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Buscando Um Lugar Ao Sol

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Por:   •  15/10/2013  •  958 Palavras (4 Páginas)  •  962 Visualizações

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3.6 – Ensinar exige saber escutar

Recentemente, em conversa com um grupo de amigos e amigas, uma delas, a professora Olgair Garcia,

me disse que, em sua experiência pedagógica de professora de crianças e de adolescentes mas também

de professora de professoras, vinha observando quão importante e necessário é saber escutar. Se, na

verdade, o sonho que nos anima é democrático e solidário, não é falando aos outros, de cima para baixo,

sobretudo, como se fôssemos os portadores da verdade a ser transmitida aos demais, que aprendemos a

escutar, mas é escutando que aprendemos a ferir com eles. Somente quem escuta paciente e criticamente

o outro, fala com ele. Mesmo que, em certas condições, precise de falar a ele. O que jamais faz quem

aprende a escutar para poder falar com é falar impositivamente. Até quando, necessariamente, fala contra

posições ou concepções do outro, fala com ele como sujeito da escuta de sua fala crítica e não como

objeto de seu discurso. O educador que escuta aprende a difícil lição de transformar o seu discurso, às

vezes necessário, ao aluno, em uma fala com ele.

Há um sinal dos tempos, entre outros, que me assusta: a insistência com que, em nome da democracia,

da liberdade e da eficácia, se vem asfixiando a própria liberdade e, por extensão, a criatividade e o gosto

da aventura do espírito. A liberdade de mover-nos, de arriscar-nos vem sendo submetida a uma certa

padronização de fórmulas, de maneiras de ser, em relação às quais somos avaliados. É claro que já não se

trata de asfixia truculentamente realizada pelo rei despótico sobre seus súditos, pelo senhor feudal sobre

seus vassalos, pelo colonizador sobre os colonizados, pelo dono da fábrica sobre seus operários, pelo

Estado autorit ário sobre os cidadãos, mas pelo poder invisível da domesticação alienante que alcança a

eficiência extraordinária no que venho chamando “burocratização da mente”. Um estado refinado de

estranheza, de "autodemissão” da mente, do corpo consciente, de conformismo do indivíduo, de

acomodação diante de situações consideradas fatalistamente como imutáveis. E a posição de quem encara

os fatos como algo consumado, como algo que se deu porque tinha que se dar da forma como se deu, é a

posição, por isso mesmo, de quem entende e vive a História como determinismo e não como

possibilidade. É a posição de quem se assume como fragilidade total diante do todo-poderosismo dos fatos

que não apenas se deram porque tinham que se dar mas que não podem ser “reorientados” ou alterados.

Não há, nesta maneira mecanicista de compreender a História, lugar para a decisão humana.* Na medida

mesma em que a desproblematização do tempo, de que resulta que o amanhã ora é a perpetuação do

hoje, ora é algo que será porque está dito que será, não há lugar para a escolha, mas para a acomodação

bem comportada ao que está aí ou ao que virá. Nada é possível de ser feito contra a globalização que,

realizada porque tinha de ser realizada, tem de continuar seu destino, porque assim está misteriosamente

escrito que deve ser. A globalização que reforça o mando das minorias poderosas e esmigalha e pulveriza

a presença impotente dos dependentes, fazendo-os ainda mais impotentes é destino dado. Em face dela

* Ver FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança. Rio de Janeiro, Paz e Terra.

não há outra saída senão que cada um baixe a cabeça docilmente e agradeça a Deus porque ainda está

vivo. Agradeça a Deus ou à própria globalização.

Sempre recusei os fatalismos. Prefiro a rebeldia que me confirma como gente e que jamais deixou de

provar que o ser humano é maior do que os mecanicismos que o minimizam.

A

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