Análise do artigo "Aspectos taxonômicos de Neoteredo reynei''
Por: vivian.fpl • 16/5/2016 • Trabalho acadêmico • 1.515 Palavras (7 Páginas) • 438 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA E ZOOLOGIA
ZOOLOGIA DE INVERTEBRADOS III
Análise do artigo “Aspectos taxonômicos de Neoteredo reynei (Bartsch, 1920) (Bivalvia: Teredinidae) em área de manguezal do rio Santo Amaro, Guarujá, São Paulo.” De-carli, Bruno e Manzi-Decarli, Agatha, 2012.
Trabalho referente à disciplina de Zoologia de Invertebrados III,
apresentado ao professor Kay Saalfeld.
Florianópolis, 17 de julho de 2015.
Objetivo
Esse trabalho tem como objetivo analisar o artigo “Aspectos taxonômicos de Neoteredo reynei (Bartsch, 1920) (Bivalvia: Teredinidae) em área de manguezal do rio Santo Amaro, Guarujá, São Paulo.”, com o propósito de relacionar os temas abordados nele com os conteúdos trabalhados durante as aulas teóricas e práticas da disciplina de Zoologia de Invertebrados III durante o semestre letivo no curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina.
2. Introdução
Publicado na Revista Ceciliana em dezembro de 2012, o artigo visa realizar um estudo comparativo sobre Neoteredo reynei, espécie pertencente à família Teredinidae, a qual apresenta organismos perfuradores de madeira que estão entre os mais especializados da classe bivalvia. Existem cerca de 26 espécies de teredinídeos descritas no Brasil.
“Bivalves são moluscos marinhos ou de água doce, primariamente micrófagos ou suspensívoros. A classe, representada em todas as profundidades e em todos os tipos de ambientes marinhos, inclui cerca de 20.000 espécies viventes.” (Brusca & Brusca, 2007 apud De-Carli e Manzi-Decarli, 2012).
A capacidade de perfurar madeira encontrada em alguns moluscos evoluiu de maneira diferenciada nas diferentes espécies e classificações de bivalves. E segundo Rupert & Barnes (1996) os possíveis ancestrais destes bivalves perfuradores habitavam fundos macios e conforme sua evolução, foram capacitando-se e isso permitiu que habitassem superfícies mais firmes. Os Teredinidae podem utilizar a madeira como alimento, e seu sucesso adaptativo está diretamente relacionado com sua anatomia e morfologia.
Fortemente embasado na concha, o conhecimento da morfologia e anatomia interna ainda é escasso se comparado com a grande diversidade que os moluscos apresentam. (Simone, 2007 apud De-Carli e Manzi-Decarli, 2012). Este é um dos motivos da taxonomia ser problemática, pois a grande maioria dos dados são baseados na morfologia das conchas calcárias. Portanto, o grande interesse apresentado no artigo é a realização de um estudo comparativo sobre a espécie Neoteredo reynei, utilizando o conhecimento sobre as suas partes moles, com o intuito de contribuir com futuros estudos taxonômicos.
3. Materiais e Métodos
O local do estudo está localizado em um bosque de manguezal, no município do Guarujá, litoral sul de São Paulo. A área situa-se próxima à uma indústria e possui 96,27 metros de extensão. Vasta vegetação transitória e solo lodoso caracterizam a área. As coletas dos organismos foram realizadas com auxílio de uma pinça, com periodicidade mensal, durante outubro de 2007 a maio de 2008. Após a coleta os organismos foram anestesiados com gelo e fixados com álcool 70%.
Coletores artificias também foram instalados na região entremarés do manguezal, para obter uma melhor amostragem das espécies. A salinidade, temperatura e pH da água do local de estudo foram medidos mensalmente.
O material coletado passou por um processo de triagem e de identificação. Alguns dos organismos foram dissecados para possibilitar o estudo e caracterização da morfologia interna. “A identificação das espécies, a nomenclatura de caracteres taxonômicos e das partes moles foram baseados em Turner (1966).” Os registros sobre taxonomia e anatomia foram descritos com o auxílio de uma câmera clara acoplada à lupa e ilustrações confeccionadas.
Todos esses procedimentos foram realizados no LAPEBIO (Laboratório de pesquisas biológicas da Universidade de Santa Cecília) e graças a grande diversidade e representatividade encontrada no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) foi possível realizar uma comparação com as espécies, servindo de base para uma boa discussão.
4. Resultados
Após os oito meses de coletas, verificou-se que 36 espécimes de Neoteredo reynei foram coletados, sendo a maior delas com aproximadamente 36 cm. Os organismos foram encontrados em troncos em estado de decomposição, isoladamente e não houve assentamento de teredinídeos nas placas de madeira durante os oito meses em que ficaram instaladas. A temperatura média foi de 24°C enquanto a salinidade variou entre 10 a 25 PSU.
Sobre as características morfológicas encontradas em N. reynei, temos o corpo vermiforme e delgado, manto espesso com coloração branca translúcida em indivíduos vivos. Quando fixados, essa coloração passa a ser amarelada. O manto é fechado em todo seu comprimento exceto na região anterior por onde se movimenta o pé e na porção posterior na região do colar do manto. Possui umbo anterior com depressão lisa.
Na face externa da concha no lobo anterior, há ornamentações contendo dentículos responsáveis por perfurar a madeira. A disposição da boca e dos músculos adutores segue a regra dos dimiários típicos. O músculo adutor anterior possui coloração esbranquiçada em espécimes vivos e acinzentada em espécimes fixados, já o músculo adutor posterior possui coloração avermelhada. O pé é discóide e ventral ao músculo adutor anterior. O coração é alongado e localizado na porção anterior, constituído de ventrículo anterior a aurícula. Em indivíduos vivos a coloração do ventrículo é avermelhada e das aurículas uma coloração escura. O canal anal é amplo, extenso e dorsal à massa visceral, ocupando mais da metade do corpo. O estômago é globular ou liso, constituído de um apêndice ventral ao canal anal.
Na porção posterior, próxima do colar do manto que circunda os sifões, há duas projeções denominadas lapelas dorsais. Os ctenídios
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