A Microbiota Humana
Artigo: A Microbiota Humana. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Tafne • 16/12/2013 • 1.358 Palavras (6 Páginas) • 612 Visualizações
I. A MICROBIOTA HUMANA
O homem desde o nascimento é acompanhado por diversas sucessões até a vida adulta, onde está exposto a microrganismos no ambiente continuamente, seja em atividades cotidianas como a respiração, alimentação, sexo, entre outras. (PELCZAR JUNIOR, 1997) Contudo, esse contato permite que uma grande quantidade de microrganismos existentes, referida como microbiota normal humana, se desenvolva sobre as superfícies do corpo (pele) e no interior do corpo (boca, trato respiratório, trato gastrointestinal, trato urogenital) variando a espécie, o número de acordo com o sítio atingido e também com a idade do hospedeiro, podendo nem sempre ser benéfica ao indivíduo. (MADIGAN et al., 2004; PELCZAR JUNIOR, 1997)
No corpo humano quando os microrganismos causam prejuízo ao hospedeiro são denominados patógenos (parasitas). (MADIGAN et al., 2004).
Nessa abordagem, é possível descrever que a relação estabelecida entre parasita-hospedeiro é influenciada não somente pela patogenicidade, isto é a capacidade de um microrganismo causar dano ao hospedeiro; como também a resistência do hospedeiro à ação parasitária, mediada a partir dos mecanismos de defesa. (MADIGAN et al., 2004). Sendo assim, a patogenicidade é quantificada através do grau de capacidade do patógeno agir no interior do organismo, sendo denominado de virulência. (MADIGAN et al., 2004). A virulência proposta por Madigan et al. (2004), refere-se a quantidade necessária de células capazes de disparar a resposta patogênica no hospedeiro num intervalo de tempo, reforçando que a virulência e a resistência imunológica encontram-se sempre em constante oscilação, pressupondo que patógenos com elevada virulência tem maiores chances de desenvolver a doença. Dessa forma, se um microrganismo invade o hospedeiro e multiplica-se no seu tecido ocorre a infecção, enquanto que se o hospedeiro é susceptível à infecção, ocasionando lesão e prejuízo funcional é estabelecida a doença. (MADIGAN et al., 2004; PELCZAR JUNIOR, 1997). Por fim, a microbiota normal humana pode gerar infecções em situações em que a resistência imunológica encontra-se nos seus patamares reduzidos, desenvolvendo doenças como a AIDS e o câncer. (MADIGAN et al., 2004)
No que tange as interações hospedeiro-parasita é possível destacar que o organismo é favorável a sobrevivência de microrganismos, visto que esse disponibiliza temperatura ideal, pH e pressão osmótica relativamente constantes. (BOSSOLAN, 2002). Com esse fenômeno depreende-se que cada região corporal é distinta uma da outra (fisicamente e quimicamente) e seletiva para o desenvolvimento do microrganismo. (MADIGAN et al., 2004). Assim, o curso das infecções tem seu início nas membranas da mucosa incluindo áreas como boca, faringe, esôfago, tratos respiratório, gastrointestinal e urogenital, porém não são encontradas em ambientes estéreis como sangue, órgãos e sistema nervoso, mas que se por ventura se manifestarem é caracterizada como doença de natureza infecciosa grave. (MADIGAN et al., 2004)
Ao ser delineada as membranas mucosas é mostrada que elas possuem múltiplas células epiteliais que estão rigidamente interligadas e que possuem comunicação com o meio externo, estando envolvidas por uma superfície de glico-proteínas solúveis (muco) de maneira a preservar as células epiteliais. (MADIGAN et al., 2004) No momento do contato bacteriano com as membranas mucosas, pode ocorrer forte ou fraca associação do componente patogênico à superfície dessas células, fazendo com que se associadas frouxamente à camada superficial da mucosa, serão eliminadas por processos físicos; enquanto que se o patógeno existente aderir especificamente à superfície epitelial através de ligação proteína-proteína em virtude de um reconhecimento intercelular e codificação (proteína de adesina), há o rompimento da parede mucosa e a real invasão no tecido hospedeiro (Figura 1). (MADIGAN et al., 2004) Nesse ínterim, nem sempre o agente invasor adere com a mesma facilidade a todas as células epiteliais, necessitando muitas vezes se unir a uma região corpórea específica para depois ter acesso a outras áreas do organismo, como é o caso da Neisseria gonorrhoeae, agente etiológico da gonorréia que se adere principalmente ao tecido genitourinário através da proteína Opa até ser reconhecida pela proteína CD66 presente em células epiteliais hospedeira, mas que ao formarem a dupla (receptor-ligante) resulta no desenvolvimento da doença. (MADIGAN et al., 2004)
Figura1- Interaçōes bacterianas com as membranas mucosas. (a) Associação frouxa. (b) Adesão. (c) Invasão das células epiteliais da submucosa.
Frente a isso, na proposta de defender o organismo contra a entrada de microrganismos, a integridade estrutrural da superfície dos tecidos têm enfoque em estabelecer uma barreira à penetração de agentes invasores. (MADIGAN et al., 2004)
Nesse âmbito, a pele e os tecidos mucosos oferecem aos patógenos a possibilidade de se ligar a superfície e depois migrar para outras periferias do corpo a fim de atingir outros sítios. (MADIGAN et al., 2004) Dessa forma, superfícies da pele quando lesionadas ou que possuam esfoliação sugerem a invasão do microrganismo latente com a posterior colonização, enquanto que se preservada tem o seu efetivo mecanismo de defesa. (MADIGAN et al., 2004) As glândulas sebáceas presentes na pele têm a propriedade de secretar ácidos graxos e láctico no intuito de reduzir o pH e secretar proteínas B-defensinas ajudando a prevenir a colonização de bactérias. (MADIGAN et al., 2004)
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