Obra Do Destino

Finalmente, aquele momento havia chegado.

Ele olhava ansiosamente para o projeto de homem a sua frente. Suas roupas esfarrapadas, seu corpo sujo e seus cabelos desgrenhados pareciam a personificação do abandono, mas o que mais satisfazia o observador era sua pose. De joelhos. Cabeça baixa. A própria imagem da submissão.

O sequestrador tinha sua oportunidade agora. Finalmente, havia chegado a hora do acerto de contas.

Ele mirou a arma no coração do inimigo. Seu dedo prostrou-se contra o gatilho. A única coisa que o separava de seu objetivo era puxá-lo.

Então, por que ele não conseguia fazê-lo? Sua mente questionou.

Seu coração bateu rápido no peito, respondendo a pergunta muda. Ele não seria capaz de fazer aquilo. Não depois dos últimos meses. Não depois de tudo que descobriu.

Sua vingança não era mais fonte de satisfação. Era fonte de dor.

Mas, ainda assim, sua mente discordava, em batalha com seu coração. Ele precisava fazer aquilo.

Ele fechou os olhos. Era hora da decisão. Tinha tudo o que sempre quis nas mãos, no entanto, por mais irônico que parecesse, era o que o mais atormentava no momento. Preferia nunca ter conseguido aquela oportunidade, pois assim não estaria naquele dilema terrível.

Mente ou coração?

A vítima então ergueu os olhos, no mesmo momento em que ele abria os próprios, decidido. Olhos verdes chocaram-se com olhos castanhos. O assassino perdeu o ar. Não seria capaz de fazer aquilo. Não olhando aqueles olhos.

Os olhos de sua amada.