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Cultura

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Por:   •  15/10/2013  •  6.787 Palavras (28 Páginas)  •  547 Visualizações

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Cultura e Sociedade

Introdução

Todos nós adquirimos nossas características humanas em um contexto sócio-cultural.

Essa condição básica da vida humana levou o filósofo espanhol Ortega e Gasset a dizer: “Eu sou eu e a minha circunstância”. Isso significa que

cada um de nós constrói sua identidade a partir do seu ambiente. “Quem sou eu?” é a pergunta que mais cedo ou mais tarde todos nós

fazemos. De maneira mais ou menos consciente nos interrogamos sobre nossa identidade pessoal e percebemos quanto os valores e os

comportamentos das pessoas que nos rodeiam e que conhecemos mais de perto influenciam nossas ações e idéias. Aprendemos muito do que

nos torna seres humanos em um ambiente cultural, aquele em que nascemos e nos desenvolvemos.

Poucas pessoas percebem como a vida, e mesmo a personalidade de cada um de nós, é influenciada pela sociedade da qual somos parte.

Nascer no Brasil e crescer como membro da sociedade brasileira constitui uma experiência de vida muito diferente da de crescer e ser educado

na França, no Japão ou na Índia, por exemplo. E isso tem conseqüências fundamentais e diversas para o resto de nossas vidas.

O estudo das sociedades humanas é importante não só para melhor conhecermos a nós mesmos mas, também, para melhor compreendermos

as pessoas que vivem em outros contextos sócio-culturais. Nunca como hoje, tantos aspectos da vida humana mudam tão rapidamente e para

tantas pessoas ao redor do planeta. E isso tem ocorrido em todas as áreas: nas artes, nas ciências, na religião, na moralidade, na educação, na

política, na família e na economia. Todas são afetadas. Nessas circunstâncias, não é surpresa que tenha aumentado de maneira significativa o

interesse pelo estudo das sociedades humanas, embora constituam um fenômeno dos mais complexos e as ciências sociais integrem um campo

de pesquisa jovem em que predomina o debate e a controvérsia.

A sociedade é uma forma de organização que se desenvolveu aos poucos, em correntes animais distintas e, em inúmeras vezes,

independentemente uma das outras. A forma societal é encontrada não apenas entre os humanos mas, também, entre muitas espécies de

mamíferos, pássaros, peixes e mesmo entre insetos, facilitando, através da adaptação, a sobrevivência e a multiplicação.

Estudos comparativos de sociedades animais desenvolvidos pela Biologia Evolutiva mostram que a individualidade tende a ser suprimida em

sociedades de insetos, por exemplo, em que os mecanismos genéticos são responsáveis por regular a vida social do grupo (pense nas

sociedades de abelhas e de formigas). O sociólogo Gerhard Lenski, em seu livro As Sociedades Humanas (em inglês, Human Societies)

desenvolve uma análise que muito nos ajuda a compreender a importância da dimensão cultural para a nossa vida individual e a sobrevivência

da espécie humana. Na perspectiva do processo de evolução das espécies animais, Lenski assinala que de forma contrastante com outras

espécies, “a individualidade é marcante nas sociedades dos mamíferos o que, por sua vez, significa que a unidade social, tão importante para a

sobrevivência das espécies, depende em grande parte de comportamentos a serem aprendidos”. Dessa forma, quanto mais a individualidade

ganha realce em uma espécie, maior é a importância dos processos de aprendizagem para a realização e desenvolvimento de cada membro

assim como da espécie como um todo. O fato de que todas as espécies de macacos e primatas vivem em grupos sociais sugeriu uma questão

aos pesquisadores da área: por que isso ocorre? Os estudos sobre comportamento de primatas permitiram concluir que a razão principal reside

no aumento de oportunidades de aprendizagem que a organização em sociedade oferece. Foi observado que “o grupo é o lugar de

conhecimento e experiência que ultrapassa em muito o do membro como indivíduo”. É no grupo que as experiências tornam-se mais vantajosas

e com benefício mútuo, recíproco. Entretanto, todos nós percebemos o quanto os humanos são diferentes na sua capacidade de aprendizagem.

Sobre isto Lenski escreveu: “se comparamos os humanos, do ponto de vista físico, com outros antropóides, as diferenças são menores do que

as que separam esses antropóides dos outros animais. Do ponto de vista comportamental, entretanto, ocorre o oposto. (...) O ser humano

ultrapassou um ponto crítico no processo de evolução com apenas pequena mudança genética, abrindo o caminho para um extraordinário

avanço comportamental. Esse curioso desenvolvimento está ligado à imensa capacidade para aprender que os humanos possuem. Isto tornou

possível um modo original e próprio de adaptação ao ambiente que os cientistas sociais chamam de cultural. Essa é uma característica crucial

da vida humana.”

O que é Cultura?

Uma pergunta retorna sempre e tem se mostrado de difícil resposta: o que constitui, então, a natureza humana? Gradualmente, observa Lenski,

começamos a perceber de forma um pouco mais clara isso que chamamos de “natureza humana”. Com as descobertas relativamente recentes

do DNA, RNA, do código genético e de todas as pesquisas biológicas atuais, é possível entender um pouco melhor o que influencia nossa

maneira de ser e de agir. Dessa forma,“muitos

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