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Bases Conceituais da Arquitetura

Por:   •  24/5/2017  •  Projeto de pesquisa  •  3.772 Palavras (16 Páginas)  •  521 Visualizações

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As bases conceituais de novas arquiteturas

Os anos 1960 foram um divisor de águas quanto à utilização dos conceitos da arquitetura moderna presentes na primeira metade do século 20. As principais críticas a essa arquitetura vieram de profissionais e arquitetos dos Estados Unidos e em seguida alinharam-se também arquitetos europeus. Essa reflexão e crítica aos conceitos modernos geraram, a partir dos Estados Unidos, textos escritos por Jane Jacobs com "Morte e vida das grandes cidades" (1961), que foi o primeiro deles; Robert Venturi com "Complexidade e contradição na arquitetura" (1966); e na Europa por Aldo Rossi com "Arquitetura da cidade" (1966), Vittorio Gregotti com "Território da Arquitetura" (1966) e Hassan Fathy com "Construindo com o povo; arquitetura para os pobres" (1969), lançando um novo caminho para a arquitetura regional e vernacular.

Esse posicionamento crítico levou a um conjunto de movimentos e propostas arquitetônicas com características diferentes entre si. É esse conjunto de novas arquiteturas, que ocorrem entre 1960 e 2000, que são analisadas e explicadas nesta disciplina.

 

Arquitetura Radical

A arquitetura radical se manifesta durante as décadas de 1960 e 1970, em diversos países. A principal característica é a radicalidade, ou seja, suas propostas rediscutem todos os conceitos existentes, tanto na arquitetura quanto no urbanismo, gerando formas, soluções e construções que beiram a fantasia, usando o máximo da tecnologia disponível.

As propostas são tão ousadas que nem sempre puderam ser transferidas do papel para  a realidade, mas influenciaram muitos outros arquitetos. Muitas eram baseadas no uso de megaestruturas.

Os principais grupos dessa arquitetura são o Archigram (Inglaterra), os Metabolistas (Japão) e o Superstudio (Itália).

Um dos conceitos comuns a esses grupos de arquitetos era o da megaestrutura. Esse foi um conceito criado nos anos 1960 e que envolvia ao mesmo tempo arquitetura e urbanismo. A sua aplicação era essencialmente experimental e apareceu em diversas propostas desses grupos de arquitetos. A megaestrutura não é apenas uma estrutura gigantesca: esse conceito engloba a instalação, dentro dessa construção, de diversos usos e espaços que podem ser considerados urbanos, incluindo desde habitação, até comércio, serviços diversos, instalações de saúde, transporte, entre outros. A ideia é que seria possível reunir todos os aspectos da vida em uma cidade tradicional dentro dessa megaestrutura.

Arquitetura Radical - o grupo Archigram

O Archigram era formado por um grupo de arquitetos ingleses, entre eles Peter Cook, no início dos anos 1960. Suas propostas buscavam aplicar o máximo da tecnologia para gerar objetos e ambientes completamente diferentes do que era produzido na época, com um desenho futurista e ousado.

Em 1964 o grupo lança o projeto Walking City, ou Cidade Andante, que representa o auge do esforço criativo do grupo. Uma arquitetura sem fundações e sem raízes, constituída por imensos blocos metálicos com pernas tubulares que se deslocam pelo solo e pelas águas em constante movimento. Uma cidade sem lugar fixo, uma espécie de mistura de nave espacial com submarino atômico.

Figura 1: Walking city: um dos blocos com sua megaestrutura (1964).

Disponível em: . Acesso em 15 jan 2016.

 

Figura 2: Walking city: a proposta inserida em Nova Iorque.

Disponível em: . Acesso em 15 jan. 2016.

Plug-in-City foi criada pelo Archigram como suporte de todo um sistema sofisticado de serviços. Além das residências básicas, em alguns nós dessa cidade-rede eram posicionadas unidades arquitetônicas “inteligentes” voltadas para todo tipo de serviços, com o objetivo de suprir todas as necessidades dos moradores. Nela podia-se encontrar hotéis, restaurantes, supermercados, farmácias, etc. No interior desses espaços encontrava-se todo tipo de instalações, equipadas com aparelhos eletrônicos de última geração, que tinham a função de apoiar as operações domésticas corriqueiras com um simples apertar de botão.

É importante destacar que as propostas do grupo Archigram eram projetos especulativos de alta tecnologia.

 

Figura 3: A proposta da Plug-in-City (Cidade conectada), feita em 1964.

Disponível em: . Acesso em 10 jan. 2016.

Arquitetura Radical - Metabolismo

Os Metabolistas eram um grupo de arquitetos que buscava aplicar a tecnologia da época para tentar resolver os problemas da alta densidade populacional nas cidades japonesas, durante a década de 1960. A preocupação com o meio ambiente também era parte integrante dos seus projetos.

Entre os arquitetos que fizeram parte desse grupo estão Kisho Kurokawa, Kenzo Tange, Arata Isozaki, Kiyonori Kikutake, Fumihiko Maki e Kunio Maekawa.

Sua arquitetura era baseada na fusão entre megaestruturas e formas biológicas, com aplicação de alta tecnologia.

As suas propostas também eram experimentais e de difícil execução, mas a partir da década de 1980 esses arquitetos começam a executar vários projetos reais.

Figura 4: Plano urbano para a Baía de Tóquio, proposta por Kenzo Tange (1960).

Disponível em: . Acesso em 15 jan. 2016.

Figura 5: Hotel cápsula Nakagin (1970-1972), localizado em Tokyo, projeto de Kisho Kurokawa.

Disponível em: . Acesso em 15 jan. 2016.

Arquitetura Radical – Superstudio

Em 1966, os arquitetos Adolfo Natalini e Cristiano Toraldo di Francia criaram o escritório de arquitetura Superstudio, em Florença, na Itália.

Assim como os outros grupos de arquitetura radical, suas propostas beiravam a ficção e tinham muita influência das histórias em quadrinhos.

O trabalho que lhes deu notoriedade foi o Monumento Contínuo: um modelo de arquitetura para urbanização total, de 1969. A proposta conceitual é de uma megaestrutura que engloba a cidade atual e nela se resolvem as principais questões urbanas.

Figura 6: Movimento Contínuo: um modelo arquitetônico para urbanização total (1969), proposta conceitual do Superstudio.

Arquitetura High-Tech

A arquitetura High-Tech é baseada na aplicação de alta tecnologia na construção civil. Ela inicia na década de 1970 e é realizada até hoje, pois muitos de seus arquitetos ainda trabalham dentro dessa lógica arquitetônica. As características dessa arquitetura são a leveza, flexibilidade e transparência vinculadas à aplicação da tecnologia em arquitetura. Note-se que esse vínculo é essencialmente conceitual, pois outros arquitetos também utilizam a tecnologia em seus projetos, mas não dessa maneira.

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