A Ascaridíase

Ascaridíase

Ascaris lumbricoides, popularmente conhecido como lombriga, é um verme nematoide da família dos Ascarídeos, de forma cilíndrica que se instala no intestino do organismo hospedeiro causando Ascaridíase (BLOCK  et al., 1987, p. 140). Ascaris lumbricoides é um dos mais comuns parasitas do mundo, infectando mais comumente África Subsaariana, as Américas, China e o leste Asiático; 1,2 bilhões de pessoas são infectadas mundialmente. No entanto, essa verminose é ainda considerada uma doença tropical de não muita importância, uma vez que a profilaxia é simples, mas mesmo assim a doença é negligenciada. (DOLD & HOLLAND, 2010).

De acordo com Chieffi e Neto (2003, p. 1) “Os modos de ocorrência e a frequência com que parasitoses intestinais são encontradas em determinadas localidades dependem de interações complexas entre hospedeiros, parasitas e ambiente”. A contaminação pelo A. lumbricoides ocorre por meio da ingestão dos ovos infectantes do parasita, procedentes do solo, água ou alimentos contaminados com fezes humanas. Sua taxa de ocorrência varia dependendo das condições de higiene, saneamento e educação da população além das condições ambientais.

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Os vermes adultos (1) vivem no intestino delgado. Uma fêmea pode produzir 200.000 ovos por dia, os quais são eliminados pelas fezes. Ovos não fertilizados (2) podem ser ingeridos, mas eles não são infectantes. Ovos fertilizados tornam-se infecciosos depois de 18 dias ou depois várias semanas (3), dependendo das condições ambientais (condições ótimas: quente, úmido, sombreado). Depois que os ovos infectados (4) são engolidos eles eclodem e atingem a mucosa do intestino delgado(5) e são carregados pela corrente sanguínea, atingindo os pulmões (6). As larvas amadurecem ainda mais nos pulmões (10 a 14 dias), penetram nos alvéolos. Ao abandonar os alvéolos passam para os brônquios, traqueia, laringe (onde provocam tosse com o movimento que executam) e faringe. Em seguida, são deglutidas (7) e atingem o intestino delgado, onde transformam-se em vermes adultos (1) e podem se acasalar. Após o acasalamento, a fêmea inicia a liberação dos ovos que serão liberadas nas fezes do hospedeiro. Os vermes adultos podem vivem no intestino durante cerca de um ano (CDC, 2015).

Essa verminose, habitualmente não causa sintomatologia, mas pode manifestar-se por dor abdominal, diarreia, náuseas e anorexia. Quando há grande número de vermes, pode ocorrer quadro de obstrução intestinal (CDC, 2015).

O diagnóstico clínico baseado nos sinais e  sintomas é geralmente feito quando há um parasitismo mais intenso, uma vez que a maioria das infecções são assintomáticas no início (DOLD & HOLLAND, 2010 e UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS). Através de exames radiológicos é possível verificar a formação de bolos de áscaris, quando já pode ocorrer obstrução da luz intestinal. O diagnóstico laboratorial pode confirmar a doença. Um hemograma irá indicar eosinofilia, que aponta uma resposta do sistema imune à presença de corpos estranhos no organismo. O diagnóstico definitivo se dá através da observação de ovos de Ascaris nas fezes, utilizando microscópio. As técnicas mais indicadas são os exames de sedimentação, como Lutz, Faust e Kato-Katz (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS).

A profilaxia da ascaridíase é feita através saneamento básico, promoção de hábitos de higiene e tratamentos anti-helmínticos. A implementação de saneamento básico contribui para a diminuição do número de ovos que podem causar infecções, sendo a alternativa mais eficiente a longo prazo. Uma mudança de comportamento em relação a higiene é fundamental, tanto ambiental quanto familiar (DOLD & HOLLAND, 2010). O tratamento anti helmíntico é geralmente indicado para crianças em idade escolar, que formam um grupo infectado com mais frequência, em locais onde há um alto número de casos e é de baixo custo (DOLD & HOLLAND, 2010). Higienizar, descarcar e cozinhar vegetais crus pode evitar a ingestão de ovos e prevenir a infecção por Ascaris (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001). Entretanto, os ovos possuem uma forte aderência e resistem a temperaturas  baixas (até 5°C). Os ovos resistem até 50 graus Celsius, então cozinhar os alimentos é uma maneira eficiente de evitar a infecção (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001 e UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS). Além disso, deve-se evitar o consumo de água não-tratada (DOLD & HOLLAND, 2010). Àqueles que não têm acesso à água tratada, deve-se ferver ou filtrar a água para consumo.