Os Alimentos Transgênicos: Problema ou Solução

ALIMENTOS TRANSGÊNICOS – Problema ou Solução?

Transgênicos ou Organismos Geneticamente Modificados são seres vivos criados em laboratório com uma técnica que permite “cortar e colar” genes de um organismo para outro. Pode-se fazer um animal contendo um gene de planta ou um gene da espécie humana, uma planta contendo genes de bactérias ou de animais, por exemplo.  Os objetivos ao se criar um organismo transgênico são variados. Ao mudar o DNA de um organismo inserindo um novo gene, pode-se obter uma planta mais resistente a agrotóxicos e a pragas, pode-se obter um animal que desenvolva mais músculos e produza mais leite, ou até animais e bactérias que produzam em grande quantidade proteínas que ajudam a combater doenças humanas.

        Uma das principais aplicações dos transgênicos é na produção agrícola de alimentos. No Brasil, 90% da soja e 85% do milho produzido são transgênicos. Sendo que toda soja e todo milho transgênico produzido aqui, vem das sementes vendidas por apenas uma empresa, a multinacional Monsanto. Nestes grãos são inseridos o gene de uma bactéria que produz uma proteína que torna tanto o milho como a soja resistentes a um agrotóxico* aplicado nas plantações. Dessa forma, o agrotóxico aplicado mata todas as ervas daninhas, as chamadas pragas, que atrapalham a produção do milho e da soja, mas não elimina estas duas plantas, pois elas apresentam uma resistência ao agrotóxico.

OS TRANSGÊNICOS FAZEM MAL A SAÚDE OU AO AMBIENTE?

        Existem pesquisas com ratos mostrando que uma alimentação a base de transgênicos não causa nenhum dano a saúde, entretanto a maior parte destas pesquisas são financiadas com dinheiro das próprias empresas que vendem as plantas transgênicas. O que faz com que se desconfie de manipulação dos resultados obtidos nestas pesquisas.

Entretanto, os problemas à saúde podem não ser diretamente causados pela ingestão de alimentos transgênicos, mas sim devido à alta quantidade de agrotóxico que contamina estes alimentos nas plantações. Como assim? [pic 1]

Antes dos transgênicos, o produtor agrícola deveria tomar cuidado ao aplicar o agrotóxico em sua plantação, pois poderia danificar sua própria lavoura e perder alimentos que seriam vendidos. Com os grãos resistentes ao agrotóxico o produtor pode espalhá-lo à vontade por toda sua plantação, e isso traz uma série de problemas.  [pic 2]

O uso excessivo de agrotóxicos associado aos cultivos de transgênicos, contamina os solos, o que contribui para dificultar o crescimento de outras plantas nativas, próximas as plantações.  O agrotóxico pode escoar do solo até os reservatórios de água subterrânea e até os rios, intoxicando os peixes (que depois podemos comer), destruindo a flora aquática e contaminando as águas, que ao final chegam até a torneira de nossas casas.

Além disto, os próprios grãos e alimentos transgênicos, que aqui no Brasil, até agora são a soja, o milho e a canola (e em 2016, o feijão também), apresentam uma grande quantidade de contaminação por agrotóxico. Ao ingerirmos estes alimentos, ingerimos também os venenos usados durante seu cultivo. A ingestão de agrotóxicos durante longo tempo pode causar diversas doenças, dentre elas envenenamento estomacal, lesões no rins, cânceres, convulsões e até problemas no sistema nervoso.

A CONTAMINAÇÃO DE PLANTAÇÕES ORGÂNICAS

Outra questão, é que ao cultivar plantações com transgênicos, um agricultor pode contaminar as lavouras de agricultores vizinhos. Como assim contaminar?

Milho, soja, feijão e arroz, são polinizados pelo vento. É comum o vento carregar por longas distâncias o pólen destas plantas, e desta maneira, ele pode levá-lo até plantações orgânicas* vizinhas. De modo que o pólen da planta transgênica pode fecundar a planta orgânica, o que irá gerar na lavoura orgânica novas sementes que podem ser transgênicas. [pic 3]

Estas sementes serão a próxima geração que irá crescer na lavoura do agricultor que planta orgânicos, só que muitas delas serão transgênicas, sem o agricultor saber. Dessa forma ele pode estar vendendo transgênicos como se fossem alimentos orgânicos, e nós podemos comprar transgênicos achando que estamos comprando alimentos orgânicos. Além disto, uma vez que ocorre esta contaminação ela facilmente se alastra por toda a plantação, quando o agricultor descobrir grande parte de sua lavoura pode ser de transgênicos, e esta dificilmente é revertida novamente para uma lavoura orgânica. Deste modo, a plantação de transgênicos contribuindo para violar o direito dos agricultores que buscam a prática orgânica, de saber o que estão consumindo e produzindo. [pic 4]

OS TRANSGÊNICOS E A FOME MUNDIAL

As empresas e alguns cientistas argumentam que os transgênicos são bons para a população mundial, pois aumentam a produtividade das plantações. Nessa lógica, em uma mesma área de plantação conseguiria se obter mais alimentos se eles forem transgênicos do que se forem alimentos convencionais (não-transgênicos). Por isso, os transgênicos foram difundidos em vários países com a promessa de ajudar a acabar com o problema da fome.

Existem dois argumentos contrários a esta promessa dos transgênicos. Primeiro que é muito difícil que apenas a colocar um gene novo na planta a torne mais produtiva. Ao longo dos anos, o aumento de produtividade de uma plantação é conseguido quando se aumenta a qualidade do solo e a biodiversidade do local.