As Faces Da Cultura
Ensaios: As Faces Da Cultura. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: luanalopesss • 2/10/2014 • 458 Palavras (2 Páginas) • 231 Visualizações
O vital, que também poderíamos chamar de involuntários, são aqueles encontrados na circulação do sangue, nos batimentos cardíacos, nos processos respiratórios e digestivos. Já "o outro tipo são as moções animais, também chamadas moções voluntárias, que são andar, falar, mover um de nossos membros da forma como foi imaginado por nossa mente" (Hobbes, 2009, p. 46-47).
Vale ressaltar que, em relação ao movimento voluntário, mesmo que a 'sensação' e 'imaginação' atuem em concubinato, existe uma diferença entre ambas. Essas diferem tão somente porque a primeira é considerada "moções dos órgãos e partes internas do corpo humano provocadas pela ação das coisas que vemos, ouvimos, etc." (Hobbes, 2009, p. 47), e a outra, definida de forma residual em relação à primeira, é descrita como "[...] lembrança da moção em si, que permanece mesmo depois das sensações [...]" (Hobbes, 2009, p. 47).
A causa dos movimentos vitais nos é desconhecida. Tudo o que sabemos é que eles "[...] começam no momento em que um ser é gerado e o acompanham durante toda a sua existência" (Hobbes, 2009, p. 46) e não precisam da atividade mental para tanto, isto é, movimentos tais como "circulação do sangue, pulsão, respiração, digestão, nutrição, excreção, etc." (Hobbes, 2009, p. 46). Ao movimento voluntário e animado como andar, falar, acenar, jogar, lutar e assim por diante, corresponde ou pressupõe um pensamento anterior, por exemplo, o 'andar' exigiria antecipadamente a ideia (onde andar?), dessa forma, podemos inferir a partir disso que "a imaginação é o princípio interno de todas as moções voluntárias" (Hobbes, 2009, p. 47).
Percebe-se que, quando Hobbes trata das paixões, prefere falar de 'movimento'. Maria Isabel Limongi dá-nos uma contribuição importante sobre o assunto ao afirmar que "a paixão parece não ser senão o nome que normalmente se dá ao que Hobbes prefere, no entanto conceitualizar em termos de movimento" (2009, p. 37). Na verdade Hobbes diz que, o que normalmente as pessoas chamam de paixão, é o nome vulgar utilizado para movimentos da mente. O próprio título do capítulo VI do Leviatã, dá-nos clareza a respeito do assunto: "Da origem interna dos movimentos voluntários vulgarmente chamados paixões e da linguagem que os exprime" (Hobbes, 2009, p. 46).
Nesse sentido, as paixões não são simples reações diretas provocadas pela ação do movimento dos objetos externos, mas reações indiretas que resultam da adequação e ponderação de vários movimentos que antecedem a ação, aliados à experiência acumulada contida na imaginação. O homem e as paixões humanas que lhe correspondem não são apenas efeitos da ação direta de objetos externos. A experiência acumulada contida na imaginação também possui um papel importante no processo de formação das paixões (desejo, benevolência, cobiça, ambição, curiosidade, amor, ódio, alegria, tristeza, etc.), pois a imaginação é a origem interna dos movimentos voluntários chamados paixões.
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