Avaliação de Erosão Hídrica em Florestas de Eucaliptos
Por: gilsp02 • 22/11/2017 • Artigo • 5.689 Palavras (23 Páginas) • 266 Visualizações
erosão hídrica em floresta de eucalipto em Otacílio Costa, SC
RESUMO
A erosão hídrica é fator de degradação e redução da produtividade do solo, exigindo operações de manejo que minimizem as perdas de solo e água e maximizem a produtividade. O trabalho objetivou quantificar atributos químicos do solo e da água da enxurrada e as perdas por erosão hídrica durante o terceiro e o quarto ano de desenvolvimento do Eucalyptus benthamii. A área experimental possui declividade média de 0,16 m m-1 e altitude de 841 metros, sendo os tratamentos: preparo mecanizado a favor do declive (PMD); preparo mecanizado perpendicular ao declive (PMC) e preparo semi-mecanizado por coveamento individual (PSC). O delineamento foi em blocos ao acaso com três repetições. No PMD as perdas de água e solo são maiores do que no PMC e PSC. Os atributos químicos variam casual e independentemente do preparo do solo. O PSC é mais conservacionista de solo e água do que PMD e PMC.
Termos de indexação: Eucalyptus benthamii, preparo do solo, perdas de solo e água, perdas de nutrientes.
water erosion in eucalyptus forest in Costa Otacílio, SC
SUMMARY
Water erosion is a factor of degradation and reduced soil productivity, requiring management operations that minimize soil and water losses and maximize productivity. The study aimed to assess for soil and water runoff and losses by water erosion during the third and fourth year of development of Eucalyptus benthamii. The experimental area has an average slope of 0.16 m m-1 and altitude of 841 meters, with the treatments: Mechanical preparation for the slope (LDCs); Mechanical preparation perpendicular to the slope (PMC) and semi-mechanized preparation for individual coveamento (PSC). The design was a randomized block design with three replications. PMD in soil and water losses are higher than in PMC and PSC. Chemical characteristics vary casual and regardless of tillage. The PSC is more conservation of soil and water than PMD and PMC.
Index terms: Eucalyptus benthamii, soil till, soil and water loss, nutrients loss.
INTRODUÇÃO
A cobertura florestal modifica alguns processos do ciclo hidrológico, alterando o movimento da água em várias etapas. Uma das principais modificações é o recebimento da chuva pela copa das árvores. Parte da água é temporariamente retida por interceptação na massa vegetal e posteriormente é evaporada e o restante chega ao solo por gotejamento de copa e escoamento de tronco (ARCOVA et al., 2003).
A erosão do solo é influenciada por cinco fatores, clima, solo, topografia, cobertura e manejo do solo e práticas conservacionistas (WISCHMEIER & SMITH, 1978), ocorrendo em três fases distintas, a desagregação, o transporte e a deposição de partículas (ELLISON, 1947). A erosão hídrica pluvial é ocasionada pelo impacto das gotas de chuva (no caso de solo descoberto) e pelo escoamento superficial, podendo ser agravada pela ação antrópica (FOSTER, 1982).
Em áreas de floresta, a erosão hídrica em geral é baixa comparada a outros tipos de uso do solo, devido à eficaz cobertura do solo tanto pelas árvores quanto pela serrapilheira, constituindo o fator cobertura e manejo. Em floresta plantada, Martins et al. (2003) quantificaram perdas de solo anual de 0,68; 0,60; e 1,05 Mg ha-1 em Argissolo, Plintossolo Háplico e Argissolo Amarelo, respectivamente. Perdas anuais de 12,9 e 2,4 Mg ha-1 foram observadas por Wichert (2005), em subsolagem a favor do declive sem resíduos vegetais e em coveamento manual com resíduos, respectivamente, em um Argissolo Vermelho com cultivo de Eucalyptus. Portanto, as perdas de solo por erosão podem variar amplamente com o tipo de solo, com a espécie vegetal, com a cobertura por resíduos e com a forma de preparo do solo, bem como com as características da chuva.
