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A importância da história da ciência no ensino científico

Por:   •  31/3/2017  •  Resenha  •  3.627 Palavras (15 Páginas)  •  348 Visualizações

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A importância da história da ciência no ensino científico

No século passado, a revolução tecnológica inspirou novas buscas por conhecimentos, dentre estes, a busca pela compreensão do funcionamento dos estudos científicos teve grande importância para o desenvolvimento da ciência moderna.

Diversos autores buscaram elucidar questões e revolucionar o modo como as pesquisas, metodologias e publicações de novos fatos ocorriam. Esses estudos eram embasados na observação da comunidade cientifica, nos seus paradigmas e no modo com o qual os cientistas desenvolviam suas pesquisas e apresentavam seus resultados.

Alguns dos mais influentes autores que dedicaram-se a estudar o desenvolvimento e a história da ciência foram Thomas Kuhn e Ludwik Fleck, ambos possuíam ideologias um tanto divergentes, entretanto, seus estudos são de grande valia para o entendimento tanto da história, como do desenvolvimento científico.

Fleck por sua vez, por tratar-se de um médico regrado pela epistemologia, trabalhou em torno dos laboratórios biomédicos e do desenvolvimento da ciência em cerca da medicina, enquanto Kuhn, um físico, implementou o conceito de paradigmas universalmente reconhecidos no meio cientifico para fornecer aos pesquisadores problemas e soluções na comunidade científica .

Ambos autores publicaram em diferentes épocas, entretanto, seus estudos até hoje fornecem uma ampla visão do funcionamento do ensino científico e da história da ciência, sendo Kuhn um dos maiores nomes no assunto e Fleck um dos poucos que trabalho a cerca das ciências médicas, entretanto, seus estudos favoreceram, e muito o modo em como a medicina funciona hoje em dia.

O ESTUDO CIENTÍFICO DE FLECK NA BIOMEDICINA

O conhecimento científico deve ser construído através da incorporação de diferentes pensamentos, provenientes de diferentes pensadores. Segundo Fleck, nos primórdios da pesquisa cientifica os resultados ficavam limitados e enxutos, devido ao modo de como a sociedade era resistente ao novo e ao desconhecido. Pensadores com métodos diferentes do padrão não eram reconhecidos, e o compartilhamento de informações entre pesquisadores era pobre. Dessa forma, os resultados obtidos através dos estudos chegavam até as classes profissionais e leigas de maneira incompleta, como se uma patologia sempre fosse causada por um mesmo agente, seguindo á risca um mesmo padrão infeccioso e devendo ser manejada sempre da mesma forma, independentemente do caso.

A falta de ousadia nas pesquisas biomédicas acarretou em danos a toda comunidade. A base dos tratamentos em saúde considerava apenas padrões e ignorava quase que completamente polimorfos em organismo infecciosos e contaminantes, atuando negligentemente de certa forma. Conceitos como a diferente resposta a tratamentos e doenças em diferentes organismos humanos, não eram consideradas, e foram necessários muitos anos e estudos para esse tipo de conceito ser aceito e colocado em prática pela comunidade médica.

Á partir dos anos 70 o interesse dos historiadores da ciência pelos laboratórios despertou novos rumos na pesquisa. Os laboratórios experimentais tornaram-se alvos de interesse para pesquisadores. A parte experimental passou a ser estudada e revisada. Á partir dessa revolução, as metodologias, técnicas de calibragem, instrumentos de aferição, padronização, transmissão de conhecimentos e de habilidades táticas, passaram a ser investigadas com muito mais interesse e dedicação.

Os estudos das práticas experimentais tornaram-se um dos picos centrais nos estudos da ciência á partir dos anos 80 (Pickering, 1992a). Estes estudos auxiliaram a compreender a integração de todos os aspectos da ciência, desde o planejamento e processamento dos experimentos, as configurações e os instrumentos utilizados nas pesquisas, a qualificação e transcrição dos resultados, a elaboração e discussão das teorias, e principalmente a estabilização e compartilhamento do conhecimento.

A importância dos estudos em laboratórios biomédicos dá-se pelo modo como os experimentos nesses laboratórios refletem no modo de se fazer medicina. Dentre os benefícios que estes estudos proporcionaram, ressalta-se o compartilhamento de conhecimentos entre pesquisadores e estudiosos. Esse tipo de prática enriquece não apenas o estudo, mas também os conhecimentos que estão sendo desenvolvidos. Quando um grupo de pesquisadores compartilha seus conhecimentos e os coloca em discussão, as oportunidades de abranger o estudo e amplifica-lo, não apenas em quantidade, mas também em qualidade, multiplicam-se, e tornam todo processo de aprendizagem e transmissão de conhecimentos, mais eficaz e mais abrangente.

        Os cientistas biomédicos possuem uma comunidade ligada a diferentes grupos sociais, transcrevendo seu trabalho do universo “bio” para o universo “médico”, este último, composto por médicos, administradores da saúde e pacientes. Por muito tempo esse comportamento da comunidade cientifica foi normal, pois os processos de pesquisa, desde a descoberta de novos fatos sobre doenças em laboratórios, até sua aplicação na clínica, eram vistos com partes de um mesmo processo linear e imutável.

        Entretanto, estudos posteriores evidenciaram que este processo transcorria com interações mais complexas entre os grupos de cientistas biomédicos e médicos clínicos, demonstrando variadas oportunidades onde a medicina foi usada na ciência, e a ciência na medicina, para garantir um foco na padronização e estabilização de processos, reagentes, e instrumentos, além de, uma maior distribuição de conhecimentos por ambos os grupos.

        Para o conhecimento ter melhor proveito sobre a comunidade em um todo devem ocorrer duas fases. Uma delas é que, o “novo conhecimento” deve ser repassado à comunidade, entretanto, deve existir um controle sobre o acesso as informações geradas. Uma descoberta requer acima de tudo tempo e dedicação para garantir que os fatos relatados estejam embasados e corretos, e esse tipo de trabalho deve ser disponibilizado a quem tem conhecimentos para compreendê-los, e então repassa-los a outras classes sócias. A outra fase requer que o conhecimento gerado seja assimilado e compreendido pelo restante da comunidade de cientistas colaboradores, assim, os fatos descobertos podem ser avaliados e implementados por diferentes grupos, o que, de fato, enriquece o estudo, pois cada grupo mantém-se fiel ao seu estilo de pensamento, adicionando assim, olhares diferenciados a um mesmo estudo, fazendo-o, ter maior aplicação no mundo social.

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