Efeito Do Iodo-povidine Sobre Microorganismos De Biofilme Subgengival: Estudo Experimental In Vitro

O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de diversas concentrações

de iodo-povidine sobre amostras microbiológicas de biofilme

subgengival. Essas amostras foram coletadas de bolsa periodontal, colocadas

em meio de cultura líquido BHI pré-reduzido (Brain Heart Infusion)

e replicadas em placas de ágar-sangue contendo discos imersos em:

solução salina a 0,9%, digluconato de clorexidina a 0,12%, iodo-povidine

a 10% puro, iodo-povidine a 10% na proporção de 1:1, iodo-povidine a

10% na proporção de 1:3. A solução controle não apresentou efeito inibitório

no crescimento bacteriano. O grupo contendo clorexidina apresentou

o maior halo de inibição, evidenciando diferença estatística em

relação aos outros grupos (p<0,05). O grupo contendo iodo puro apresentou

um halo estatisticamente semelhante ao grupo iodo 1:1 (p>0,05).

Estes, porém, apresentaram diferença estatisticamente significante em

relação ao grupo iodo 1:3 (p<0,05), que tinha halo de inibição de apenas

3mm. O Iodo a 10% puro apresentou efeito inibitório in vitro sobre microrganismos

do bioflme subgengival de maneira semelhante ao iodo 1:1,

porém inferior ao digluconato de clorexidina a 0,12%

Introdução|

A periodontite crônica é uma doença multifatorial do

aparelho de sustentação dental deflagrada pelo biofilme

microbiano subgengival, composto por uma

variedade de microrganismos que colonizam e se proliferam

subgengivalmente em indivíduos suscetíveis.

A quantidade e, principalmente, a virulência dos microrganismos

e, em contrapartida, a resposta do hospedeiro,

são determinantes para o desencadeamento e

a progressão da destruição periodontal1

.

Estudos clínicos de longa duração mostraram a importância

da remoção do biofilme subgengival para o

tratamento bem-sucedido da periodontite em humanos.

O debridamento mecânico radicular converte a

microbiota patogênica em uma flora compatível com

a saúde periodontal. Apesar de remanescentes de placa

e cálculo poderem permanecer após raspagem e

alisamento radicular meticulosos, essas mudanças na

microbiota acarretam melhora em todos os parâmetros

clínicos da periodontite15.

Entre os agentes antissépticos, o digluconato de clorexidina

é o mais utilizado. Sua atuação supragengival

está bem documentada, contudo não obtém o mesmo

sucesso quando empregada subgengivalmente devido

à presença de proteínas séricas na bolsa que reduzem

o seu potencial antimicrobiano1,15.

O iodo-povidine é um agente antimicrobiano utilizado

na Odontologia para prevenção de bacteremias e

no tratamento da gengivite e periodontite13. O iodo

foi descoberto em 1811 por Bernard Courtois, entretanto

seu efeito bactericida foi descrito por Davaine

somente em 18802

. Iodo-povidine ou iodo-polivinilpirrolidine

(PVP-I) é um iodóforo, um composto formado

pelo iodo molecular (I2), que está intercalado

fisicamente na hélice da macromolécula de polivinilpirrolidine

(povidine) por meio de pontes de hidrogênio.

Em solução, o iodo “ligado” está em equilíbrio

com o iodo “livre” e é liberado do complexo PVP

quando o iodo “livre” é utilizado14.

Esse composto contém aproximadamente