alimentação seletiva e direcionada a certos alimentos considerados saudáveis, puros e com a ausência de determinados elementos (Coelho et al., 2016).
Estudos sugerem que estudantes e profissionais da área da saúde são mais vulneráveis a desenvolverem comportamento ortoréxico, pois além de terem preocupação com o peso e a imagem corporal, são “cobrados” quanto a uma alimentação adequada (Martins et al., 2011). Para o caso de estudantes de nutrição, foco deste trabalho, é preocupante que apresentem esse comportamento, pois além dos prejuízos acarretados a si próprios, irão lidar e educar a população sobre alimentação saudável.
Sendo assim, no presente trabalho tem-se como objetivo, alertar os estudantes de nutrição sobre a existência da ortorexia e comportamento de risco, caracterizando-a e apontando os sintomas, cujas consequências afetam não apenas a saúde física e emocional do indivíduo, mas também a visão de alimentação saudável. Para tal, será feito o estudo da bilbiografia sobre o tema, uma análise de boas práticas utilizadas para a conscientização sobre o assunto e o desenvolvimento de uma prática própria que atenda ao objetivo do trabalho.
- MÉTODOLOGIA
A metodologia utilizada no presente trabalho foi de caráter bibliográfico sendo que para o levantamento, foram pesquisados artigos científicos em português através do Google Scholar, indexados em bases de dados, como a SciELO e diversas universidades brasileiras de modo a alertar aos estudantes de nutrição sobre a ortorexia e as consequências indesejáveis desse comportamento. Para tanto, entende-se que existe a possibilidade de preveni-la por meio da transmissão de informações corretas, visto que é um comportamento alimentar recente e pode ser trabalhado, em parte pela conscientização desses indivíduos.
. O termo pesquisado foi: Ortorexia e dentre os resultados encontrados, foram selecionados alguns artigos relacionados ao tema. A partir dos artigos selecionados, criou-se uma página online na rede social Facebook intitulada de “Ortorexia” (https://www.facebook.com/ortorexianao/) com informações acerca do tema. Diversos alunos do curso de Nutrição no Centro Universitário Estácio de Sá em Barreiros – São José/SC, foram convidados a conhecer, através da divulgação nas mídias como a própria rede social Facebook e também pelo aplicativo de mensagens instantâneas, WhatsApp, este último com a participação de 68 alunos de nutrição.
Metodologicamente este trabalho trata-se de uma pesquisa aplicada, objetivando resultados práticos em uma situação real por meio de pesquisa participante e qualitativa dentro de um método científico hipotético dedutivo.
- DESENVOLVIMENTO
O termo ortorexia nervosa foi criado por Steven Bratman, médico americano, que a descreveu como a fixação pela saúde alimentar caracterizada pela obsessão doentia com o alimento biologicamente puro, acarretando restrições alimentares significativas. Tal comportamento alimentar é ainda pouco explorado na literatura científica, possivelmente dada a delicadeza desse assunto claramente paradoxal, por focalizar o lado insalubre de um comportamento alimentar “obsessivamente saudável”. Além disso, a compreensão e a abordagem desse tema podem ser difíceis e até mesmo de menor interesse para profissionais da área de saúde, constantemente centrados em propagar a adoção de hábitos alimentares saudáveis, principalmente do ponto de vista biológico (Martins et al., 2011).
Os estudos apontam alguns grupos vulneráveis à ortorexia nervosa: estudantes de medicina, médicos, nutricionistas, pessoas com sintomas de ansiedade, obsessivo compulsivos e aqueles que supervalorizam o corpo perfeito.
Há diversos fatores de risco para o desenvolvimento deste comportamento como conhecimento sobre nutrição, pessoas restritivas e exigentes, indivíduos que a partir de uma doença relacionada à má alimentação começam a buscar alimentos saudáveis e atletas com preocupação relacionada à sua composição corporal (Rocha et al., 2015).
A ortorexia nervosa caracteriza-se por comportamento, no qual os indivíduos têm demasiada preocupação por alimentos classificados como saudáveis e fixação por alcançar a “dieta perfeita”, onde nem sempre estão preocupados com a imagem corporal.
