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OBESIDADE INFANTIL

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Por:   •  25/9/2014  •  6.990 Palavras (28 Páginas)  •  597 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

A obesidade infantil tornou-se um problema de saúde pública e preocupa cada vez mais os órgãos responsáveis pela saúde devido ao crescimento rápido de sua prevalência em muitos países. Pesquisas recentes mostram que existem 30% de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade no Brasil, e esses números continuam aumentando. Sabe-se que a gênese da obesidade é influenciada por vários fatores (genéticos, fisiológicos, metabólicos), mas existe uma grande relação entre obesidade e fatores ambientais. Apenas o consumo de alimentos com alto valor energético, ricos em lipídios e carboidratos simples, provavelmente não é suficiente para explicar o crescente aumento das taxas de sobrepeso e obesidade no mundo. A redução da prática de exercício entre as crianças parece ter papel fundamental no processo de ganho de peso. Atualmente os aparelhos eletrônicos (televisão, computador e videogame) fazem parte da rotina das crianças, fator que leva a concepções erradas sobre uma alimentação adequada, já que a maioria dos comerciais de televisão mostra alimentos extremamente calóricos e com pouco valor nutritivo. Além disso, levam a diminuição da atividade física e consequentemente aumentam as chances da criança tornar-se obesa. Embora as doenças associadas à obesidade ocorram mais frequentemente em adultos, já é possível observar as consequências dessa patologia na infância, como hiperlipidemia, intolerância á glicose, hipertensão arterial, apneia do sono, complicações ortopédicas entre outras.

O presente estudo teve como objetivo verificar a influência dos fatores ambientais na obesidade infantil, além de verificar a prevalência de obesidade em crianças de escola pública e privada, o perfil demográfico e socioeconômico da família dos escolares, o tempo gasto pelos escolares com aparelhos eletrônicos e a prática de atividade física em escolares com sobrepeso e obesidade. Visando, a partir destes dados, a criação de ações educativas integradas envolvendo principalmente as famílias para prevenir o surgimento desta patologia e reduzir a incidência de suas complicações na vida adulta.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O crescimento da obesidade tornou-se um problema de saúde pública alarmante, não só em adultos, mas também em crianças. Estudos recentes apontam uma previsão de 90% de indivíduos com excesso de peso na população americana em 2035, caso não haja intervenção, e na população infantil os números aumentam cada vez mais (FISBERG, 2005). Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostraram que no ano 2000, 155 milhões de crianças apresentavam excesso de peso, sendo 30 a 45 milhões de obesas em todo o mundo (LUCAS, 2005). A obesidade infantil já é um grave problema de saúde pública também nos países em desenvolvimento. No Brasil, entre 1975 e 1997, verificou-se uma tendência de aumento na prevalência de sobrepeso em crianças e adolescentes com idades de 6 a 18 anos de 4,1% para 13,9% (GUIMARÃES et al., 2006). Em algumas cidades brasileiras o sobrepeso e a obesidade já atingem 30% ou mais de crianças e adolescentes, e a Pesquisa Nacional de Avaliação de Nutrição e Saúde (NHANES) mais recente documentou uma prevalência de sobrepeso em 11% das crianças de 6 a 11 anos. (OLIVEIRA; FISBERG, 2003; NHANES, 1999 apud LUCAS, 2005). Para a definição de obesidade e sobrepeso em crianças e adolescentes, alguns autores afirmam que ainda não existem consensos na literatura, por isso a escolha do método deve ser muito bem avaliada (MELLO; LUFT; MEYER, 2004; COSTA; CINTRA; FISBERG, 2006). As medidas antropométricas são opções de fácil realização, não invasivas, rápidas e baratas (SILVA et al., 2003; SILVA; BALABAN; MOTTA, 2005). Os métodos mais comumente utilizados para definir sobrepeso e obesidade em crianças levam em consideração o IMC e a idade, pois o IMC muda ao longo da infância, e são marcados em percentuais, nos gráficos de crescimento (ROBERT, 2003; LUCAS, 2005). A OMS recomenda classificar sobrepeso e obesidade como IMC igual ou superior aos percentis 85 e 95 para a idade e sexo, respectivamente (WHO, 1995 apud OLIVEIRA et al., 2003). A idade escolar (7 a 10 anos) precede o estirão pubertário, por esse motivo é possível que ocorra nesta fase o fenômeno chamado rebote de adiposidade, onde as crianças apresentam maior velocidade de ganho de peso como forma de guardar energia para o período de intenso crescimento que está por vir. Sendo assim, se o pré-púbere apresentar sobrepeso deve-se investigar se há fatores de risco para obesidade (hábitos alimentares, pais obesos, sedentarismo, fatores emocionais) ou se apenas se trata de um fenômeno biológico (VITOLO, 2003).

Há alguns anos atrás, a gênese da obesidade era conhecida basicamente pelos fatores genéticos, fisiológicos e metabólicos, no entanto, o número crescente de obesos está tornando o fator ambiental um importante desencadeador dessa condição, principalmente entre crianças (OLIVEIRA; FISBERG, 2003; MELLO; LUFT; MEYER, 2004; FLORES; CARRIÓN; BARQUERA, 2005).

Fatores de risco para o desenvolvimento da obesidade infantil, um dos fatores de risco mais importantes para a criança tornar-se obesa ou com sobrepeso é a presença de obesidade nos pais, e a chance dela se tornar obesa na vida adulta é de 80% quando pai e mãe são obesos, 50% quando apenas um deles é obeso e 9% quando os pais não apresentam obesidade (VIUNISKI, 1999; VITOLO, 2003; FISBERG, 2005). Estudos apontam maior relação entre IMC da mãe e obesidade nos filhos, quanto mais alto for o IMC materno maior será a chance de a criança apresentar excesso de peso. Isto se deve tanto a fatores genéticos como ambientais (FLORES; CARRIÓN; BARQUERA, 2005; GUIMARÃES et al., 2006). A obesidade infantil tem maior prevalência em população residente na área urbana, que estuda em escola privada e cujas mães possuem alto grau de escolaridade. O fator socioeconômico também apresenta influência sobre o excesso de peso, pois as crianças com maior poder aquisitivo têm acesso mais fácil aos alimentos ricos em gorduras e açúcares simples, fast-foods e também aos avanços tecnológicos (KAIN; VIO; ALBALA, 2003; SILVA et al., 2003; OLIVEIRA; FISBERG, 2003; MELLO; LUFT; MEYER, 2004; FLORES; CARRIÓN; BARQUERA, 2005; SILVA; BALABAN; MOTTA, 2005; FISBERG, 2005; COSTA; CINTRA; FISBERG, 2006; GUIMARÃES et al., 2006). Outro fator de risco observado é o número de irmãos, pois as brincadeiras e atividades físicas são mais frequentes em famílias com maior número de crianças (GUIMARÃES et al., 2006). A população infantil com excesso de peso ou obesidade não é responsável pelo estilo de vida adotado pela sua família, depende do ambiente em que

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