As perdas de nutrientes e matéria orgânica pela erosão hídrica são causas de empobrecimento do solo e diminuição da produtividade, bem como do aumento nos custos de produção (SCHICK et al., 2000; PIMENTEL et al., 2005; BERTOL et al., 2007b). Por outro lado, o preparo do solo influencia o escoamento superficial e possibilita o transporte dos nutrientes, tanto adsorvidos às partículas como solúveis na água da enxurrada (RICHARDSON & KING, 1995). Em função dessas perdas, se faz necessário repor nutrientes por meio de adubações, especialmente o fósforo e o potássio que são importantes para o desenvolvimento vegetal.
O objetivo desse trabalho foi quantificar atributos químicos do solo e da água da enxurrada e as perdas de solo e água por erosão hídrica em função de métodos de plantio de Eucalyptus benthamii, durante o terceiro e quarto ano de desenvolvimento da cultura.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado na região do Planalto Serrano Catarinense, entre março de 2012 e fevereiro de 2014, em um Cambissolo Háplico Alítico (Embrapa, 2006). Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é Cfb e a precipitação pluviométrica anual é de 1.533 mm, considerada bem distribuída (Schick et al. 2014b). A declividade do terreno é 14,8% na média das parcelas. As coordenadas do local são W 50º05’14” e S 27º33’33” e a altitude 841 m. As principais características químicas e a textura do solo no local do experimento foram determinadas em amostras coletadas nas camadas 0-20 e 20-40 cm, tabela1.
Tabela 1 Características químicas e teores de argila (Ar), areia grossa (Ag), areia fina (Af) e silte (Si) do solo da áreaexperimental.
Table 1 Chemical characteristics and clay contents (Air), thick sand (Ag), fine sand (Af) and silt (Si) at the experimental site soil.
Camada do solo | Características químicas | Textura | ||||||||||
pH | P | K | MO | Al | Ca | Mg | Al+H | Ar | Ag | Af | Si | |
..mg dm-³.. | % | .....cmolc dm-³...... | ...........g kg-1........... | |||||||||
0-20 | 3,8 | 3,2 | 31 | 4,7 | 7,6 | 1,1 | 0,8 | 49,0 | 340 | 189 | 234 | 237 |
20-40 | 4,0 | 3,9 | 21,1 | 3,7 | 7,1 | 1,0 | 0,7 | 46,3 | 345 | 246 | 184 | 225 |
A área experimental, segundo Magro (2012), tinha dois cultivos comerciais de Pinus taeda entre os anos de 1962 e 2009. Em 2009 fez-se a colheita do segundo cultivo, mantendo-se parte dos restos de galhos e acículas no solo. Sobre essa condição, aplicou-se 1 t ha-1 de calcário dolomítico com o objetivo de aumentar os teores de cálcio e magnésio no solo, o qual foi incorporado com uma aração e duas gradagens e, em 2010, plantou-se o Eucalyptus benthamii para fins experimentais. O plantio foi realizado sobre três formas de preparo mínimo do solo, constituindo-se em tratamentos distribuídos em blocos ao acaso, cada um com três repetições totalizando nove parcelas, a seguir descritos: T1) preparo do solo com subsolagem paralela ao declive; os sulcos foram abertos com subsolador no sentido paralelo ao declive do terreno, distanciados 2,5 m um dos outros, totalizando cinco sulcos por parcela e as mudas foram distanciadas 2,5 m uma das outras, totalizando 45 plantas por parcela; T2) preparo do solo com subsolagem transversal ao declive; os sulcos foram abertos com subsolador no sentido transversal ao declive do terreno, distanciados 2,5 m um dos outros, totalizando nove sulcos por parcela e as mudas foram distanciadas 2,5 m uma das outras, totalizando 45 plantas por parcela; T3) preparo do solo por coveamento manual; as covas foram abertas a distância de 2,5 m x 2,5 m, totalizando 45 plantas por parcela.
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