A ÉTICA NA PESQUISA COM SERES HUMANOS
Por: Gislene Bezerra • 2/9/2022 • Trabalho acadêmico • 1.160 Palavras (5 Páginas) • 270 Visualizações
ÉTICA NA PESQUISA COM SERES HUMANOS Gislene Rose Santos da Silva Bezerra 04028731 Biomedicina |
Quando ouvimos falar em pesquisas científicas envolvendo seres humanos, costumamos lembrar somente das atrozes experiências feitas pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial; no entanto, esse tipo de prática, feita sem qualquer ética, foi realizada durante muito tempo também em outras partes do mundo como, por exemplo, o experimento de Tuskegee, nos Estados Unidos, onde durante 40 anos (1932-1972), cerca de 400 homens, saudáveis, normalmente, camponeses negros e pobres, sem conhecimento prévio sobre o que seria estudado e o método que seria empregado, foram infectados pelo vírus da sífilis, sem receber qualquer tratamento, com o objetivo de se observar o progresso da doença. Essa e muitas outras experiências cruéis, realizadas em seres humanos, deixou uma cicatriz profunda na história da ciência moderna. Foi somente a partir de 1964, com a Declaração de Helsinque, que se estabeleceram diretrizes éticas para a pesquisa biomédica nesses experimentos.
Uma outra questão importante a se considerar, é que a vida se inicia na fecundação, ou seja, quando óvulo e espermatozoide se unem, formando um novo ser vivo. A esse respeito, o clássico manual de Langman, utilizado nas faculdades de medicina para o estudo da embriologia, é claro: “O desenvolvimento começa com a fertilização, processo pelo qual o gameta masculino, o espermatozoide, e o gameta feminino, o oócito, se unem, dando origem ao zigoto.” (SADLER, 2015, p.43). Esse novo ser, embora tenha características oriundas daqueles que o geraram, possui uma identidade genética própria, que o difere de qualquer outro indivíduo. A Resolução 466, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que trata de pesquisas em seres humanos, no inciso IV, diz: “O respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe com consentimento livre e esclarecido dos participantes, indivíduos ou grupos que, por si e/ou por seus representantes legais, manifestem a sua anuência à participação na pesquisa” (Fonte: Ministério da Saúde). Portanto, a utilização de embriões humanos para pesquisas científicas é cruel e inaceitável, principalmente, por tratar-se de um indivíduo indefeso e incapaz.
Embora o surgimento da Bioética tenha sido um grande avanço para resguardar e proteger a vida humana, recentemente podemos perceber que houve um retrocesso e um desrespeito a estes valores, quando falamos das terapias genéticas (vacinas), utilizadas contra o SarsCov2, vírus causador da Covid-19. Desde dezembro de 2020, essas vacinas começaram a ser aprovadas para uso emergencial e fabricadas em uma velocidade jamais vista; vacinas que levariam anos para serem desenvolvidas, foram colocadas no mercado em menos de um ano. As consequências disso para saúde humana a curto, médio e longo prazo, são imprevisíveis, pois os efeitos adversos ainda não estão totalmente conhecidos, como mostra, inclusive, a bula de uma das vacinas, a da Pfizer: “Atenção: este produto é um medicamento novo e, embora as pesquisas tenham indicado eficácia e segurança aceitáveis, mesmo que indicado e utilizado corretamente, podem ocorrer reações adversas imprevisíveis ou desconhecidas.” (Fonte: Pfarma). Por esse motivo, tornar a vacinação obrigatória fere nossos direitos individuais, previstos na própria Resolução 466 em vários aspectos, entre eles, a inobservância de nossa autonomia de decidir se queremos ou não participar dessa “experiência”; e o de não sermos alertados sobre os potenciais riscos a que seremos submetidos ao sermos inoculados com esses fármacos.
Não podemos negar que a pesquisa científica para ser efetivamente eficaz em seres humanos, precisa ser testada nos próprios seres humanos; porém, deve-se garantir condições mínimas de segurança, antes de serem aplicadas em larga escala na população, obedecendo ao tempo e a metodologia necessários a cada fase do experimento, e mantendo sempre a transparência em todo processo.
REFERÊNCIAS:
SADLER, T.W. Langman, embriologia médica. 13.ed. Ed. Guanabara Koogan Ltda. 2016.
