Caso Quixadópolis
Artigos Científicos: Caso Quixadópolis. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: haydekoerich • 17/12/2014 • 4.341 Palavras (18 Páginas) • 962 Visualizações
Caso Quixadópolis
Em Quixadópolis, a temperatura é sempre muito alta durante o verão. O clima quente e úmido favorece a disseminação de mosquitos e a notificação de casos de dengue costuma aumentar. Durante as últimas décadas, com a urbanização intensa e rápida da região, aumentaram a movimentação de pessoas e a degradação ambiental. Aliados a isso, o clima tropical e o processo de ocupação desordenada tornaram a região propícia ao surgimento de outras doenças transmitidas por mosquitos.
Há três anos ocorreram dois casos autóctones de febre amarela. Desde então, a Coordenação de Epidemiologia do município mantém um sistema de vigilância de arboviroses. A maior preocupação é a possibilidade de urbanização da febre amarela. Todo caso suspeito deve ser notificado, imediatamente, por telefone, à Coordenação de Epidemiologia do Município e à Secretaria Estadual de Saúde. Cada notificação deve ser prontamente investigada. O laboratório do Hospital Regional, onde são feitos os exames sorológicos, é uma fonte de informação privilegiada do sistema.
A incidência de dengue é monitorada por meio de boletins de notificação recebidos semanalmente das unidades básicas de saúde e de hospitais do município; os boletins com os dados de uma semana são enviados na segunda-feira seguinte. Apenas uma pequena parcela dos casos notificados é confirmada laboratorialmente, a maioria permanece como “suspeito”. Até então, todos os casos sorotipados eram do tipo 1.
No boletim enviado à Coordenação de Epidemiologia do município pelo Hospital Regional na segunda-feira, 21 de fevereiro, constavam dois óbitos notificados como “suspeita de dengue hemorrágica”. Tratava-se de uma situação inusitada, pois não havia registro anterior da forma hemorrágica da doença. A confirmação do diagnóstico significava que, provavelmente, um novo sorotipo ou uma cepa mais virulenta do vírus fora introduzido na região. Se o diagnóstico fosse afastado, seria necessário considerar outras hipóteses, entre as quais hepatite infecciosa, febre amarela, malária e outras febres hemorrágicas transmitidas por mosquitos. O primeiro óbito ocorrera na quarta-feira da semana anterior (16/02) e o segundo na sexta-feira (18/02).
1ªQUESTÃO
O caso trata de uma comunidade atingida por uma epidemia de uma doença de alto risco de morte.
A. Indique três fatores locais que poderiam explicar o problema de surto ou de epidemia citado.
R: O clima tropical (quente e úmido), urbanização intensa e ocupação desordenada (degradação ambiental).
B. Em sua região, já ocorreram doenças que produziram surto ou epidemia? Cite exemplos.
R: Sim, já houveram surtos de H1N1, dengue, rotavírus.
O quadro clínico incluía dor de cabeça, náuseas, vômitos, dor abdominal, distúrbios visuais, dor ocular e agitação psicomotora. Um dos pacientes tinha hepatomegalia, o outro apresentou crise convulsiva e coma. Ambos os casos evoluíram rapidamente, o intervalo entre a internação e o óbito foi de dois e de três dias. Não havia informação sobre exame sorológico para dengue.
Na terça-feira, 22 de fevereiro, numa busca nos prontuários dos pacientes internados desde o início do mês, os epidemiologistas identificaram outros 25 casos semelhantes, dos quais nove haviam morrido, seis deles nos últimos três dias. O primeiro caso suspeito fora internado no dia 13; a partir de então ocorreram duas a três internações diárias; desde sábado, foram internadas doze pessoas com os sintomas semelhantes. Cinco dos 27 pacientes apresentaram convulsão e coma, cerca de um terço tinha hepatomegalia. Doze permaneciam internados, cinco em estado grave.
Sete das pessoas atingidas moravam em dois bairros pobres na sede do município. Duas residiam em um município vizinho, a oeste. A maioria (18 dos 27) era do distrito de Barreiras, distante pouco mais de vinte quilômetros da sede de Quixadópolis, também na direção oeste.
Todos os pacientes eram adultos, 19 tinham entre 20 e 45 anos, sete entre 45 e 65 e um era maior de 65 anos. Dezenove eram homens. Catorze eram operários de indústrias de Barreiras, cinco donas-de-casa, dois vendedores, quatro agricultores e dois aposentados. Dezoito eram etilistas crônicos, quatro negaram essa condição (não foi possível obter informação sobre os demais). Sete confirmaram que adoeceram de dengue havia menos de cinco anos.
Em Barreiras, está instalado um grande complexo industrial metalúrgico. O distrito concentra cerca de 35% da população do município. A maioria dos habitantes trabalha nas indústrias e mora em vilas operárias; 80% dos domicílios dispõem de água tratada e mais de 60% estão ligados à rede de esgoto. Um consórcio de empresas mantém, em convênio com a prefeitura e a Secretaria Estadual de Saúde, um centro de saúde e um pequeno hospital onde funciona um Centro de Toxicologia ligado ao Centro de Assistência Toxicológica da Universidade Federal.
Na manhã do dia seguinte, a investigação estendeu-se a Barreiras. No hospital do distrito foram descobertos outros 16 casos, atendidos desde o dia 15. Seis pacientes morreram, nove permaneciam internados, quatro em estado grave. As características clínicas e epidemiológicas eram semelhantes às dos casos atendidos no Hospital Regional: dor de cabeça, distúrbios digestivos e perturbações visuais, início súbito e evolução rápida, convulsão e coma nos casos mais graves. Letalidade elevada, maior prevalência entre adultos do sexo masculino e alta proporção de etilistas crônicos entre os atingidos.
A ocorrência, em dez dias, de 48 casos com 17 óbitos deixava evidente a situação de surto. No entanto, alguns dados não se ajustavam bem à hipótese inicial de dengue hemorrágica: o quadro clínico não era típico, todos os pacientes eram adultos, a maioria homens, a proporção dos que relatavam história de dengue era baixa, não havia nenhum outro sinal epidemiológico de intensificação da circulação do vírus nem de introdução de um novo sorotipo na região.
2ªQUESTÃO
A. Por que conhecer os “sinais e sintomas” das doenças e agravos à saúde é importante para salvar vidas, tanto para os profissionais da saúde quanto para o cidadão?
R: É através dos sinais e sintomas das doenças e agravos à saúde que se consegue, do ponto de vista epidemiológico,
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