AS BASES CONCEITUAIS DO VITILIGO
Por: Ingrid Seni • 20/6/2015 • Trabalho acadêmico • 2.508 Palavras (11 Páginas) • 372 Visualizações
1 BASES CONCEITUAIS DO VITILIGO
A pele constitui o maior órgão do corpo humano, tendo a função de revestir e delimitar o organismo, assim como protegê-lo de agentes externos, atuando também na manutenção do equilíbrio do meio interno. As funções da pele abrangem a regulação térmica, o controle da circulação sanguínea periférica, a produção e excreção de metabólitos, além de ser um órgão que transmite informações sensoriais através de nervos sendo de suma importância aos seres vivos, que pode ser afetadas por modificações patológicas associados a diversos fatores, que ocasionam efeitos biológicos de quem possui as doenças como é o caso do vitiligo gerando vários prejuízos emocionais e sociais que são gerados devido à doença, que é uma das dermatoses que possui efeito psicológico mais “devastador” (ANTELO et al., 2008)
Existem vários fatores que pode estar associada à patogenia envolvidos nessa doença entre os quais estão a herança genética, autoimunes, bioquímicos, oxidativos, neurais, virais e ambientais, que acarretam a redução física ou funcional de melanócitos (SZCZURKO & BOON, 2008).
Essa doença pode acometer todas as raças, ambos os sexos e aparecer em qualquer idade, com média de aparecimento entre 10 e 30 anos, mas muito recorrente na faixa dos 20 anos, e são associados aos fatores psíquicos e físicos usualmente atribuídos como predisponentes ao surgimento de lesões de vitiligo (SOUZA et al., 2005).
No entanto são geralmente mais acometidas mulheres do que os homens, porém os estudos mais recentes sugerem prevalência igual para ambos os sexos. Estudos que foram desenvolvidos com base em parâmetros clínicos e patogenéticos, vem sendo amplamente utilizada em estudos recentes e divide o vitiligo em duas formas clínicas: não-segmentar e segmentar. A forma não-segmentar é a mais comum, caracteriza-se pela presença de manchas distribuídas simetricamente e, geralmente, apresenta evolução crônica e instável. O vitiligo segmentar é mais raro, as manchas distribuem-se unilateralmente na região de um dermátomo e apresenta início precoce, evolução rápida e posterior persistência sem mudanças (LUDWIG et al., 2009).
1.2 ASPECTOS IMUNOPATÓLOGICOS DA DOENÇA
O vitiligo é conhecido pela despigmentação da pele,esse fenômeno é denominado isomórfico ou Köebner, observa-se ao fazer o diagnostico da doença vacuolização e degeneração dos queratinócitos, melanócitos e células de Langerhans da camada basal, acompanhadas por infiltrado inflamatório mononuclear com pequenos linfócitos e histiócitos localizados na derme papilar, principalmente à margem da lesão (STEINER et al., 2004).
Segundo Gauthier (2003), há três hipóteses básicas para tentar-se explicar o vitiligo: hipótese neural, da auto-destruição e imunológica. Existem outros possíveis fatores etiológicos, como deficiência de fatores de crescimento dos melanócitos, defeito intrínseco na estrutura, ou fatores genéticos. Porém as evidencias atuais reforçam a hipótese da doença ser autoimune, enfatizando o papel da célula T citotóxica na eliminação dos melanócitos da camada basal da epiderme, como se fossem uma resposta imune humoral a partir da liberação dos antígenos intracelulares (SANTAMARIA, 2004).
A detecção dos auto-anticorpos nos pacientes de vitiligo e as reações inflamatórias na pele demonstram uma base imunológica para a imunopatologia da doença, que é responsavelmente definida pelo sistema imune adaptativo para os auto-antígenos que ocorre quando os mecanismos de auto-tolerância estão falhando. Com isso, uma doença autoimune aquela causada pela perda da auto-tolerância de forma que o sistema adaptativo responde os auto-antígenos (BLEEHEN et al., 1996).
Esse processo ocorre em uma cascata com cerca de dez reações, mas de forma resumida, entretanto, observa-se a conversão do aminoácido Tirosina em melanina através dos melanócitos. A melanina produzida é transferida para os queratinócitos que se depositam na epiderme. Com isso, é possível concluir que uma infiltração linfotica e um processo de vacuolização dessas células podem interromper tanto a síntese de melanina quanto o processo desse pigmento (MAJUNDER, NORDLUND, 1993)
1.3 BASES MOLECULARES
Segundo Nath (2004), aproximadamente 20% dos pacientes com vitiligo têm pelo menos um parente de primeiro grau com a doença. O vitiligo é herdado geneticamente em um padrão não-mendeliano e caracteriza-se pela heterogeneidade genética, penetrância incompleta e suscetibilidade de alterações em múltiplos loci. Essa herança pode envolver genes associados com biossíntese de melanina, resposta ao estresse oxidativo e regulação da autoimunidade.
O vitiligo pode ser considerado uma doença genética complexa, por variar em gravidade dos sintomas e idade de início, o que dificulta a definição do fenótipo. A idade de início precoce foi associada à ocorrência familiar de vitiligo generalizado. As chamadas doenças genéticas complexas são frequentemente oligogênica ou mesmo poligênica e cada gene contribui para uma fracção do risco relativo global; a análise de ligação realizada utilizando fenótipo vitiligo foi identificadas suscetíveis loci nos cromossomos 1, 4, 6 , 7, 8, 17 e 22. Para essas regiões, alguns genes consistentemente associados com vitiligo têm sido relatados, tais como NLRP1 (17p13) e XBP1 (22q12) (TAVORA; CASTRO; MACHADO, 2014).
O gene codificante da catalase tem sido implicado na patogênese do vitiligo. A mais provável alteração seria o polimorfismo de nucleotídeo único no exon 9 do gene da catalase que quando exposta ao oxigênio, catalisa a decomposição do peróxido de hidrogênio à água e ao oxigênio, prevenindo o dano celular por radicais de oxigênio altamente reativos. Atividade reduzida da enzima foi demonstrada na epiderme de pacientes acometidos tanto em áreas lesionais quanto em áreas de pele normal (SHOBAILLI, 2011).
Outros genes têm sido sugeridos como mediadores para maior susceptibilidade ao vitiligo: regulador autoimune (AIRE), linfócito T citotóxico associado 4 (CTLA4), GTP ciclohidrolase 1 (GCH1), proteína associada ao vitiligo 1 (VIT1), catecol-0 – methyltransferase (COMT), enzima de conversão da angiotensina (ECA), lúpus eritematoso sistêmico relacionado ao vitiligo (SLEV1), locus de susceptibilidade autoimune (AIS1), receptor de estrógeno 1(ESR1), e o gene TAP/LMP do complexo de histocompatibilidade principal (MHC) (BARROS, 2011)
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