GOLDIM, J.R. O caso Tuskegee: quando a ciência se torna eticamente inadequada. 1999. Disponível em: https://www.ufrgs.br/bioetica/tueke2.htm
Ministério da Saúde. Resolução Nº466. Disponível em:
https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf. Acesso em: 20 de abril de 2022.
BBC News Brasil. Coronavírus: Gráfico mostra tempo que humanidade levou para criar vacinas e recorde para covid-19. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55232520. Acesso em 20 de abril de 2022.
Pfarma. Bula da vacina da Pfizer contra Covid-19 (Comirnaty). Disponível em: https://pfarma.com.br/coronavirus/6585-bula-vacina-pfizer-covid19.html. Acesso em: 25 de abril de 2022.
TABULAÇÃO:
ENTREVISTADO | IDADE | NÍVEL DE ENSINO | PROFISSÃO | RESPOSTA DO ENTREVISTADO |
1 | 17 | Médio incompleto | Estudante | O entrevistado é contra pesquisas científicas feitas em seres humanos; segundo ele, vidas não devem ser negociadas, tratadas como um instrumento de exames, pois, caso os testes obtenham resultados negativos, vidas podem ser perdidas. O entrevistado conclui que os testes com animais deveriam substituir os testes com humanos. |
2 | 44 | Superior completo | Oficial da marinha | O entrevistado é contra a pesquisa científica em seres humanos, porque, segundo ele, essas pesquisas acabam custando muitas vidas. Um exemplo é o que estamos presenciando nos dias atuais com as vacinas da COVID-19. E vamos além, o pior é obrigar esses seres humanos a se submeterem a essa “pesquisa" de forma contrariada, não respeitando nossa liberdade de escolha. O entrevistado também acha que a substituição dos testes com seres humanos já deveriam ter sido substituídos por testes laboratoriais, visto os avanços tecnológicos que temos atualmente. |
3 | 43 | Superior completo | Médico | O entrevistado é a favor das pesquisas científicas feitas com seres humanos, principalmente os testes envolvendo novos medicamentos, pois, segundo ele, esses testes são fundamentais, antes de serem liberados para a toda população. O entrevistado acredita que dificilmente testes em seres humanos sejam substituídos por testes laboratoriais. |
4 | 40 | Superior completo | Jornalista e ator | O entrevistado é favor da pesquisa científica em seres humanos, desde que seja com ética, pois, segundo ele, é bom para fazer novas descobertas necessárias para a humanidade. O entrevistado também acha que um dia os testes com seres humanos poderão ser substituídos por testes laboratoriais. |
5 | 16 | Médio incompleto | Estudante | A entrevistada é contra a pesquisas feitas em seres humanos, porque atualmente, com os diversos avanços tecnológicos, não há necessidade de realizar testes em humanos. |
6 | 19 | Superior incompleto | Estudante de medicina veterinária | A entrevistada é a favor da pesquisa científica em seres humanos, desde que haja autorização dos mesmos. Porém, acredita que no futuro, estas pesquisas poderão ser substituídas por testes laboratoriais. |
7 | 19 | Técnico | Técnico em edificações | O entrevistado é a favor da pesquisa feita em seres humanos, desde que eles saibam os riscos e concordem em serem testados. Também acredita que nem todos as pesquisas em humanos poderão um dia ser substituídos por testes em laboratório. |
8 | 22 | Técnico | Técnico em TI | O entrevistado é a favor, desde que seja de forma completamente voluntária e a pessoa tenha total ciência do que se trata a pesquisa. Ele ainda acredita que, no futuro, seja possível a substituição das pesquisas em seres humanos, pelas feitas em laboratório, à medida em que a tecnologia computacional avança, possibilitando simulações realistas com altíssima precisão. |
9 | 35 | Superior completo | Professora | A entrevistada é a favor da pesquisa científica feitas em seres humanos, desde que haja consentimento dos mesmos; sem coação. Ela também acredita que, com o avanço da medicina, é possível que um dia os testes laboratoriais substituam os testes em seres humanos. |
10 | 22 | Médio completo | Músico | A entrevistada é contra a pesquisa científica feita em seres humanos, pois estes testes podem causar danos irreversíveis ou mesmo a morte do indivíduo. Acredita ainda que os testes em animais deveria substituir os testes em humanos. |
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