Os sintomas desse transtorno descritos por Bratman são: preocupação excessiva com a qualidade dos alimentos, comportamento alimentar rígido e restritivo, conferência obsessiva dos nutrientes e dos benefícios de um determinado tipo de alimento, pensar em alimentação por mais de 3 horas diariamente, sentimento de culpa devido à alimentação não ter sido a planejada, isolamento social advindo de seu tipo de alimentação, planejamento excessivo do que comerá no dia seguinte (Martins et al., 2011).
O conceito de ortorexia nervosa tem sido alvo recente de discussão nos meios científicos, o que impossibilita o detalhamento do quadro de modo completamente claro e objetivo (Martins et al., 2011), assim, listou-se a seguir, as principais características da ortorexia nervosa levantadas a partir dos artigos pesquisados:
- Fixação em alimentação saudável, com mais de 3 horas ao dia de dedicação em torno da sua dieta.
- Definição bastante rígida do que é saudável, mas que varia de acordo com as crenças nutricionais individuais. Em geral, aditivos (corantes, conservantes) ou herbicidas, pesticidas, ingredientes geneticamente modificados, gorduras, sal e açúcares são vistos como elementos prejudiciais à saúde. A forma de preparo e os utensílios utilizados também são parte do ritual obsessivo.
- Sensação de segurança, conforto e tranquilidade vinculada à alimentação orgânica, ecológica, funcional ou com certificado de salubridade.
- Conferência obsessiva dos nutrientes e dos benefícios de um determinado tipo de alimento.
- Predominância do desejo de prevenir ou eliminar sintomas físicos (reais ou exagerados) ou de ser puro e natural, mesmo que à custa da perda de prazer na alimentação.
- Inicia-se com o desejo de melhorar a saúde, tratar uma enfermidade ou perder peso, mas, finalmente, a dieta passa a ocupar lugar central na vida, requerendo grande autocontrole para manter hábitos alimentares radicalmente diferentes daqueles típicos da sua cultura.
- Presença de traços de personalidade fóbicos e obsessivos.
- Atinge indivíduos de personalidade meticulosa, ordenada, exigentes consigo mesmos e com os demais (perfeccionistas), com exagerada necessidade de autocuidado e de proteção.
- Lapsos são acompanhados de sentimento de culpa, ou sentimento de culpa devido à alimentação não ter sido a planejada.
- É preferível jejuar a comer o que se considera impuro ou perigoso à saúde.
- Planejamento excessivo do que comerá no dia seguinte. O que comer passa a dominar o cotidiano da pessoa (desde o planejamento, aquisição, preparo e consumo dos alimentos considerados saudáveis).
- O comportamento alimentar ortoréxico se torna o único possível, gerando uma sensação de superioridade e desprezo sobre outros hábitos alimentares e estilos de vida, considerados insalubres.
- O cotidiano se torna extremamente limitado devido ao padrão restritivo de alimentação, gerando uma diminuição da qualidade de vida, conforme aumenta a “qualidade” da alimentação. Assim, a ortorexia nervosa envolve uma situação paradoxal e incoerente: é preciso manter-se saudável, mesmo que o preço seja pago com a própria saúde.
- Isolamento social decorrente do distanciamento do padrão alimentar comum à sociedade a que o indivíduo pertence.
- Sensação de solidão e de insatisfação com a própria condição.
- Tentativas insistentes de esclarecer outros acerca da “alimentação saudável”.
A prática de uma dieta restritiva pode levar esses indivíduos a desenvolverem carências nutricionais, como anemia, hipovitaminose A e B12, além de osteoporose e desnutrição (Souza et al., 2014). Além disso, com passar do tempo, diante da dedicação crescente com a dieta, esses indivíduos despendem muito tempo e esforço em torno do ato de comer. Consequentemente, há o afastamento da sociedade, pois esses indivíduos se sentem na obrigação de esclarecer aos demais os prejuízos acarretados à saúde ao se consumir alimentos “não puros”. Esse comportamento pode gerar conflitos e dificuldades de relacionamento, de modo a levar esses indivíduos ao isolamento social em sua luta por uma condição alimentar perfeccionista (Martins et al., 2011).
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