IMPACTOS AMBIENTAIS DIRETOS CONSTATADOS NA OPERAÇÃO DE USINAS EÓLICAS
Por: rodrigo80net • 13/4/2016 • Artigo • 5.490 Palavras (22 Páginas) • 407 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS DA TERRA
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISE AMBIENTAL
RODRIGO NOETZOLD
IMPACTOS AMBIENTAIS DIRETOS CONSTATADOS NA OPERAÇÃO DE USINAS EÓLICAS
Artigo apresentado ao Curso de Especialização em Análise Ambiental do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná como requisito parcial para a obtenção do título de especialista.
Orientadora: Professora, M.Sc. Sandra Mara Pereira Queiroz.
CURITIBA
2013
Rodrigo Noetzold[1]
Orientadora: Sandra Mara Pereira Queiroz[2]
RESUMO
Este artigo apresenta um panorama da energia eólica no Brasil e no mundo, mostrando sua importância e expansão ocorrida nos últimos anos, assim como suas vantagens e desvantagens sobre as demais fontes energéticas. Descreve-se os impactos ambientais decorrentes da operação destas usinas e como estes impactos podem ser mitigados, ou até mesmo neutralizados, através da realização de um planejamento adequado. Os impactos descritos são: perturbação sonora, alteração da paisagem e interferências sobre a fauna.
Palavra-chave: Impacto Ambiental, Usina Eólica, Energia Eólica.
ABSTRACT
The following article presents a perspective of wind energy in Brazil and in the world, showing its value and expansion in the last few years, as well as its vantages and disadvantages over other types of energy sources. The environmental impact derived from the operation of these plants and how these impacts may be mitigated, or even neutralized, through the realizing of a suitable planning, are going to be described. The impacts described are: noise disturbance, landscape changes and interference over the wildlife.
Keywords: Environmental Impact, Wind Farm, Wind Energy.
- INTRODUÇÃO
A energia, nas suas mais diversas formas, é indispensável à sobrevivência da espécie humana e, mais do que sobreviver, o homem procurou sempre evoluir, descobrindo fontes e formas alternativas de adaptação ao ambiente em que vive, atendendo as suas necessidades. Dessa forma, a exaustão, escassez ou inconveniência de um dado recurso tende a ser compensada pelo surgimento de outros. Em termos de suprimento energético, a eletricidade passou a ser recurso indispensável e estratégico para o desenvolvimento socioeconômico de uma nação (ANEEL, 2008).
O grande desafio está em satisfazer a crescente demanda de energia elétrica no mundo, sem agredir o meio ambiente. A solução encontrada está no uso de fontes de energia alternativas, originada para diminuir os impactos ambientais negativos. Dentre elas, destaca-se a energia eólica, que além de atender aos requisitos anteriores, é considerada uma fonte energética renovável e inesgotável (ZAMPERIN, 2011).
A energia eólica é utilizada há milhares de anos para finalidades diversas, como o bombeamento de água, moagem de grãos e outras aplicações que envolvem energia mecânica. Para a geração de eletricidade, as primeiras tentativas surgiram no final do século XIX, mas somente um século depois, com a crise internacional do petróleo (década de 1970), e posteriormente com o aumento da discussão a respeito do aquecimento global, é que houve interesse e investimentos suficientes para viabilizar o desenvolvimento e aplicação de equipamentos em escala comercial (GWEC, 2013; DUTRA, 2004).
Desde a década de 80, quando as primeiras turbinas eólicas comerciais foram desenvolvidas, observa-se que esta tecnologia sofreu grandes mudanças e aperfeiçoamentos quanto a sua eficiência e design. Atualmente o modelo de turbina mais usado no mundo é o de eixo horizontal com três pás, que tem seu funcionamento baseado no princípio da aerodinâmica das turbinas de avião (GWEC, 2013; DUTRA, 2004).
A energia eólica é gerada por meio de aerogeradores, nas quais a força do vento é captada por hélices ligadas a uma turbina que aciona um gerador elétrico. A quantidade de energia produzida está diretamente relacionada à densidade do ar, à área coberta pela rotação das pás (hélices) e à velocidade do vento (ANEEL, 2008).
Segundo ANEEL (2008), assim como ocorre com outras fontes, como a hidráulica, a obtenção da energia eólica também pressupõe a existência de condições naturais específicas e favoráveis. A avaliação destas condições – ou do potencial eólico de determinada região – requer trabalhos sistemáticos de coleta e análise de dados sobre a velocidade e o regime dos ventos.
Não existem estudos precisos a este respeito, mas estimativas apontam que o potencial eólico bruto no planeta seja da ordem de 500 mil TWh (terawatts-hora) por ano, embora, por restrições socioambientais, apenas 10% sejam tecnicamente aproveitáveis. Ainda assim, 50 mil TWh por ano correspondem a mais de 250% da produção mundial total de energia elétrica em 2007, que foi de 18,9 mil TWh (ANEEL, 2008).
O Brasil é favorecido em termos de ventos, que se caracterizam por uma presença duas vezes superior à média mundial e pela volatilidade de 5% (oscilação da velocidade), o que dá maior previsibilidade ao volume a ser produzido. Além deste fato, como a velocidade costuma ser maior em períodos de estiagem, é possível operar as usinas eólicas em sistema complementar com as usinas hidrelétricas, de forma a poupar a água dos reservatórios em períodos de poucas chuvas. Sua operação permitiria, portanto, a “estocagem” da energia elétrica. Estimativas constantes do Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, apontam para um potencial de geração de energia eólica de 143 GW no Brasil (AMARANTE et al., 2001). Esse volume é superior à potência instalada total no País, de 105 GW em novembro de 2008 (ANEEL, 2008).
As regiões com maior potencial são o nordeste, principalmente no litoral (75 GW); sudeste, particularmente no Vale do Jequitinhonha (29,7 GW); e sul (22,8 GW) (ANEEL, 2008). Na FIGURA 1 pode se observar um exemplo de usina eólica.
[pic 1]
FIGURA 1 – USINA EÓLICA DE PALMAS/PR.
FONTE: COPEL, 2007.
A primeira turbina de energia eólica do Brasil foi instalada em Fernando de Noronha em 1992, possuía gerador com potência de 75 kW, rotor de 17 metros de diâmetro e torre de 23 metros de altura (ANEEL, 2008).
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