As Zoonoses Emergentes
Por: Alexandre Rodrigues • 8/7/2019 • Trabalho acadêmico • 1.572 Palavras (7 Páginas) • 251 Visualizações
Zoonoses Emergentes
Aluna: Lorrayne Martins de Almeida
Dentro do universo das doenças infecciosas, no que se refere ao sistema saúde-doença é um complexo resultado de interações entre parâmetros relacionados aos agentes, hospedeiro e meio ambiente, sendo determinado fortemente por ações e atividades humanas. Logo, os aspectos comportamentais das doenças e o reflexo na saúde humana e animal deve ser compreendido como um resultado de relações de produção e sociais num determinado período e região.
A tecnologia e as mudanças na sociedade com grande influência humana sobre o ambiente tem elevado o surgimento de novas doenças e o ressurgimento daquelas já controladas. Doença emergente tem uma ampla definição, geralmente engloba um dos três momento conforme Brown (2004):
- Um agente conhecido infeccioso infecta diversas espécies que até um determinado momento não eram afetadas por ele;
- Agente já conhecido surge em nova área geográfica;
- Um agente não conhecido é constatado pela primeira vez num determinado local.
As zoonoses emergentes e ou reemergentes podem ser classificadas segundo algumas características como o reconhecimento ou desenvolvimento recente, prévia ocorrência com elevação no nível de incidência e prevalência, expansão pela doença em uma nova região geográfica, ou troca de hospedeiro e ou vetores (BENGIS et al., 2004). A seguir é apresentado algumas zoonoses emergentes.
SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA (SARS)
A SARS ou síndrome respiratória aguda foi a primeira zoonose infecto-contagiosa e mais grave a emergir no século XXI. Tal doença surgiu entre 2002 e 2003, no sudoeste da Ásia, sendo de evolução aguda, grave e eventualmente provocando uma síndrome do sistema respiratório onde surgiu seu nome (BEGINS et al., 2004; OMS, 2006). É provocada pelo coronavírus, transmissível por roedores e gatos domésticos. Em aves e suínos é responsável por gerar distúrbios respiratórios e entéricos, causando óbtio em jovens animais (SAIF, 2004).
Nos humanos os sintomas são febre, tosse seca, dor de cabeça, dores musculares e dificuldade para respirar, podendo ser fatal. Não há tratamentos apenas cuidados médicos e paliativos para os sintomas. No Brasil até 2007, apenas um caso da doença foi relatado. Seu diagnóstico é feito a partir de sorologia e PCR.
INFLUENZA AVIÁRIA
A influenza aviária ou gripe do frango é uma doença viral altamente contagiosa, todavia acomete diversas espécies de aves, provocada pelo vírus da influenza tipo A, divididos em 2 grupos segundo sua patogenicidade. Os vírus altamente patogênicos, se espalham rapidamente, causando a forma grave, com taxa de 100% de mortalidade dentro de 48 horas, já os de baixa patogenicidade não apresentam sintomas e não são detectáveis em várias espécies de aves (OIE, 2007).
A influenza tipo A é uma doença zoonóticas que possui glicoproteínas e seus genes podem sofrer mutação, ocasionado o aparecimento de uma nova forma de infecção respiratório, seja em humanos ou animais. As cepas que podem ser transmitidas das aves aos humanos são H5N1, H9N2 e H7N7 (VILLAMIL, 2005; BRETANO, 2006). As aves aquáticas silvestres são seus reservatórios naturais, e não apresentam sinais da doença como gansos, patos, marrecos. Aves domésticas como galinhas e pintos são portadores da doença também. Locais de grande aglomeração, comercialização e movimentação podem disseminar a doença (MACEDO, 2006).
A transmissão da doença se dá por via orofecal e o vírus se multiplica na mucosa intestinal. Em humanos a infecção dá por contato íntimo com aves em ambientes com baixa higiene. A transmissão humano a humano do H5N1 não é confirmado, mas há uma preocupação que esta cepa se adapte ao homem, por meio de mutações capazes de gerar pandemia. O vírus já foi observado em gatos, leopardos, tigres e no homem (PAVEZ e DÍAZ, 2005).
As aves migratórias são outra preocupação com a expansão da doença, sendo necessário um forte controle sobre estas aves. Trabalhadores que trabalham com aves devem ficar sob observação e encaminhados a médicos assim que os sintomas forem detectados (MACEDO,2006). Os sintomas começam dentro de 2 a 8 dias, semelhantes aos da gripe comum. Tosse, febre, dor de garganta, dores musculares, dor de cabeça e falta de ar podem ocorrer. Possui alta taxa de mortalidade humana, o diagnóstico é por testes laboratoriais e imagem. Não há tratamento eficaz, apenas antivirais para ajudar na recuperação do paciente.
HANTAVIROSE
As hantaviroses são provocas por um vírus da família Burnyviridae, com 26 sorotipos. Possui como reservatório e principal transmissor da doença para o homem, os roedores, onde o vírus estabelece uma infecção persistente e sem sintomas (WILLIAMS et al., 2002). Condições climáticas, mudanças de habitat e alimento são fatores que impactam na persistência do vírus e sua transmissão na população de roedores (ENRIA e LEVIS, 2004).
Os sorotipos são encontrados no Brasil, o Seoul transmitido pela ratazana; o araraquara transmitido pelo rato peludo com grande ocorrência no sudeste do país, o Juquitiba transmitido pelo rato de taquara (ENRIA e LEVIS,2004). Além dos sorotipos Castelo dos Sonhos, Anajatuba, Laguna Negra, Rio Mearim, Rio Mamoré e Jaborá.
O diagnóstico se dá com o ELISA IgM e IgG, a imunofluorescência indireta, neutralização, hemaglutinação passiva, western-blot, PCR e coloração imuno-histoquímica. Não há tratamento. Os sintomas mais frequentes são febre, calafrios e mialgia. São comuns também a cefaleia, náuseas, vômitos e dor abdominal. Diarreia, mal estar e tonturas são referidos por aproximadamente metade dos pacientes, com relatos também de artralgia, dor nas costas.
RAIVA
A raiva tem como característica uma meningoencefalite, por conta da infecção do sistema nervosocentral pelo lyssa vírus, da família Rhabidoviridae. É transmitido para o homem através do cão e felino por mordida, lambidas, mucosas; morcegos, dentre outros (SCHNEIDER et al., 2005). Campanhas de vacinação em canino e felinos tem reduzido a infecção pela doença no Brasil. É vírus mortal, os sintomas incluem febre, dor de cabeça, salivação excessiva, espasmos musculares, paralisia, alucinações, baba, convulsões, pupila dilatada, morte cerebral e confusão mental. Não há tratamento para a doença. A confirmação laboratorial da doença pode ser realizada pelo método de imunofluorescência direta, em impressão de córnea, raspado de mucosa lingual ou por biópsia de pele da região cervical.
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