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Análise Do Texto Hay Amigo Para Amigo

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Por:   •  13/3/2015  •  1.597 Palavras (7 Páginas)  •  692 Visualizações

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ANÁLISE DO TEXTO TEATRAL HAY AMIGO PARA AMIGO (1663) – MANUEL BOTELHO DE OLIVEIRA. (1636 – 1771)

Hay amigo para amigo (1663), é a primeira obra literária escrita por um autor nascido no território que atualmente chamamos de Brasil, o baiano Manuel Botelho de Oliveira (1636 – 1711), considerado o primeiro comediógrafo brasileiro. A obra foi publicada em 1663, na Imprensa de Tomé de Carvalho, em Coimbra, quando o autor cursava direito na Universidade desta cidade.

Hay amigo para amigo, é uma comédia de enredo, aliás, pertence mais precisamente ao subgênero denominado comédia de capa e espada. A obra tem o intuito de mostrar que a amizade entre dois homens é superior ao fato de ambos amarem a mesma mulher.

A história inicia-se quando D. Lope confessa a seu amigo D. Diego, que também ama D. Leonor, é correspondido por ela, fato desconhecido por D. Diego, por amizade D. Diego abdica de seu amor e mente para D. Leonor, diz que já não a ama, vingativa a jovem passa a amar D. Lope, que descobre o sacrifício feito por D. Diego e pela amizade dos dois, pede que D. Leonor volte a amar D. Diego, porém ela não acata o pedido de D. Lope.

Ao término deste quiprocó D. Lope acabe mesmo casando-se com D. Leonor, enquanto D. Diego casa-se D. Isabel, irmã de seu amigo D. Lope.

Os poetas dramáticos que escreveram comédias de capa e espada no século XVII não se preocupavam com a verossimilhança.

O texto de Botelho de Oliveira corresponde a um modelo de origem folclórica muito conhecido, a força da amizade, ou conto dos dois amigos, gênero levado ao teatro inúmeras vezes, como por exemplo, em El amigo hasta La muerte (de Lope de Vega); Cómo han de ser los amigos (de Tirso de Molina); Amor, lealtad y amistad (de Pérez de Montalbán); Amigo, amante y leal (de Calderón de la Barca); Duelo de honor e amistad (de Herrera y Sotomayor); El poder de la amistad (de Moreto y Cabanã); No hay amigo para amigo (Francisco de Rojas Zorilla); La traición en la amistad (de Zayas y Sotomayor), entre outras obras.

Botelho de Oliveira haveria escrito Hay amigo para amigo, em resposta ao texto de Rojas Zorilla, No Hay amigo para amigo.

Por sua formação erudita, Botelho de Oliveira estava ciente dos cânones da escrita teatral do século XVII, escreveu Hay amigo para amigo, no intuito de dialogar com esses cânones, porém ao que parece seu texto nunca fora encenado. Magaldi (1927), justificará o fato do texto nunca ter sido encenado, descrevendo Botelho de Oliveira como “alguém que tinha certo gosto, mas pouco espírito criador”.

A originalidade de Hay amigo para amigo, dá-se pelo fato que, comumente nos contos dos dois amigos, as personagens masculinas mostram a valoração da amizade, por ela amam ou deixam de amar. Geralmente ao final, o amigo que inicialmente cedeu, em prol da amizade, é premiado com direito de ficar com a mulher que inicialmente amava, o que como dito anteriormente não é o que acontece no texto de Botelho de Oliveira.

É válido lembrar que há pouca produção teatral do século XVII, haviam apenas pequenas encenações relacionadas a datas comemorativas, em grandes espaços de tempo. Desta forma o texto de maior destaque no referido século é Hay amigo para amigo. Magaldi, também não irá considerar Botelho de Oliveira um autor dramático.

Também é importante ressaltar que, anteriormente pensava-se que o primeiro brasileiro a publicar havia sido Bento Teixeira, autor de Prosopopéia, publicado em Lisboa em 1601.

Porém com a publicação de Capistrano de Abreu, em 1925, Primeira Visitação do Santo Ofício, ás partes do Brasil (Denunciações da Bahia 1591-1593), Gilberto Freyre chamou a atenção para uma das personagens citadas ser o cristão – novo português Bento Teixeira, em pesquisas posteriores Rodolfo Garcia, José Galente de Sousa e José Antônio Gonçalves de Mello, confirmaram que Bento Teixeira nascera no Porto.

O historiador Pedro Calmon, nota que no final da estrofe LXVI de Prosopopéia, Bento Teixeira deixas pistas de sua cidade natal.

E se determinais a cega fúria

Executar de tão feroz intento,

A mim fazei o mal, a mim a injúria,

Fiquem livres os mais de tal tormento.

Mas o senhor que assiste na alta Cúria

Um mal atalhará tão violento,

Dando-nos brando Mar, vento galerno,

Com que vamos no Minho entrar paterno.

Quando o título de primeiro autor nascido em território brasileiro a ter publicado foi dado a Manuel Botelho de Oliveira inicialmente pensava-se, também que o primeiro texto publicado por este, fora Musica do Parnaso, obra do poliglota do autor com rimas em português, castelhano, espanhol e latim; pois quando Hay amigo para amigo foi publica em Coimbra, foi publicada de forma anônima. Porém em Música do Parnaso, há um espaço para o “descante cômico” de Botelho de Oliveira, mostrada na comédia já referida e também em Amor, engaños e Cellos, segundo Magaldi esta comédia aparenta La más Constante Mujer, de Juan Perez Montalván.

Botelho de Oliveira sabia que ser o primeiro autor brasileiro a publicar, o que fica que fica em evidência do no prefácio de Música do Parnaso, dedicado ao Exmo. Sr. D. Nuno Álvares Pereira.

Nesta América inculta habitação antigamente de bárbaros índios, mal se podia esperar que as Musas se fizessem brasileiras; contudo, quiseram também passar-se a este empório, aonde, como a doçura do açúcar é tão simpática com a suavidade do seu canto, acharam muitos engenhos que, imitando aos poetas da Itália e Espanha, se aplicasse, a tão discreto entretenimento, para que não queixasse esta última parte do mundo que, assim como Apolo lhe comunica os raios para os dias, lhe negasse as luzes para os entendimentos. Ao meu, posto que inferior aos de que é tão fértil, este país, ditaram as Musas as presentes Rimas, que resolvi à publicidade de todos, para ao menos ser o primeiro filho do Brasil que faça pública a suavidade do metro, já que o não sou em merecer outros maiores créditos na poesia.

Por pertencer à elite intelectual baiana e brasileira, também é inegável ver o pensamento colonizador trazido por Botelho de Oliveiras nas palavras mencionadas acima.

Ao afirmar o trecho mencionado acima, Botelho de Oliveira, estava ciente da existência de três breves poemas de Diogo Gomes, sua tradução feita por História do

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