Estudo De Dispersão De Machos Da Linhagem Transgênica OX513A De Aedes Aegypti
Pesquisas Acadêmicas: Estudo De Dispersão De Machos Da Linhagem Transgênica OX513A De Aedes Aegypti. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: eusoudanilo • 13/4/2014 • 8.731 Palavras (35 Páginas) • 705 Visualizações
1 INTRODUÇÃO
As primeiras espécies de mosquito somente foram identificadas por volta do século XVIII, quando aspectos gerais de seu ciclo biológico também foram então elucidados. Até as últimas décadas do século XIX acreditava-se que mosquitos provocavam apenas incomodo através de sua picada, porém foi durante este período que se descobriu que os agentes etiológicos da filariose bancroftiana (Wulchereria sp.) e da malária (Plasmodium) são transmitidos pelos mosquitos. Houve então a necessidade de se conhecer melhor esses organismos e suas espécies para obter um estudo mais detalhado de sua biologia e estudar sua sistemática(CONSOLI; LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 1998; FORATTINI 1996;). Posteriormente outros organismos classificados na mesma família (Culicidae) foram incriminados na participação da transmissão de vírus, principalmente vírus das famílias Flaviviridae e Togaviridae, onde entre essas famílias virais se destacam o vírus da febre amarela, dengue, chikungunya e algumas encefalites (St. Louis, Equina do Oeste e Leste, Japonesa e da Venezuela) (FIGUEIREDO, 2007). Desta forma a história natural dessas doenças recebeu uma atenção ainda maior, pois se conhecendo bem a biologia, descobrem-se pontos vulneráveis da transmissão sendo assim mais fácil combatê-las.
Em especial, o mosquito Aedes aegypti (Linnaeus) é designado o principal transmissor do vírus dengue em todo o mundo. Tanto a mortalidade quanto a morbidade dessa doença está em crescente aumento (GUBLER, 2004). Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2009) 2,5 bilhões de pessoas estão sob o risco de serem infectadas. A incidência de dengue aumentou 30 vezes nos últimos 50 anos e anualmente são estimados por volta de 50 a 100 mil casos. No âmbito nacional, a dengue é a principal enfermidade transmitida por vetores. Entre junho de 2010 e junho de 2011 mais de 1,4 milhões de casos foram notificados ao Ministério da Saúde com 999 óbitos pela forma mais grave da doença – febre hemorrágica por dengue (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). O quadro se agrava com a ausência de vacinas que sejam eficazes com os quatro sorotipos virais (DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4) e pela falta de medicação específica que combata o vírus, existindo apenas medicação para o tratamento paliativo dos sintomas. Em 30 de julho de 2010, após 20 anos, ocorreu a reintrodução do vírus DENV4 na cidade de Boa Vista (RR) através de um caso autóctone seguido de mais 11 casos. Isso implica que uma geração inteira de pessoas esteve fora do alcance deste sorotipo. Diante deste quadro, a preocupação com o controle da dengue passa a ter o mosquito como principal alvo(GUBLER, 2004; GUZMAN; ISTURIZ 2010; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010; WHO, 2009; 2010).
A espécie Ae. aegypti é originária da África subsahariana, onde se domesticou e se adaptou ao ambiente criado pelo homem, tornando-se uma espécie extremamente antropofílica e também de hábito antropofágico, de forma geral é uma espécie sinantrópica de fácil adaptabilidade (FORATTINI, 2002).Foi por conta dessa adaptação e também pelo fato dos seus ovos entrarem no estado de quiescência que esta espécie teve a possibilidade de se propagar por toda faixa tropical e subtropical ao redor do mundo (TEIXEIRA, 1999). Essa distribuição se deve principalmente ao período das grandes navegações com o tráfego de escravos do continente africano para outras regiões do mundo, principalmente para o Brasil, acredita-se que nesse período, os ovos desse mosquito eram trazidos e deixados nas áreas portuárias onde lá encontraram as condições mínimas necessárias para se desenvolver. Assim também ocorreu com o vírus, que foi transportado em seus hospedeiros (vertebrados e invertebrados) infectados (BRYANT et al., 2007; TOMA et al., 2011). No Brasil há relatos desde 1846 de uma doença que se assemelharia com dengue, porém foi somente em 1981 que foi realizado o primeiro isolamento do vírus no estado de Roraima (região norte do país) pelo Instituto Adolfo Lutz (DE FIGUEIREDO et al., 2010).
Uma das primeiras tentativas de controle do vetor teve como foco o controle da febre amarela, através da parceria com a fundação Rockfeller e o Departamento Nacional de Saúde Pública onde foram iniciadas atividades de controle vetorial com uso de inseticidas e em 1947 a Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO) juntamente com a Organização Mundial de Saúde (WHO) formam um novo grupo para combate do vetor e formam a coordenação do Programa de Erradicação do Aedes aegypti no hemisfério oeste. Foi através dessas ações públicas que no final da década de 1950 o mosquito Ae. aegypti foi considerado erradicado do território nacional. Porém durante a década de 1970 houve a reintrodução da espécie na pela região costeira do nordeste do país. E desde então o número de municípios que passaram a reportar a presença do vetor e da doença está aumentando (FUNASA, 2001; BRAGA; VALLE, 2007).
Conhecer o ciclo de vida do mosquito (figura 01) pode auxiliar no combate á doença, por exemplo, somente as fêmeas realizam repasto sanguíneo e durante o mesmo é que elas transmitem o vírus e machos não se alimentam de sangue. A alimentação sanguínea é necessária para o término do desenvolvimento dos ovos. Durante a realização do repasto sanguíneo em um hospedeiro já infectado as fêmeas se infectam com o vírus estando aptas a transmitirem o vírus para o próximo hospedeiro entre 07 e 14 dias (SALAZAR et al., 2007; TRAVANTY et al., 2004). De forma geral, o ciclo de vida passa por quatro estágios, ovo, larva, pupa e adulto. Os ovos que podem ficar em estado de quiescência e permanecerem viáveis no ambiente, esperando condições ideais para desenvolvimento por até um ano. Com o aumento da umidade, da disponibilidade de água nos criadouros e de alimento (condições favoráveis) as larvas eclodem e passam por quatro estádios (L1-L4) que tem duração de aproximadamente oito dias no total. Passada estafase as larvas passam para o novo estágio, transformando-se em pupas. E é nessa fase que ocorre a reorganização de todo material para a formação do adulto, esta fase assim como as demais é dependente da temperatura que tem duração de dois dias (quando em temperatura igual a 27 °C), embora a pupa não se alimente, ela possui foto-sensibilidade e consegue se locomover na coluna d’água. Com o desenvolvimento do imago no interior da pupa ocorre então a emergência do adulto. E nas primeiras horas após a emergência ocorre o enrijecimento doexoesqueleto do inseto. Após a emergência do macho adulto,nas primeiras 24hsocorre a torção da genitália para a garantia de sucesso de cópula, esse período também é necessário para produção em quantidade suficiente de esperma para iniciar as cópulas, portanto o macho estará maduro
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