Alimentos Dos Indios
Casos: Alimentos Dos Indios. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: adalmo • 27/2/2015 • 1.688 Palavras (7 Páginas) • 289 Visualizações
Os primeiros habitantes do Brasil, utilizando o que a natureza e a floresta lhes ofereciam, se alimentavam basicamente de mandioca, macaxeira ou aipim, milho, carne de caças, peixes, raízes, frutas silvestres, palmito, castanhas, “cocos” de palmeiras e algumas folhas. Esse costume perdura até hoje com os índios que não têm muito contato com os homens brancos e que conseguem dessa forma preservar melhor a sua cultura.
As inúmeras palmeiras da flora brasileira, entre as quais o babaçu, a carnaubeira, o buriti ou miriti, a ouricuri, a inajá, foram bastante usadas pelos indígenas na sua alimentação. Delas extraiam frutos, óleos, bebidas, farinhas e palmitos. Muito importante também era o caju, fruta brasileiríssima, que além de ser ingerido in natura, serve para fazer suco, doce, vinho, licor, farinha e bolo com as suas castanhas. Segundo Orlando Parahym (1970, p. 67) havia guerras violentas entre os cariris e os tapuias para se apoderarem dos cajueiros existentes em áreas litorâneas. Ao vencedor... os cajus.
A castanha do Pará (conhecida hoje como castanha do Brasil) e o mel de abelha eram também alimentos fundamentais na dieta do índio brasileiro. Quando ainda não conheciam a cana-de-açúcar – que chegou ao Brasil em 1502, proveniente da Ilha da Madeira –, os indígenas retiravam o mel dos favos das colmeias, após afugentarem as abelhas com fogo, e ainda comiam as abelhas assadas sobre pedras. Sabiamente, tinham o cuidado de deixar um pouco de mel para assegurar a continuação do trabalho das abelhas, o que garantiria a obtenção permanente do alimento.
De uma maneira geral, as hortaliças não faziam parte dos hábitos alimentares do indígena. Cultivavam a mandioca – o pão do índio –, a macaxeira ou aipim, o milho, o amendoim. O plantio e a colheita de qualquer cultura agrícola eram feitos pelas mulheres (cunhãs), cabendo aos homens às atividades da caça e da pesca.
Entre as frutas silvestres que lhes serviam de alimento estão a mangaba denominada de bato-i (Hancornia speciosa); o ingá (Inga edulis) que eles chamavam de y-igá; o araçá (Psidium araçá); a jabuticaba (Myrthus jaboticaba); o abiu (Lucuma caimito); a guabiraba (Campomanesia guabiraba, Abbelillea maschalantha); o oiticoró (Moquilea rufa); o mamão pequeno (Caryca papaya); o maracujá (Passiflora edulis, Passiflora bahiensis, Passiflora alata); a sapucaia também chamada cumbuca-de-macaco (Lecythis urnigera), da qual comiam a carne e as sementes e moqueavam ou assavam a castanha, considerada uma das delícias indígenas; o jenipapo (Genipa americana), cuja polpa e as sementes eram saboreados sendo a casca utilizanda para pintar o corpo de preto; o pequi (Caryocar brasiliense), aproveitando a amêndoa para a extração de um óleo rico em carotenos. A palavra pe-qui, na língua tupi, significa casca espinhosa, característica da fruta que é cheia de espinhos miúdos e finos.
Os seus temperos eram basicamente o sal e a pimenta ou uma mistura pilada dos dois. Eles abusavam da pimenta, qualquer que fosse a variedade: redonda, comprida, verde, vermelha, pequenas ou grandes. Alguns utilizavam também o limão, ervas silvestres, palmito de pindoba e o bredo ou caruru para temperar seus alimentos. O sal era obtido por meio da evaporação da água do mar, no caso das tribos que habitavam a região litorânea, em salinas naturais (areias impregnadas de sal) ou a partir da queima de madeira, de onde era retirado o sal das cinzas, bastante rico em potássio.
Por meio do processo de fermentação do milho, da macaxeira, do caju, do jenipapo, da jabuticaba e da mangaba, os índios fabricavam bebidas, uma espécie de vinho chamado genericamente na língua tupi de cauim ou cahoi.
Desde o século XVI, viajantes e cronistas estrangeiros em terras brasileiras falam de usos e costumes indígenas, sua alimentação e técnicas de cozinha.
O primeiro registro feito pelos colonizadores portugueses está na carta de Pero Vaz de Caminha, em 1500:
[...] Dizem que em cada casa se recolhiam trinta ou quarenta pessoas, e que assim os achavam; e que lhes davam de comer daquela vianda, que eles tinham a saber, muito inhame e outras sementes que na terra há e eles comem [...] (Pero Vaz de Caminha, citado por LODY, 2000).
O inhame citado por Caminha, trazido posteriormente da África para o Brasil, era na verdade a mandioca, confundida pelo português devido à semelhança entre as duas raízes.
O viajante francês Jean de Léry, em 1557, no seu livro, História de uma viagem feita à terra do Brasil, descreve diversos costumes indígenas sobre a alimentação e modo de preparar os alimentos e bebidas:
[...] os indígenas americanos têm nas suas terras duas espécies de raízes, a que chamam aipim e mandioca, as quais em três ou quatro meses crescem no solo e ficam tão grossas como a coxa de um homem, com o comprimento de pé e meio, mais ou menos: quando as arrancam, as mulheres (pois os homens não se ocupam disso) secando-as ao fogo no moquém, tal como logo descreverei, ou tomando-as ainda frescas, as ralam à força em pontas de pedras miúdas fixadas e arranjadas em uma peça chata de madeira (como ralamos e raspamos o queijo e a noz moscada), e as reduzem a farinha alva como a neve. [...] (LÉRY, 1889, p. 194).
[...] a raiz do aipim não só é boa transformada em farinha, mas também pode comer-se assada inteira no borralho ou no fogo; pois assim fica tenra, abre-se, e torna-se farinácea como a castanha nas brasas, cujo gosto é quase igual.
Entretanto, o mesmo não acontece com a raiz da mandioca, pois serve somente para fazer farinha, e é venenosa se a comermos de outro modo (LÉRY, 1889, p. 196).
[...] quanto ao modo de cozinhar e preparar a carne, nossos selvagens a fazem, moquear, na forma de seu costume. [...] infincam em suficiente profundidade na terra quatro forquilhas [...]
formam uma grande grelha de madeira, que na sua linguagem chamam de moquem. [...] E por que não salgam suas viandas para guardá-las, como cá nós fazemos, não têm outro meio de as conservar senão fazendo-as assar. (LÉRY, 1889, p. 207).
O moquém serve principalmente para conservar os alimentos, desidratando-os, mas conservando seu sabor. É um processo que lembra o fumeiro usado pelos europeus. A carne fica meio assada, sendo necessário normalmente levá-la novamente ao fogo para o consumo.
Outra tradição indígena no preparo de alimentos é o biaribi – um forno construído em um buraco no chão, forrado com folhas. Coloca-se a carne, também envolta em folhas e cobre-se com terra. Sobre o forno acende-se uma fogueira para assar a carne. Há também o processo de
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