Desenvolvimento de conteúdos
Seminário: Desenvolvimento de conteúdos. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: claudiacontiero • 30/3/2014 • Seminário • 1.507 Palavras (7 Páginas) • 334 Visualizações
Desenvolvimento do conteúdo
Até aqui foi ressaltado o conceito de cultura como algo que identifica um povo, como seus hábitos, costumes e saberes. Dessa perspectiva, podemos falar que independente de classes sociais e posições de poder, todos fazem parte de uma mesma totalidade. Entretanto, é necessário lembrar que a cultura está sujeita às disputas e conflitos que, dentro de uma sociedade leva diferentes grupos a ocuparem posições em uma hierarquia que os torna menos poderosos ou, na outra escala, com bastante poder.
Os poderes econômico e político têm um efeito direto sobre a cultura.
Ocorre que, em uma sociedade de classes, os recursos não são divididos de forma igualitária, ou seja, alguns grupos possuem mais riqueza e por isso têm acesso a mais informação, educação formal, aos bens culturais como um todo, da arte ao saber.
Por isso dizemos que saber é poder.
No processo histórico de formação da sociedade capitalista, o domínio dos saberes técnicos especializados foi importante para criar noções como progresso e desenvolvimento. A indústria, o comércio e a oferta de serviços se tornaram especialidades que dependem do domínio também da tecnologia. Os indivíduos mais qualificados conseguem ocupar posições mais privilegiadas economicamente.
A cultura se transformou em assunto de mercado, através de produtoras, empresas ou editoras que comercializam arte, diversão e saberes, e também em assunto institucional, como as escolas e órgãos públicos dedicados a ela.
Portanto, existe uma intensa movimentação de interesses na forma como a cultura “circula” em nossa sociedade. Alguns grupos pressionam o Estado para que os bens culturais, da diversão ao saber, sejam de acesso a uma maioria, e não uma minoria.
Assim, a erradicação do analfabetismo é muito importante para toda a sociedade, e interessa a todos. Chamamos a isso de “democratização da cultura”.
Quando um Estado coloca em prática uma política de democratização cultural, sua missão deve ser a de dar apoio às várias formas de manifestação cultural: a cultura erudita deve chegar ao público que não tem dinheiro para pagar por ela; a cultura popular deve ter incentivo para não depender apenas dos interesses empresariais que querem vender mais e acabam deixando de lado verdadeiros talentos; os meios de comunicação de massa devem diversificar sua programação, dando igual espaço a todas as manifestações culturais, de todas as classes sociais.
Toda essa relação de poder foi colocada até agora,dentro de uma única sociedade que possui a mesma influência cultural. E entre diferentes culturas, é possível afirmar que as relações de poder interferem?
Sim!
Da mesma forma como alguns grupos conseguem o domínio econômico dentro de uma sociedade, por isso têm acesso a uma parte “privilegiada” da cultura, entre diferentes sociedades essa mesma disputa ocorre.
Algumas nações mais poderosas economicamente no cenário mundial garantem mais acesso a educação, aos saberes de forma geral, e também à arte e diversão. Elas também influenciam mais as outras do que são por elas influenciadas.
Portanto podemos afirmar que há desigualdade cultural entre os povos atualmente.
A diversidade cultural é acompanhada de diferenças de poder.
Vamos ler um trecho do autor indicado na bibliografia para concluir esse módulo:
A cultura, como temos visto, é uma produção coletiva, mas nas sociedades de classe seu controle e benefícios não pertencem a todos. Isso se deve ao fato de que as relações entre os membros dessas sociedades são marcadas por desigualdades profundas, de tal modo que a apropriação dessa produção comum se faz em benefício dos interesses que dominam o processo social. E como conseqüência disso, a própria cultura acaba por apresentar poderosas marcas de desigualdade. O que nesse aspecto ocorre no interior das sociedades contemporâneas ocorre também na relação entre as sociedades. Há aí controle, apropriação, desigualdades no plano cultural.
É por isso que as lutas pela universalização dos benefícios da cultura são ao mesmo tempo lutas contra as relações de dominação entre as sociedades contemporâneas, e contra as desigualdades básicas das relações sociais no interior das sociedades. São lutas pela transformação da cultura. (SANTOS, José Luiz. O QUE É CULTURA, SP: Brasiliense. 2006: pgs. 84-86)
Como a cultura é dinâmica, está em constante mudança, temos que compreendê-la como um processo. Esse processo acompanha a história de uma nação, como também a história das relações entre as diferentes nações em cada época.
Os preconceitos culturais podem marcar uma sociedade que possui diferentes etnias e grupos com culturas muito próprias em seu interior, mas também pode marcar as relações entre povos que ocupam mais ou menos poder.
Para aprofundar um pouco mais esse assunto, abaixo está reproduzido um trecho da entrevista com o autor Leonardo Brant, na época do lançamento de seu livro “O Poder da Cultura”, pela Editora Peirópolis. O assunto do livro está bastante relacionado com a nossa discussão. Veja a seguir:
Como o livro aborda o poder da cultura?
O que eu tento apresentar no livro é que a idéia de cultura nasce a partir de relações de poder. Não existe cultura sem relação de poder. Eu faço uma análise da cultura a partir das dinâmicas socioculturais com esse filtro das relações de poder. É um livro sobre a função política da cultura.
A cultura seria um poder?
Na verdade, eu falo do poder de
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