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A VIDA

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Por:   •  15/4/2014  •  Tese  •  648 Palavras (3 Páginas)  •  230 Visualizações

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Sêneca

Sobre a Brevidade da Vida–

Tradutor: William Li

(Observação: os números seguidos de traço e dois pontos correspondem a um capítulo, e os

números entre parênteses, a versículos)

1 – 1: A maior parte dos mortais, Paulino, queixa-se da malevolência da Natureza, porque estamos

destinados a um momento da eternidade, e, segundo eles, o espaço de tempo que nos foi dado corre

tão veloz e rápido, de forma que, à exceção de muito poucos, a vida abandonaria a todos em meio

aos preparativos mesmos para a vida. E não é somente a multidão e a turba insensata que se lamenta

deste mal considerado universal: a mesma impressão provocou queixas também de homens ilustres.

Daí o protesto do maior dos médicos: (2) "A vida é breve, longa, a arte."' Daí o litígio (de nenhuma

forma apropriado a um homem sábio) que Aristóteles teve com a Natureza: "aos animais, ela

concedeu tanto tempo de vida, que eles sobrevivem por cinco ou dez gerações; ao homem, nascido

para tantos e tão grandes feitos, está estabelecido um limite muito (3) mais próximo." Não é curto o

tempo que temos, mas dele muito perdemos. A vida é suficientemente longa e com generosidade

nos foi dada, para a realização das maiores coisas, se a empregamos bem. Mas, quando ela se esvai

no luxo e na indiferença, quando não a empregamos em nada de bom, então, finalmente

constrangidos pela fatalidade, sentimos que ela já passou (4) por nós sem que tivéssemos percebido.

O fato é o seguinte: não recebemos uma vida breve, mas a fazemos, nem somos dela carentes, mas

esbanjadores. Tal como abundantes e régios recursos, quando caem nas mãos de um mau senhor,

dissipam-se num momento, enquanto que, por pequenos que sejam, se são confiados a um bom

guarda, crescem pelo uso, assim também nossa vida se estende por muito tempo, para aquele que

sabe dela bem dispor.

2 – 1: Por que nos queixamos da Natureza? Ela mostrou-se benevolente: a vida, se souberes

utilizá-la, é longa. Mas uma avareza insaciável apossa-se de, um de outro, uma laboriosa dedicação

a atividades inúteis, um embriaga-se de vinho, outro entorpece-se na inatividade; a este, uma

ambição sempre dependente das opiniões alheias o esgota, um incontido desejo de comerciar leva

aquele a percorrer todas as terras e todos os mares, na esperança de lucro; a paixão pelos assuntos

militares atormenta alguns, sempre preocupados com perigos alheios ou inquietos com seus

próprios;

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