A Condição Humana
Por: Silvino Konig • 8/7/2019 • Monografia • 4.312 Palavras (18 Páginas) • 208 Visualizações
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A condição humana é uma invenção moderna em nosso mundo, já dizia Norbert Elias, sociólogo Alemão de origem judaica, que: “a humanidade é uma invenção do século XVIII”, época em que tomou corpo a “[..] estrutura da consciência e sentimentos individuais, da interação das paixões e controle das paixões, entre os níveis consciente e inconsciente da personalidade”.
Até a Idade Moderna o homem sofria muito mais com os embates da violência física do que na atualidade, com o maior controle daquela pelo aparato do Estado, este mesmo homem passou então a olhar para outros aspectos ligados à sobrevivência e à preservação da vida.
O ser humano evoluiu desta tomada de consciência para uma postura assertiva em defesa dos direitos individuais e sociais, e nos dias de hoje, em prol da qualidade e do bem estar.
Luis Flávio Gomes comenta que: “Se a tolice não fosse também uma característica humana (faz 70 mil anos que o Homo Sapiens aprimorou sua linguagem, com a Revolução Cognitiva, para expressar coisas que não existem, nas quais os humanos acreditam), jamais os demagogos populistas seriam capazes de nos “vender”o mito da segurança grátis. A construção de sociedades razoavelmente civilizadas e seguras exige muito planejamento, políticas preventivas eficientes, excelente escolarização de todos, muitos custos e gastos bem orientados, certeza do castigo e um gigantesco pacto nacional (a segurança é assunto de cada um e de todos nós).
Gomes complementa que vivemos um mito da segurança grátis, e a conceitua: “o mito da segurança grátis? É o que promete distribuir segurança e tranquilidade para todos com a mera edição de uma nova lei ou reforma penal, sem custos para ninguém.”
Para Luis Fávio Gomes, existe muita coisa de particularmente errado na formação histórica da sociedade brasileira (permissiva, anômica, não cumpridora das leis etc.), mas nada se compara com as classes dominantes (lideranças extrativistas) que a governa. São sucessivos governos de mau uso do dinheiro público: perdulários, preservadores de privilégios, fisiologistas, patrimonialistas, corruptos etc.
Não é por acaso que o Brasil é o 12º país mais violento do planeta. Esse é o resultado encontrado no levantamento do Instituto Avante Brasil, dentre 185 países, com dados de 2011, 2012 ou 2013 (fontes: UNODC e Ministério da Saúde, Datasus).
Inúmeros são os casos com os quais nos deparamos de atrocidades sociais, sejam elas físicas, psicológicas ou sociais. O homem almeja o poder desde as mais primitivas sociedades, uma busca incessante de domínio sobre o outro e posse de territórios. Aniquilar “inimigos”, escravizar povos mais enfraquecidos, é o prêmio intrínseco de toda sociedade gananciosa e sedenta da arte da manipulação.
A sociedade não pode ser tocada ou visualizada de ou em uma forma concreta como algo único. Ela encontra-se na subjetividade do todo, mas isso, não a faz parte só do mundo das ideias. Pelo contrário a sociedade é cada um de seus indivíduos e estes por sua vez são a sociedade, é inerente um ao outro, a sociedade é real.
Por existir em cada um de nós. Sociável são aqueles indivíduos que não são contraditórios entre si, são corteses, educados, tem no tratamento igualitário a qualidade de uma vida em sociedade, objetivando o mesmo fim comum. O objetivo da sociedade é a felicidade pública – através da solidariedade em busca de um mundo comum.
Dostoiévski, Fiódor, em sua obra Crime e Castigo, afirma que, aqueles que escolhem a liberdade individual, vão para a destruição moral. Esta liberdade total desejada pelo individuo o faz eliminar tudo o que o prende, o tornando um assassino. Pode-se dizer que é um ponto de vista um tanto quanto radical, pois o autor era extremamente defensor da moralidade, mas admitamos que este pensamento é de profundidade e grande intensidade.
Os seres humanos unem-se em sociedade para implantar o regime de associação, na busca de tornarem-se sociáveis. São as ações que dão resultados para socializar através de benefícios particulares a toda sociedade.
Esta realidade social em “estado social” encontra-se na busca de um mesmo fim através de leis comuns. Ocorre que esta organização social encontra-se sempre em desenvolvimento na procura de um regime social polido onde tudo é sociável. Prevendo uma possível distribuição comum a todos sobre os bens e serviços.
Hoje sobrevém uma espetacularização da sociedade, alienando seus indivíduos a uma certa anestesia social busca aproximar as diversas classes sociais. Uma aparente ilusão de que se está realizado por ter adquirido algo. A credibilidade nas pessoas físicas, jurídicas, sociais, públicas, encontra-se em crise, uma política social desacreditada.
Ortega y Gasset, complementa: “Vivemos num tempo de chantagem universal, que toma duas formas complementares de escárnio: há a chantagem da violência e a chantagem do entretenimento. Uma e outra servem sempre para a mesma coisa: manter o homem simples longe do centro dos acontecimentos”.
O querer humano dá a falsa sensação do poder, as pessoas não são mais protagonistas sociais, esta sociedade de espetáculos renega a cultura da sabedoria, busca o novo. Este novo parece não estar funcionando. Para Woltairt Os indivíduos “ediotizam-se” para mostrarem-se felizes, a pseuda sensação de poder, de possuir.
Quando dissertamos sobre sociedade, estamos também falando de seres humanos, de indivíduos únicos. Indivíduos estes que trazem impregnados suas histórias, vivências, sonhos, realizações, culturas, gerações. Consequentemente este mar de emoções psíquicas é despejado na sociedade em que fazem parte.
Estes elementos provocam conflitos sociais um “choque” entre os indivíduos, que disputam, combatem entre si. Tornando-os dentro da mesma sociedade incompatíveis. Para a psicóloga Elaine Halfield, ocorre um contágio emocional e doutrina que “o fato de sermos capazes de provocar qualquer emoção em outra pessoa – e ela em nós – testemunha o poderoso mecanismo pelo qual os sentimentos de uma pessoa são transmitidos às outras. Tais contágios são a principal transação da economia emocional, a sensação de ‘toma-lá-dá-cá’ que acompanha todo e qualquer encontro humano, independente do assunto em questão”.
Os conflitos humanos intrínsecos são aos conflitos sociais não podem ser polarizados, pois estes não consistem e nem se concentram de uma única forma. Um entendimento polarizado dos conflitos restringe o conhecimento sobre a realidade. É preciso exorcizar a inércia do desânimo do pensar, ultrapassar dificuldades e absorver esta novo modelo de sociedade, trazendo a tona novos paradigmas – dando vasta compreensão do viver e conviver.
A observação das questões conflitantes de diversos ângulos traz uma melhor compreensão do cotidiano da sociedade, tendo na resolução destes, maior eficácia e eficiência. Os indivíduos precisam ser capazes de comprometer-se mutuamente, para retornar a capacidade de humanizar.
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